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Viva a Literatura Maranhense!

publicado: 10/08/2022 13h04, última modificação: 10/08/2022 17h00
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Dia 10 de agosto de 1823: há exatos 199 anos, nascia, em Caxias, Maranhão, Antônio Gonçalves Dias, o nosso poeta maior, o cantor dos nossos índios e de nossa terra.

Dia 10 de agosto de 1908: há exatos 114 anos, na então Biblioteca Pública do Estado do Maranhão, na Rua da Paz, era fundada a Academia Maranhense de Letras, a casa de Antônio Lobo.

Dia 10 de agosto de 2013: há 9 anos, era fundada a Casa de Maria Firmina dos Reis,  a Academia Ludovicense de Letras.

Dia 10 de agosto de 2021: o Deputado Marcos Aurélio, atendendo a um pedido feito pelo Curso de Letras da UFMA, apresentava um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, para a Criação do Dia Estadual de Literatura Maranhense. Conseguiu aprovação por unanimidade, sendo o projeto sancionado no mesmo ano pelo Governador Flávio Dino.

Dia 10 de agosto de 2022: vá até a sua estante ou a uma livraria ou a uma biblioteca, pegue um livro de Literatura Maranhense, abra, folheie e leia algumas frases. Dessa forma, você estará celebrando, reavivando, eternizando o que o Maranhão tem de melhor: a sua cultura. Lendo algumas frases, você estará retirando, talvez, do ostracismo, nomes injustamente olvidados pelo tempo, como Trajano Galvão, Celso Magalhães, Joaquim Serra, Marques Rodrigues, Gentil Braga, Reis Carvalho, Frutuoso Ferreira, Inácio Xavier de Carvalho, Vieira da Silva, Alfredo de Assis, Coelho Neto, Godofredo Viana, Viriato Corrêa, Mariana Luz, Laura Rosa e muitos outros.

Se você ler algum poema de Odorico Mendes, verá o cuidado com a forma, com a linguagem, etc. Se ler um poema de Gonçalves, sentirá o lirismo romântico inigualável na poesia de língua portuguesa. Se, porventura, abrir uma página de Trajano Galvão, verá a descrição de um negro valente, que não teme a luta. Se mergulhar em algumas passagens de Maria Firmina dos Reis, poderá entender a visão de mundo de uma negra Suzana. Se ler alguns contos de Arthur Azevedo, rirá largamente. Se desfrutar a leitura de algum texto de Viriato Corrêa, mergulhará na nossa história ou nos tipos brasileiros. Caso você abra um romance de Josué Montello, caminhará ao lado de um Damião, de um Natalino, de um Major Taborda, de um Ernesto, de uma Ariana, entre tantas personagens, pelas ruas, praças, pelos becos e corredores dos casarões de nossa eterna São Luís. Se abrir um livro de Ferreira Gullar, sentirá a poesia pulsando na alma. Caso abra um livro de Nauro Machado, os versos do mestre farão você beber o que há de mais denso e hermético na poesia maranhense. Se quiser pegar o livro Maria da Tempestade ou Compasso Binário e ler todo, sairá (da leitura) com um doce sabor de revolta, de amargura, de emoção, etc. Isso porque a literatura é a janela aberta para um mundo que nós muitas vezes não conhecemos ou fingimos não conhecer. É o livro literário que, aberto, nos mostra um percurso de nossa história, a essência da sociedade em que vivemos, os nossos males, as nossas desgraças e as nossas riquezas. Por tudo isso, o livro é tão essencial como o pão com que nos alimentamos o corpo, é tão essencial quanto as nossas conversas com os amigos, quanto os passeios pelos lugares de nossa terra.

A vida sem literatura deve ser um fardo muito pesado. Fernando Pessoa já dizia: “A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”. E Ferreira Gullar sintetiza: “A arte existe porque a vida não basta”.

Que, em todos os dias do ano, nossa cultura seja celebrada, mas que, neste dia, 10 de agosto, ela se torne rainha, como disse o poeta Casimiro de Abreu, referindo-se a sua terra (o Brasil): “Todos cantam sua terra,/Também vou cantar a minha,/Nas débeis cordas da lira/Hei de fazê-la rainha”. 

Viva a arte de Gonçalves Dias, de Maria Firmina dos Reis, de Aluísio Azevedo, de Celso Magalhães, de Maranhão Sobrinho, de Frutuosos Ferreira, de Humberto de Campos, de Nascimento Moraes, de Bandeira Tribuzi, de José Chagas, de Arlete Nogueira, de Waldemiro Viana e de tantos outros autores e autoras maranhenses.

Viva a Literatura Maranhense! Que ela seja eterna e cada vez mais amada por todos nós.  

  

 Por: Dino Cavalcante, professor do Departamento de Letras

Revisão: Jáder Cavalcante

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