Notícias

UFMA no combate à dengue: professora e médica infectologista explica os principais cuidados para prevenir doenças arbovirais

publicado: 05/03/2024 17h56, última modificação: 06/03/2024 09h00
UFMA no combate à dengue: professora e médica infectologista explica os principais cuidados para prevenir doenças arbovirais

Com o aumento contínuo dos casos de dengue em todo o país, é imprescindível intensificar as medidas de precaução contra o mosquito Aedes aegypti. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil já registrou um total de 1.212.263 casos prováveis de dengue, e, no Estado do Maranhão, há 1.616 casos prováveis e uma morte confirmada até essa segunda-feira, 04 de março.

Como parte de seus esforços no combate à dengue, a Universidade Federal do Maranhão tem realizado iniciativas educativas e preventivas, visando conscientizar a comunidade sobre a importância dos cuidados necessários para evitar a propagação do mosquito.

A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado, comumente encontrado em áreas urbanas e que se reproduz em recipientes com água parada, como pneus velhos, vasos de plantas e recipientes de armazenamento de água. A transmissão acontece quando o mosquito infectado pica uma pessoa saudável, transmitindo o vírus presente em sua saliva.

Essa doença pode manifestar-se com sintomas graves e, em casos mais severos, pode levar à morte. Os sintomas incluem febre alta, dores musculares, dor de cabeça e, em casos mais graves, podem ocorrer hemorragias e comprometimento de órgãos vitais. Por isso é crucial adotar medidas preventivas para eliminar os criadouros do mosquito transmissor.

Para uma compreensão abrangente dos cuidados necessários, formas de transmissão e diferenciação entre dengue, chikungunya e zika vírus, a professora e médica infectologista Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco, do Departamento de Medicina do Câmpus São Luís, responde a algumas perguntas. Confira a entrevista concedida à Diretoria de Comunicação da UFMA abaixo:

Diretoria de Comunicação – Quais são os sintomas característicos de cada uma das doenças e como elas se diferencias umas das outras?

Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco – As arboviroses dengue, zika e chikungunya se caracterizam clinicamente por apresentarem febre, dor nas juntas e manchas nas peles, que nós chamamos de exantema.  A zika tem febre mais baixa, dor e inchaço nas juntas, o edema articular e o exantema são intensos e são mais precoces, aparecem entre o primeiro e segundo dia de doença. A dengue e chikungunya têm início com febre alta. Tanto na dengue como na chikungunya, o exantema é mais tardio, depois do terceiro dia de doença. A dengue também pode causar dor nas juntas, dores articulares, mas menos intensa que na chikungunya. Já a chikungunya, além da febre alta e do exantema, caracteriza-se pela dor intensa nas juntas, que é uma dor incapacitante, a pessoa não consegue se levantar, andar, muitas vezes a pessoa se levanta e cai, desmaia de dor, porque a dor é muita intensa. Das três, a chikungunya apresenta um quadro mais grave de dor.

DCom – Quais são os principais métodos de prevenção que a população pode adotar para evitar a propagação dessas doenças?

MR – As três doenças são transmitidas pela picada do Aedes aegypti. A fêmea do inseto coloca os ovos normalmente em recipientes que tenha alguma sombra, e, quando esses ovos entram em contato com a água, o ciclo desse inseto começa, e ele vai se desenvolver até chegar a forma de adulto. Qualquer recipiente que fique com água a céu aberto pode se tornar um foco do Aedes aegypti. Em 75% dos casos dessas arboviroses, o transmissor está na própria residência. Então é preciso ter todo cuidado com qualquer forma de recipiente que possa ficar a céu aberto. Além das nossas medidas, como cidadãos, de limpeza da nossa casa, do nosso quintal para que não haja focos desse vetor, também o setor público precisa fazer a sua parte, com urbanização, limpeza pública, tirando qualquer possibilidade de foco do Aedes.

DCom – E a vacina contra a dengue é eficaz no combate?

MR - A vacina que atualmente o Ministério da Saúde está usando, a Qdenga, mostrou ser bastante eficaz. Foi estudada em pessoas de quatro a sessenta anos e mostrou eficácia em relação a evitar que essas pessoas contraiam dengue por qualquer um dos quatro sorotipos que existem. Em menores de quatro anos, chegou a ser estudada, mas não demonstrou ser eficaz, e, em maiores de sessenta anos, ainda não há estudo comprovando a sua eficácia, mas, provavelmente, em breve, nós vamos ter estudos em maiores de sessentas anos publicados.

DCom – Qual é a importância da educação pública e da conscientização para prevenir a propagação dessas doenças?

MR – Como os focos do vetor são muito variados — por exemplo, pneus deixados a céu aberto, um simples copo plástico descartável, um buraco no asfalto, que podem virar foco do vetor — existem muitas possibilidades de ter criadouros do Aedes aegypti. É muito importante que eduquemos desde as crianças, para identificarem esses potenciais criadouros para evitarmos que se tornem focos desse vetor e para mudanças de hábitos. Essas informações e orientações precisam ser amplamente disseminadas desde a infância para que, por exemplo, o adulto possa ter o seu comportamento modificado pelo exemplo e informação da criança. Precisamos também de campanhas de saúde pública em todas as áreas, nas redes sociais, na imprensa, chamando a atenção para o problema dessas doenças, especialmente no caso da zika, por causa do risco da zika congênita com crianças que nascem com microcefalia. A chikungunya pode deixar muitas sequelas, e a dengue pode se agravar se a pessoa não tomar bastante líquido a fim de evitar as complicações, que podem levar à morte ou causar sequelas. Por tudo isso, é muito importante convencer a população para a mudança de atitude.

Confira algumas dicas para o combate eficaz contra as doenças arbovirais:

Por: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

registrado em: