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Segunda do Português: "Frente a" e "A grosso modo"
1. Frente a
Na coluna de hoje, vamos abordar duas expressões bastante comuns na língua falada e, principalmente, na escrita. Como diz o velho adágio: “o uso do cachimbo faz a boca torta”, as pessoas se acostumam a falar de forma errada e o erro vai se perpetuando entre os falantes do português. A primeira delas é “frente a”. Veja o exemplo abaixo:
Ficamos pasmados frente a tantos desmandos do prefeito.
A expressão frente a não tem respaldo gramatical, sendo condenada pelos gramáticos mais consagrados. Nesse caso, a opção é usar as tradicionais preposições ANTE e PERANTE ou a locução DIANTE DE, evitando neologismos oportunistas.
Frente a tantos desafios, ele preferiu recusar o cargo. (errado)
Perante tantos desafios, ele preferiu recusar o cargo. (correto)
Tivemos de recorrer à Justiça frente ao descaso do hospital. (errado)
Tivemos de recorrer à Justiça diante do descaso do hospital. (correto)
Ficamos pasmados diante de tantos desmandos daquele governante. (correto)
2. A grosso modo
A expressão “a grosso modo” também é largamente usada. Observe um exemplo de como a maioria utiliza:
A grosso modo, precisaremos de umas quinhentas resmas de papel.
Essa expressão, que não necessita da preposição A, significa grosseiramente, aproximadamente. As locuções adverbiais genuinamente portuguesas devem iniciar com preposição, como:
Às vezes, de repente, a torto e a direito, a esmo, com certeza, para cima, às cegas, etc.
Acontece que grosso modo é expressão latina, e sua inclusão no português prescindiu da preposição inicial, assim como ipsis litteris, verbi gratia, etc. Observe os exemplos abaixo:
Devia haver, a grosso modo, mais de dez mil pessoas na praça. (errado)
Devia haver, grosso modo, mais de dez mil pessoas na praça. (correto)
Grosso modo, precisaremos de umas quinhentas resmas de papel. (correto)
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