Notícias
UFMA realiza seminário UNA-SE que discute impactos das mudanças climáticas no patrimônio histórico e cultural de São Luís
Na última quarta-feira, 4, teve início, no auditório do Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Seminário UNA-SE, com o tema “Os impactos das mudanças climáticas no patrimônio histórico e cultural do Parque Estadual do Bacanga, em São Luís — Maranhão”. O evento faz parte da programação da Semana Mundial do Meio Ambiente e é promovido pelo projeto de extensão UNA-SE, uma parceria entre o Instituto do Ecomuseu Sítio do Físico, a Rede Coroado de Natal e a UFMA.
A abertura do seminário reuniu pesquisadores, estudantes, gestores públicos e representantes de movimentos sociais, com o objetivo de promover uma abordagem inter e transdisciplinar sobre interseccionalidade entre meio ambiente, sociedade, cultura e crise climática.
Durante a cerimônia de abertura, o vice-reitor da UFMA, Leonardo Soares, destacou que o evento ocorre em um momento decisivo para a pauta ambiental no Brasil. “O Seminário Una-se está ocorrendo na Semana Nacional de Meio Ambiente, dia 5 de junho é o Dia Internacional de Meio Ambiente, e é um seminário que justamente está conectado com o paradigma atual sobre as questões ambientais, que é o ambiente e a sociedade, que são bens indissociáveis. Especialmente, agora que a pauta ambiental no Brasil vive um momento muito difícil de insegurança política”, afirmou.
O vice-reitor também ressaltou o papel da Universidade na construção de soluções em conjunto com a sociedade. “É um seminário que tem uma essência interdisciplinar, mas com uma característica maior do que isso: o envolvimento da comunidade, não apenas como um ente que participa do processo, mas como um ente que está dentro do processo, tomando decisão sobre os caminhos que vão ser tomados”, completou.
O coordenador do projeto, Arkley Bandeira, reforçou que o seminário é resultado de um amplo trabalho desenvolvido ao longo de quase um ano com as comunidades do Polo Coroadinho. “Nós fizemos um amplo projeto de escuta com mais de 35 associações que atuam na região e definimos cinco produtos estratégicos. Um deles é o selo territorial de toda a produção artesanal do Polo Coroadinho, além da criação de uma biblioteca virtual, desenvolvimento de trilhas de turismo arqueológico e ações de capacitação”, explicou.
Segundo o professor, o seminário também é uma preparação para a COP 30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano. “A ideia é justamente congregar a Universidade com a sociedade, inclusive por causa da COP 30, então esse evento tem essa característica como pré-COP”, concluiu.
Representando a Rede Coroado de Natal, Maria Aparecida Rodrigues destacou a importância do evento para fortalecer os debates sobre qualidade de vida e proteção ambiental. “Esse projeto é muito vivo, porque a academia sai do seu destino e vai até a comunidade trabalhar com quem está lá, necessitando de alguém que os ouça. E nós sofremos muito com a questão climática, com queimadas, desmatamento, e é muito importante discutir esse tema, não só para nós, seres humanos, mas para os animais também”, declarou.
A estudante do Programa de Pós-Graduação em cultura (PPGCULT) Leuzanira Furtado, que organizou a feira de artesanato, que faz parte da programação do evento, destacou o protagonismo das mulheres da região. “Essa conexão é muito importante, porque traz as mulheres, que conseguem vir para a Universidade, participar do evento, ver que a gente pode também participar de outras coisas dentro da Universidade, não só fora. Elas estavam ansiosas por uma feira, e conseguir trazer essas mulheres que sustentam suas famílias com seus trabalhos é muito gratificante”, destacou.
Para Nery Mendonça, presidente do Ecomuseu do Sítio do Físico, ações como essa fortalecem os laços entre a Universidade e as comunidades. “Vocês não têm ideia do impacto que um projeto dessa natureza leva para a comunidade. É um ganho de paridade nos diálogos, há uma troca. Leva conhecimento para a comunidade, mas também recebe conhecimento da comunidade. É uma universidade pública prestando um serviço público no ambiente que é sempre relegado ao último lugar na sociedade”, pontuou.
A diretora de Pós-Graduação da UFMA, professora Rosângela Fernandes, destacou o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a realização do evento. “A Capes lançou um edital justamente para que esses momentos ocorressem. O nome do projeto foi ‘UFMA como agente transformador da geração de ciência à ação para promover saúde, cultura, comunidade, inclusão e desenvolvimento social’. E é isso que nós estamos fazendo aqui neste momento. A academia não existe só dentro do muro, ela precisa extrapolar os muros, e nós temos essa consciência”, afirmou.
A programação do seminário segue até o sábado, 7, com palestras, oficinas, rodas de conversa, exposições culturais e científicas, além de uma vivência territorial no Parque Estadual do Bacanga e no Polo Coroadinho, promovendo o diálogo direto com as comunidades locais e a valorização de saberes tradicionais e práticas sustentáveis.
Por: Geovanna Selma
Fotos: Ingrid Trindade
Revisão: Jáder Cavalcante