XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária inicia programação com debates e reflexões sobre o território amazônico

A cerimônia de abertura do XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária (ENGA) ocorreu na tarde dessa segunda-feira, 24, no Auditório Central da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O evento, promovido pelo Departamento de Geociências da UFMA (DGEO) juntamente ao curso de Estudos Africanos e o Colégio Universitário (Colun), é sediado pela primeira vez em São Luís, tendo como temática central 'Da Amazônia para o mundo: território, diversidades e povos tecendo futuros'.

Com enfoque em propiciar debates e reflexões em um ambiente crítico-científico sobre as problemáticas que orbitam o campo e as questões agrárias do país, o ENGA é realizado com frequência bienal e oportuniza com que os tópicos apontados sejam discutidos por meio de uma ótica interdisciplinar, salientando a socialização do conhecimento e renovando a práxis acadêmica por meio de conferências, palestras, mesas-redondas, oficinas, cursos e apresentações de trabalhos acadêmicos. Tendo isso em vista, a ocasião contou com a presença de representantes de diversos movimentos sociais, como lideranças de comunidades quilombolas e povos indígenas, além de membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Frente Brasil Popular; Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB); e Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM).

Demarcando o início das atividades, o auditório da reitoria foi palco de uma apresentação encabeçada por Rosa Tremembé, liderança do povo indígena Tremembé da Raposa. Os cantos de resistência, fortemente conectados aos temas gerais do encontro, entraram em consonância com as práticas religiosas do povoado, culminando em um momento de bênçãos ao evento e seus participantes. 

O Encontro Nacional de Geografia Agrária é uma iniciativa com mais de trinta anos de existência, resultado de uma tradição entre as Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o país. A pró-reitora da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização da UFMA (Ageufma), Flávia Nascimento, esteve presente no evento e ressaltou a magnitude de uma ocasião como essa e a importância da temática central do ENGA. “É um evento bastante tradicional. Eu estava acompanhando a movimentação, e sempre é muito difícil organizar algo com esse porte, mas espera-se que seja bastante produtivo, como tem sido os outros. O tema deste ano é bastante importante, uma vez que estamos aqui no Maranhão e somos Amazônia Legal também, então os estudos têm que convergir justamente para conhecermos a nossa Amazônia para protegê-la e cada vez mais agregar desenvolvimento socioeconômico para a população dessa região”, comenta. 

Dando continuidade à programação, foi lançado o minidocumentário “Tem Floresta em Pé, Tem Mulher: Projeto Nices e Dijés”, um curta-metragem realizado pelo MIQCB e o Conselho Nacional das Populações Extrativista (CNS), com apoio da Oxfam Brasil, que possui como foco a luta liderada por mulheres negras pelos direitos dos povos da floresta e da preservação do meio ambiente. 

Promotor da interseção entre estudos da Geografia com áreas diversas da ciências humanas e sociais, o ENGA reúne estudiosos e pesquisadores dos quatros cantos do Brasil. É o caso do professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Nilson Cesar Fraga, que atravessou o país para participar do encontro e aproveitou a ocasião para pontuar a vasta relevância dos debates levantados pela iniciativa. “Eu estou muito feliz de estar aqui em São Luís, na UFMA, participando do encontro. É um tema mais do que rico, é fundamental, porque a questão agrária faz parte da base que é a estrutura desse país. Parte das mazelas que vivemos no Brasil envolve a injustiça socioambiental e cultural associada à terra, então discutir a questão agrária é discutir literalmente a alma mais profunda do Brasil”, frisa.

Em fala durante a cerimônia, Roberta Lima, docente do DGEO e coordenadora geral do XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária, pontuou a responsabilidade de assumir o legado que a iniciativa possui. “O espírito do ENGA é um espírito de encontro; encontrar velhos e novos amigos, compartilhar nossas ideias, nossas pesquisas, nossas experiências e se refazer nesse contato com outros pontos de vista e com novos conhecimentos. Nossas histórias estão atravessadas por aqueles que vieram antes de nós e construíram a geografia agrária brasileira. Nós temos a tarefa de levar essa história adiante, reconstruindo e ampliando as nossas pesquisas", destaca.  

O XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária ocorre até sexta-feira, 28. Para mais informações, como programação completa, acesse este link ou o Instagram do ENGA.

Por: Gabriel Jansen

Fotos: Gabriel Jansen