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UFMA oferece atendimento psicoeducativo para estudantes neurodivergentes

publicado: 21/07/2025 15h44, última modificação: 21/07/2025 15h44
UFMA oferece atendimento psicoeducativo para estudantes neurodivergentes

Com o objetivo de promover acolhimento, orientação técnica e suporte à vivência universitária de estudantes neurodivergentes, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAES), está ofertando atendimentos psicoeducativos individuais voltados a discentes da graduação e da pós-graduação que possuam diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Altas Habilidades/Superdotação.

O projeto surge para responder a um desafio real e silencioso vivenciado por muitos estudantes que, ao ingressarem na Universidade, deparam-se com um ambiente estruturalmente pensado para funcionamentos típicos. Segundo o médico psiquiatra Danilo Madeira, responsável pelos atendimentos, a proposta nasceu da percepção de um “vácuo” entre o ensino médio e o ensino superior. “O estudante já entra no ambiente universitário e, sem treino nem explicação de regras, já precisa jogar conforme o modelo convergente. Tudo é muito mais implícito do que explícito. Para quem está acostumado a previsibilidade, a falta de clareza cria um cenário de incerteza, que pode gerar desespero, e não é desleixo, é estar no escuro", explica Danilo.

As sessões são realizadas em uma sala reservada no prédio do CEB Velho (na sede da PROAES), com frequência quinzenal ou mensal e duração de uma hora. O foco é oferecer estratégias práticas que ajudem os estudantes a lidar com as exigências acadêmicas, emocionais e sensoriais do cotidiano universitário. A escuta é o ponto de partida.

“Procuramos entender o que está dificultando mais: rotina, sono, sobrecarga, socialização, ansiedade. A partir disso, propomos estratégias técnicas mais realistas, que se ajustem à rotina e ao perfil de cada um. O processo é contínuo, individual e nunca pré-definido. Cada acompanhamento é construído junto, considerando o que faz sentido para aquela pessoa naquele momento”, destaca o médico.

O maior desafio, segundo Danilo, é a sobrecarga: uma fadiga crônica, queda de motivação e dificuldade de organizar as tarefas. Algo frequentemente confundido com desleixo ou despreparo, mas que, na verdade, evidencia o descompasso entre o funcionamento neurodivergente e o modelo acadêmico tradicional.  “Não é incapacidade, é o ambiente que não considera diferentes funcionamentos. São pessoas operando num sistema editado, com normas que não são suas. A vida não é um jogo de adivinhação para quem depende do explícito. Para o típico, talvez seja”, afirma.

Além do atendimento aos estudantes, o projeto prevê ações de assessoria pedagógica e capacitação para docentes e coordenações de curso, com foco na construção de práticas acessíveis e responsivas à diversidade neurofuncional. A proposta é que demandas individuais possam também se transformar em aprendizados coletivos.

O médico reforça que, embora apenas o TEA seja reconhecido legalmente como deficiência, todas as condições neurodivergentes compartilham uma forma de processamento mental distinta da média, por isso precisam ser consideradas como políticas de permanência universitária. “A neurodivergência existe, mesmo quando não é visível. Muitos estudantes vivem desafios silenciosos porque o modelo da Universidade parte do pressuposto de que todo mundo entende as regras não ditas. Reconhecer a neurodivergência é admitir que a diversidade é real e que, só assim, a Universidade pode se tornar um espaço mais humano e inclusivo para todos”, finaliza.

Agendamento

A participação é destinada a estudantes da UFMA (graduação e pós-graduação) que possuam laudo médico ou avaliação neuropsicológica confirmando o diagnóstico. Por se tratar de uma ação psicoeducativa, e não clínica ou terapêutica, o foco é oferecer ferramentas práticas para lidar com o cotidiano acadêmico. Interessados devem enviar um e-mail para: neurodivergencia.proaes@ufma.br

Por: Geovanna Selma

Revisão: Jáder Cavalcante

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