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Profª Draª Flávia do Amaral assume cadeira na Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil

publicado: 27/07/2023 09h07, última modificação: 27/07/2023 09h28
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No dia 07 de julho de 2023, o Instituto Butantan, em São Paulo, foi palco de um evento especial para a comunidade científica farmacêutica do Brasil. A Profª Dra. Flavia do Amaral, docente da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), tomou posse na Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil (ACFB).

Nessa entrevista exclusiva, a Profª Flavia Maria compartilha seus sentimentos em relação a essa honraria, sua trajetória profissional e acadêmica, áreas de pesquisa em que se dedica, e sua visão sobre o papel da academia no desenvolvimento da ciência farmacêutica no país.

  1. Como a senhora se sente ao receber essa indicação e ser reconhecida pela sua contribuição na área farmacêutica?

A vida me conduziu a muitas perguntas, as quais me fizeram agir, debater, questionar e procurar a melhor maneira de caminhar em busca de respostas; com o compromisso de encontrar respostas que justificassem tais questionamentos com alicerces firmes. E o único caminho para tal alcance é o conhecimento, é fazer ciência. Fazer ciência não para ter o rótulo de cientista, mas para que o conhecimento contribua efetivamente para um mundo melhor, com justiça social e participação efetiva em prol de propiciar melhoria da qualidade de vida.

Aos 17 anos, quando fui aprovada no vestibular de Farmácia na UFMA, lembro de diversas pessoas me perguntando por qual motivo não havia optado pela Medicina. E no meio de tantas perguntas, eu tinha a resposta: escolhi a Farmácia pois queria ser, pelo menos, um pouquinho igual ao meu pai (farmacêutico e educador). Essa era minha resposta aos 17 anos de idade.

Mas à medida que caminhava na formação profissional, senti a necessidade de mostrar a grandiosidade de ser farmacêutica, de trazer evidências inquestionáveis da representatividade da Farmácia na saúde e na sociedade; e, assim, o dever de responder com atitudes, sem dúvida, me conduziram ao caminho que tenho percorrido, atuando nas ciências da saúde!

Nesse momento de refletir sobre a sensação de ser membro titular da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, o sentimento mais intenso é de gratidão a muitos pelas influências e inspirações, com grandes contribuições na minha trajetória profissional, a qual sempre esteve ligada ao pessoal.

Agradeço aos meus pais, familiares, amigos, grandes mestres que acompanharam minha formação, colegas da UFMA e de outras IES e meus alunos! Gratidão a todos que me fazem crescer, amadurecer e aprender a caminhar com olhar à frente, conduzindo ao melhor caminho!

  1. Poderia compartilhar um pouco sobre a sua trajetória profissional e acadêmica até chegar a esse momento de ser indicada à Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil?

Tenho graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 1983. Realizei especialização em Farmácia Homeopática pelo Instituto Homeopático François Lamasson em 1985, e em Administração Hospitalar pelo Centro Médico Naval do Rio de Janeiro, Ministério da Marinha, também em 1985. Habilitação em Farmácia Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1987.

Obtive meu mestrado em Saúde e Ambiente pela UFMA em 1999, com dissertação intitulada “Frutos de Luffa operculata (L.) Cogn.: avaliação da comercialização e controle de qualidade de amostras adquiridas em mercados de São Luís - MA”. Prossegui meus estudos e conquistei o doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB, em 2007, com tese “Potencial giardicida de espécies vegetais: aspectos da etnofarmacologia e bioprospecção”.

Sou docente da UFMA desde 1990; atualmente, sou professora associada IV, lotada no Departamento de Farmácia/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/UFMA, responsável pelas disciplinas de Fitoterapia e Homeopatia. Também sou docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente/UFMA e Ciências da Saúde/UFMA, com atividades de orientação em nível de mestrado e doutorado.

Ao longo de minha carreira, produzi 68 artigos científicos, um livro e 16 capítulos de livros. Depositei 6 patentes, com a concessão de registro de 2 delas, além de registros de programas de computador. Também coordenei vários projetos de pesquisa e orientações em diferentes níveis acadêmicos.

Minhas pesquisas são focadas em Biotecnologia Aplicada à Saúde, com ênfase na investigação de produtos naturais (vegetais e animais) para o desenvolvimento de substâncias biologicamente ativas, especialmente dos recursos já empregados tradicionalmente. Atuo com ênfase na validação de espécies vegetais, com destaque para estudos de etnofarmacologia, padronização de extratos, avaliação de atividade biológica e caracterização química, visando a confirmação científica dos recursos naturais para uso medicinal e garantindo a produção de produtos naturais com certificado de segurança, eficácia e qualidade.

  1. Quais são as principais áreas de pesquisa e estudo em que a senhora tem se dedicado ao longo da sua carreira?

As minhas atividades de pesquisa são mais direcionadas para a área de “Biotecnologia aplicada à Saúde”, contemplando a investigação de produtos naturais (vegetais e animais) para desenvolvimento de substâncias biologicamente ativas, especialmente dos recursos já empregados tradicionalmente.

Nesse segmento, temos atuado com ênfase na validação de espécies vegetais, com destaque aos estudos de etnofarmacologia, padronização de extratos, avaliação de atividade biológica, caracterização química e no desenvolvimento de metodologia analítica e tecnológica visando atender as recomendações e determinações legais, objetivando a confirmação científica dos recursos naturais para uso medicinal, garantindo a produção e disponibilidade à população de produtos naturais com certificado de segurança, eficácia e qualidade.

Assim, a minha atuação na pesquisa visa abranger todos as etapas dos estudos de validação (eficácia, segurança e qualidade), na perspectiva real de geração de bioprodutos certificados a base de recursos naturais regionais e/ou nacionais, o que tem garantido atuação efetiva nas áreas de “Bioeconomia da Sociodiversidade” e da “Farmacovigilância em Fitoterapia”; na perspectiva real de disponibilizar bioprodutos com evidências científicas para utilização. Bioprodutos esses com base na exploração sustentável dos recursos da nossa biodiversidade regional e diversidade cultural, bem como contribuindo para uso racional de tais produtos.

  1. Como a senhora enxerga o papel da academia no avanço e desenvolvimento da ciência farmacêutica no Brasil?

No Brasil, com ênfase nas regiões norte e nordeste, marcadas por grandes desigualdades, especialmente no acesso à educação e aos bens e serviços de saúde, produzir conhecimento e levar ciência à sociedade, repercutindo em melhorias da qualidade de vida, é uma missão que exige atuação efetiva e compartilhada por muitos, com destaque a quem tem compromisso com as Ciências Farmacêuticas.

Dentre os responsáveis pelo cumprimento de tal missão, destaco a Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil (ACFB) ou Academia Nacional de Farmácia, sociedade científica que reconheço estar exercendo seu papel, divulgando o conhecimento, atuando na integração dos profissionais de saúde, na perspectiva real da ciência proporcionar muito mais que métricas na avaliação dos nossos currículos, mas que tenha aplicabilidade para proporcionar melhorias.

É essa missão que pretendo contribuir como farmacêutica e cientista da UFMA e, agora, como membro titular da ACFB/ANF. É assim que reconheço a ACFB/ANF: com a responsabilidade social e ética de possibilitar estratégias para gerar ações de melhoria de qualidade de vida, de modo que o conhecimento científico certifique que o amanhã nos trará muito mais do que o hoje!

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