UFMA promove XVII Simpósio Internacional sobre HTLV, em São Luís

Sediado pela primeira vez no Maranhão, o XVII Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil (SIHTLVbr) será realizado entre os dias 27 e 29 de outubro de 2025, no Rio Poty Hotel & Resort, em São Luís. Organizado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com apoio da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e ONG HTLVida, o evento tem por objetivo reunir pesquisadores, profissionais de saúde, gestores públicos e pessoas vivendo com HTLV para debater os principais desafios e avanços no enfrentamento dessa infecção ainda negligenciada no país.

O simpósio contará com a presença de mais de vinte palestrantes nacionais e oito internacionais, oriundos de países como Reino Unido, Bélgica, Dinamarca e Estados Unidos.

A presidente do simpósio e docente do Departamento de Patologia da UFMA, Hivana Patricia Melo Barbosa Dall’Agnol, destaca que o HTLV ainda é um desafio significativo para a saúde pública. “Apesar dos avanços científicos, a infecção continua sendo subdiagnosticada e pouco conhecida, inclusive entre profissionais de saúde. O simpósio é um espaço essencial para promover a troca de conhecimento e formular estratégias eficazes de combate à doença”, afirma.

Transmitido principalmente por via sexual, transfusões de sangue ou da mãe para o bebê durante a amamentação, o HTLV pode causar doenças graves como a Mielopatia associada ao HTLV (HAM/TSP) que leva à paralisia dos membros inferiores e à leucemia linfoma de células T do adulto (ATLL), um tipo agressivo de câncer.

Segundo a professora, o vírus tem raízes históricas ligadas à diáspora africana. “Estudos indicam maior prevalência em populações afrodescendentes, como as comunidades quilombolas do Maranhão. Fatores como desigualdade social, baixo acesso à saúde e à informação agravam o quadro de transmissão e invisibilidade”, explica.

Com o lema “Together to eliminate” (Juntos para eliminar), o simpósio abordará oito eixos temáticos principais, incluindo:

• Biologia e epidemiologia do HTLV, com destaque para a infecção em populações indígenas e quilombolas;
• Manifestações hematológicas e neurológicas, com foco em novas abordagens terapêuticas;
• Triagem pré-natal e prevenção da transmissão vertical;
• Imunologia e biomarcadores de patogenicidade;
• Políticas públicas e assistência às pessoas vivendo com HTLV (PVHTLV).

A programação inclui painéis temáticos, sessões de apresentação de trabalhos científicos, comunicações orais e monitoria acadêmica. As inscrições podem ser realizadas até dia 27 de outubro, e as submissões de resumos podem ser realizadas até 30 de setembro.

Desde sua criação, em 1988, o SIHTLVbr tem contribuído de forma decisiva para conquistas no enfrentamento da infecção no Brasil. Entre os marcos influenciados pelo evento, estão:

• A triagem obrigatória de doadores de sangue;
• A elaboração dos guias clínicos nacionais, com atualização mais recente em 2021;
• A notificação compulsória do HTLV;
• A inclusão do exame no pré-natal do SUS;
• E a incorporação do HTLV no Programa Brasil Saudável, com foco na eliminação da transmissão vertical.

De acordo com a professora Hivana, o simpósio também impulsiona a formação de um comitê técnico assessor, com participação de pesquisadores, sociedade civil e técnicos do Ministério da Saúde. “Este comitê vem atuando de forma estratégica para garantir avanços concretos em políticas públicas, diagnóstico, assistência e educação permanente dos profissionais de saúde”, reforça.

O XVII Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil é aberto a pesquisadores, profissionais de saúde, estudantes, gestores e representantes da sociedade civil.

Para mais informações, acesse o site do evento. 

Por: Maria Clara Botentuit

Revisão: Jáder Cavalcante