Notícias
Segunda do Português: "trabalhar" e "pedir"
TRABALHAR
Nesse fim de semana que acabou ontem, quando trafegava por alguns dos municípios que compõem a região metropolitana de São Luís, vi, na mesma cidade, duas placas indicando obras do poder público municipal, só que com redações diferentes. Na primeira, estava escrito:
“... É A PREFEITURA TRABALHANDO PARA VOCÊ”
Na segunda, o texto da placa era o seguinte:
“... É A PREFEITURA TRABALHANDO POR VOCÊ”
Achei interessantes essas frases, que buscavam transmitir a mesma informação, mas, infelizmente, com base nas regras gramaticais, somente uma delas está correta. Vamos às explicações:
1. A expressão “trabalhar para” significa “prestar um serviço em prol de”. Portanto, quando a Secretaria de Obras escreve “... é a Prefeitura trabalhando para você”, o sentido dessa frase é “... é a Prefeitura prestando um serviço em favor de você”, ou seja, o cidadão é o destinatário do serviço. A rua asfaltada é “para” o cidadão. As praças arborizadas são “para” o cidadão. As vias iluminadas são “para” o cidadão. Portanto a frase está correta.
2. Já a expressão “trabalhar por” dá ideia de “trabalhar em lugar de, em substituição a”. Ou seja, quando a Secretaria de Obras escreve “... é a Prefeitura trabalhando por você”, o sentido transmitido é que “você, cidadão, não precisa trabalhar, pois a Prefeitura está trabalhando em seu lugar”. Logo essa frase está errada!
PEDIR
Todos sabem que a preposição A tem um sentido muito semelhante a PARA, pois ambas dão ideia de deslocamento. Por isso as frases “Irei à Bahia” e “Irei para a Bahia” significam quase a mesma coisa.
Essa semelhança de significados acaba por influenciar em outros casos, por isso é que muita gente tem dúvida na hora de usar uma dessas duas preposições após o verbo “pedir”. Observe estes dois exemplos:
Pedi uma caneta a meu irmão.
Pedi uma caneta para meu irmão.
A princípio, parecem estar transmitindo a mesma ideia, mas não!
Ambas as frases estão corretas, porém têm sentidos diferentes.
Quando se diz “Pedi uma caneta a meu irmão”, o sentido é que eu me dirigi até meu irmão e solicitei a ele que me conseguisse uma caneta.
No entanto, quando se fala “Pedi uma caneta para meu irmão”, a ideia transmitida é a seguinte: imaginemos que eu e meu irmão mais novo estudamos juntos, na mesma sala. A professora designou uma atividade escrita para a turma, mas meu irmão esquecera o estojo de canetas em casa, e eu não tinha nenhuma caneta extra. Como meu irmão é muito tímido, não quis solicitar à professora que lhe emprestasse uma caneta. Portanto eu, que sou mais desinibido, fui até a carteira da professora e “pedi uma caneta para meu irmão”. Ou seja, ele é o beneficiário de meu pedido. E a professora é a pessoa a quem o pedido foi feito.
Por isso nunca diga “Pedirei para Deus o fim da guerra”, o certo é “pedirei a Deus o fim da guerra”.