Notícias
UFMA participa do Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações em alusão ao Mês da Consciência Negra
Evento contou com a participação de representantes da gestão superior da UFMA. Foto: Fabianne Matos
Representantes da gestão superior da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) participaram, na manhã desta sexta-feira, 14, do Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações em alusão ao Mês da Consciência Negra.
Desenvolvido em parceria com o Instituto Enegrecer, na sexta-feira, 14 de novembro, a Fundação Sousândrade reforça, no Mês da Consciência Negra, seu compromisso com ações estruturadas de combate ao racismo e de promoção da equidade. Nesse período de reflexão e aprendizado, a instituição destaca a importância de iniciativas que ampliem o debate público, fortaleçam a inclusão e contribuam para a construção de ambientes mais justos, onde todas as pessoas tenham suas identidades reconhecidas e respeitadas. Tais iniciativas encontram aporte no Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações. O evento constituiu-se em um importante momento de diálogo sobre práticas e políticas de inclusão e respeito no ambiente organizacional.
A ação reforça a relevância de se desenvolverem programas, eventos e formações voltados à valorização da diversidade racial, reafirmando o papel da Fundação Sousândrade na transformação social. Iniciativas como essa não apenas sensibilizam, mas também impulsionam mudanças concretas dentro e fora das organizações, reforçando que a luta antirracista é contínua e essencial para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática.

A ação afirmativa foi realizada no espaço localizado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no bairro Cohafuma. Foto: Fabianne Matos
O presidente da Fundação Sousândrade, professor Walter Cezar Nunes, também participou do encontro e destacou a relevância da proposta. “O tema em questão é muito atual, sensível e importante para a sociedade. A Fundação já trabalha nessa política de manter uma gestão antidiscriminatória e respeitosa, para que as pessoas possam se sentir à vontade trabalhando na instituição. E isso deve reverberar no entorno, pois a Fundação tem muito respeito a essas práticas e sempre estará comprometida em manter essa integridade, para que as pessoas possam trabalhar normalmente, sem problemas, pautadas na consciência de que o racismo e a discriminação não têm lugar aqui”, observou.
Os painéis do Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações foram concebidos em perspectiva ampla, não restrita à realidade da Fundação Sousândrade, promotora da iniciativa. O encontro buscou envolver as pessoas convidadas e dialogar com instituições públicas, organizações privadas e do terceiro setor, criando um espaço coletivo de reflexão e troca de práticas. Dessa forma, o evento se propôs a fortalecer a governança inclusiva como princípio transversal e indispensável para ambientes institucionais mais éticos, seguros e comprometidos com a dignidade de todas as pessoas.
Tais observações são intrínsecas quando se pensa em governança antidiscriminatória e antiassédio nas organizações, que consistem no estabelecimento de políticas, práticas e mecanismos de monitoramento que previnam desigualdades e comportamentos abusivos, promovendo ambientes seguros, inclusivos e responsáveis. Assim, ao integrar diretrizes claras, canais confiáveis de denúncia e processos transparentes de apuração, essas abordagens fortalecem a cultura ética, reduzem riscos legais e reforçam o compromisso institucional com o respeito e a dignidade de todas as pessoas.
As colocações foram reforçadas durante o encontro pela diretora executiva do Instituto Enegrecer, Manoela Alves — conhecida como Manu —, mulher negra, advogada, professora e palestrante. Como pesquisadora, tem atuação destacada nas interseções entre gênero, raça e tecnologia. É Mestra em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco e Especialista em Direito Público e Didática do Ensino Superior. Na docência, atua como professora de Direito Constitucional em diferentes instituições de ensino superior, com trajetória consolidada na temática dos direitos humanos, especialmente nas pautas de gênero, raça e população LGBTQIA+. Para Manu, a diversidade não é apenas um valor, mas uma estratégia inteligente para organizações que desejam relevância, sustentabilidade e propósito.

Manoela Alves: advogada, professora universitária, diretora do Instituto Enegrecer, de Pernambuco
Tais reflexões puderam ser aprofundadas na palestra ministrada por ela durante o encontro. “Acredito que toda organização hoje precisa se preocupar com a pauta do combate ao assédio. Temos uma tendência ao aumento de práticas de assédio, sobretudo, diante do avanço tecnológico e de um mundo em que temos visto grandes guerras de ideias e pessoas mais à vontade para proferir pensamentos discriminatórios. Nessa perspectiva, manter esse tipo de debate em todas as organizações é garantir responsabilidade social na construção de uma sociedade mais justa, com equidade e contra todo e qualquer tipo de opressão dentro de um país tão desigual como o Brasil”, destacou a especialista ao comentar a pertinência da iniciativa da Fundação.
Para além de iniciativas como o Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações, a diretora executiva do Instituto Enegrecer observou que as instituições podem avançar ainda mais. “O evento é uma ação afirmativa implementada pela Fundação Sousândrade que contribui, sobretudo, por estarmos em novembro, o Mês da Consciência Negra. Mas, para além disso, é preciso trabalhar no dia a dia o combate ao racismo, à homofobia, à misoginia e ao capacitismo. É importante olhar para as pessoas que fazem parte da organização e perceber se elas refletem a pluralidade da sociedade. É essencial verificar se essas pessoas estão sendo cuidadas e se há protocolos que garantam um tratamento respeitoso. Governança é garantir que, não apenas nesta gestão, mas nas próximas, o compromisso com a valorização da diversidade permaneça — e assim combatemos o racismo e as demais opressões ao longo dos 365 dias do ano”.
A iniciativa da Fundação Sousândrade, em parceria com o Instituto Enegrecer, ao promover o Primeiro Encontro Maranhense sobre Governança Antidiscriminatória e Antiassédio nas Organizações, reforça a crescente relevância da discussão sobre o papel das instituições no combate ao racismo e às discriminações que permeiam o ambiente social. Reafirma, ainda, seu papel como entidade atenta aos interesses e às demandas da sociedade.
Em tempo
Novembro foi escolhido como o Mês da Consciência Negra porque marca o dia 20, data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra contra a escravidão no Brasil. A escolha reforça a importância de reconhecer a luta histórica do povo negro, valorizar sua contribuição para a formação do país e promover reflexões sobre racismo, igualdade e direitos ao longo de todo o mês.
Por: Borges Júnior - Universidade FM
Fotos: Fabianne Matos
Revisão: Jáder Cavalcante