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UFMA lança cartilha sobre dignidade menstrual para combater tabus, informar e promover inclusão

publicado: 02/06/2025 14h18, última modificação: 02/06/2025 16h56
UFMA lança cartilha sobre dignidade menstrual para combater tabus, informar e promover inclusão

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) lançou uma cartilha educativa sobre dignidade menstrual, com o objetivo de informar, combater estigmas e promover a inclusão de todas as pessoas que menstruam no ambiente acadêmico e na sociedade. A publicação é fruto das discussões promovidas durante a Semana pela Dignidade Menstrual, realizada entre os dias 19 e 23 de maio, no câmpus Bacanga.

A cartilha nasceu da percepção, durante a organização do evento, da necessidade de oferecer não apenas rodas de conversa, mas também um material de referência e consulta que reunisse informações essenciais sobre o tema. “Evidenciamos a urgência de tratarmos do tema nas rodas de conversa, mas também de oferecer um material de consulta sobre as informações mais importantes sobre o tema”, explica a chefe da Divisão de Gênero e Diversidade da UFMA, Gisa Carvalho.

A cartilha traz uma abordagem ampla e acessível, que ultrapassa a visão biológica da menstruação. A proposta é discutir a dignidade menstrual como uma questão de saúde pública, de justiça social e de direitos humanos, considerando os aspectos sociais, culturais e as diferentes realidades que atravessam as pessoas que menstruam.

“O objetivo é pautar o tema da dignidade menstrual na Universidade, reconhecendo que as situações de pobreza menstrual são diversas e precisam ser discutidas, tanto em seus aspectos biológicos, quanto nos socioculturais”, reforça a diretora de Atenção à Saúde do Discente da UFMA, Lissandra Bezerra.

A elaboração do texto da cartilha ficou sob a responsabilidade da ONG Meninas que Brilham, organização maranhense que trabalha com o protagonismo de meninas pretas, periféricas e rurais. A edição ficou a cargo da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (PROAES) e da Diretoria de Diversidade, Inclusão e Ações Afirmativas (DIDAAF), com revisão técnica da Escola de Saúde Pública do Maranhão e da Defensoria Pública do Estado.

O conteúdo foi construído com base nas experiências individuais, nas discussões coletivas com mulheres e pessoas que menstruam, além de referências acadêmicas — parte delas fruto da pesquisa desenvolvida pela fundadora da ONG Meninas que Brilham, Bia Diniz, que estuda o tema no curso de Serviço Social da UFMA.

Embora pensado prioritariamente para a comunidade acadêmica, o material foi produzido com linguagem e formato acessíveis também ao público externo. A cartilha aborda temas como o ciclo menstrual, a menstruação além da lógica biológica e binária, os impactos da pobreza menstrual, os desafios enfrentados por pessoas transmasculinas e não binárias que menstruam, além de apresentar informações sobre políticas públicas, como o Programa Dignidade Menstrual, que garante acesso gratuito a absorventes por meio do Farmácia Popular.

“Esperamos que mais pessoas conheçam seus direitos e que também possam apoiar outras pessoas em situação de vulnerabilidade. Porque entendemos que esse assunto diz respeito a toda a sociedade, e não apenas às pessoas que menstruam”, destaca Gisa.

Além de ser um material informativo, a cartilha cumpre um papel de formação e mobilização social. Segundo Lissandra, existe a intenção de que o conteúdo ultrapasse os espaços da UFMA e chegue também às periferias e escolas. “As Meninas que Brilham realizam rodas de conversa em escolas e nas periferias de São Luís. Como um material compartilhado, com certeza ele fará parte dos recursos didáticos utilizados por elas”, afirma. 

Por enquanto, a cartilha está disponível apenas em formato digital e pode ser acessada gratuitamente no site da DIDAAF, disponível aqui.

O lançamento desse material reforça o compromisso da UFMA com a promoção de uma Universidade mais inclusiva, plural e sensível às diversas realidades de seus estudantes. Mais do que um documento informativo, a cartilha é um convite ao diálogo, à empatia e à construção de uma sociedade onde a dignidade menstrual seja reconhecida como um direito humano básico.

 

Por: Maria Clara Botentuit

Revisão: Jáder Cavalcante

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