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UFMA promove acolhimento aos estudantes cotistas
A partir das trajetórias de pessoas que fazem parte da comunidade acadêmica e que têm relação direta com políticas de ações afirmativas, os estudantes que ingressaram na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) pelo sistema de cotas puderam conhecer um pouco mais da Universidade e suas possibilidades na tarde dessa quinta-feira, 24, em um evento promovido pela Diretoria de Diversidade, Inclusão e Ações Afirmativas.
“Essa é uma primeira iniciativa que nós estamos fazendo aqui junto à Diretoria de Diversidade e Ação Afirmativa para reunir os alunos que entraram pelas políticas de cotas na nossa Universidade. Nunca tínhamos feito um momento de diálogo para acolher e apresentar as nossas ações que estão sendo aí previstas, sobretudo para a permanência dos alunos cotistas dentro da Universidade e também compartilhar o interesse da Universidade, sobretudo da diretoria e da gestão superior, de fazer a partir de agora um acompanhamento desses alunos cotistas, tanto os que entraram pelas cotas pretos e pardos, indígenas, quilombolas”, afirmou Acildo Leite, diretor de Diversidade e Ação Afirmativa.
Segundo o diretor, o momento inaugura uma nova etapa: de estar presente na entrada dos alunos, mas também criar toda uma ação e estratégia de acompanhar a trajetória desses discentes dentro da Universidade até a conclusão da graduação.
Para a caloura do curso de Serviço Social, Ana Beatriz Pereira Dias, o evento possibilitou conhecer um pouco mais da Universidade. “Eu achei bem interessante a questão da diversidade, que apresenta novas oportunidades para as pessoas como a gente”, pontuou a discente.
Também do curso de Serviço Social, Francisco de Assis destacou o acolhimento nesse primeiro momento. “A forma de vocês acolherem, a forma de abordar até o tratamento é diferente. É totalmente diferente. E isso é bom porque são muitas pessoas que podem também mostrar isso para o povo lá fora, que é o que a gente busca: se qualificar para pôr em prática”, enfatizou o estudante.
Trajetórias e pesquisas
Durante o evento, foram apresentadas experiências marcantes de professores e egressos que construíram suas trajetórias acadêmicas a partir das ações afirmativas. Um dos destaques foi o professor Carlos Benedito, professor Titular do Departamento de Sociologia, fundador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da universidade e uma referência para o Movimento Negro do Maranhão, que compartilhou sua vivência como docente negro e sua atuação pioneira na defesa das políticas de inclusão, enfatizando o compromisso com a democratização do ensino e o fortalecimento da presença negra no espaço acadêmico.
“Quando a gente propõe um programa de ação afirmativa para estudantes cotistas de acesso à UFMA, por meio das cotas raciais, é uma forma de a gente despertar, especialmente numa juventude negra, o pensamento de que a universidade é também um direito ao qual eles têm acesso, eles podem ter acesso. Porque a universidade brasileira, de uma forma geral, ela foi criada para as elites, para a formação das elites, a população preta, pobres, população das periferias, não vê, pelo menos não viu, vamos dizer, até o início deste século XXI, a universidade como um horizonte também a ser alcançado”, pontuou Carlos.
Carlão, como é conhecido no meio acadêmico, destacou a importância dos alunos terem contato de experiências positivas: “A nossa fala, especialmente, particularmente a minha fala, é falar um pouco da minha trajetória para que sirva de estímulo a essa juventude no sentido de ter referência de positividade para que eles possam se seguir, se orgulhar também de ter intelectuais negros produzindo conhecimento no espaço acadêmico”.
Fundado em 1985, o NEAB da UFMA é o terceiro núcleo de estudos afro-brasileiros criado no Brasil, com um papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas sobre temas ligados à história e à cultura da população negra. O núcleo é um centro de excelência reconhecido nacionalmente, com atuação destacada em estudos sobre quilombolas, juventude periférica, religiões de matriz africana, e outras dimensões da presença negra na construção do Brasil — com especial atenção à realidade maranhense.
Outro momento importante do encontro será a apresentação dos diversos núcleos e grupos de estudos da universidade. Os convidados representam coletivos dedicados às ações afirmativas, à temática indígena e à população LGBT dentro do ambiente acadêmico.
A Acolhida dos alunos cotistas representou um espaço de diálogo e integração com o objetivo aproximar os estudantes cotistas desses núcleos, fortalecendo a rede de apoio institucional. A iniciativa reforça o compromisso da UFMA com a diversidade, a inclusão e o sucesso de todos os seus estudantes.
Por: Ingrid Trindade
Fotos: Ingrid Trindade
Divulgação: Paulo Miranda
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