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UFMA integra expedição internacional que busca fósseis de nova espécie de dinossauro no Maranhão

publicado: 28/08/2025 14h30, última modificação: 28/08/2025 15h56
UFMA integra expedição internacional que busca fósseis de nova espécie de dinossauro no Maranhão

A cidade do Coroatá, no Maranhão, é o destino de uma expedição científica inédita, que ocorre em setembro, com o objetivo de recuperar fósseis de uma nova espécie de espinossaurídeo, um dos grupos mais intrigantes de dinossauros carnívoros já descobertos. A iniciativa será conduzida pelo IFMA, em colaboração com o renomado paleontólogo Paul Sereno, professor da Universidade de Chicago e explorador da National Geographic, com apoio da UFMA.

Liderada por Rafael Lindoso, paleontólogo e docente do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), “a missão não se restringe apenas a recuperar o material fóssil com o máximo de precisão científica, mas também documentar e analisar os achados em um contexto mais amplo, que poderá oferecer informações inéditas sobre a evolução, a ecologia e o comportamento desses predadores do período Cretáceo”, explica Rafael.

Esta nova expedição decorre em continuidade à primeira etapa da pesquisa, realizada em 2016, no mesmo município, quando foi encontrado um esqueleto parcialmente preservado do predador. De acordo com o professor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Manuel Alfredo Medeiros, que coordenou esta primeira fase da pesquisa, os fósseis estão em estudo. “Ele foi escavado, levado para UFMA e está sendo estudado ainda” informa o docente da UFMA.

Segundo o professor Rafael Lindoso, fósseis de espinossaurídeos pertencentes a um único indivíduo são extremamente raros. “O único esqueleto parcial da espécie-tipo, descoberto no Egito em 1912, foi destruído durante um bombardeio aliado na Segunda Guerra Mundial. Nas últimas décadas, paleontólogos têm reunido fósseis em diferentes regiões da África, como Marrocos, Níger e Argélia, o que tem permitido ampliar a compreensão sobre aspectos ecológicos e evolutivos dessa enigmática família de dinossauros terópodes”, pontuou o paleontólogo.

No caso específico do Spinosaurus, há um intenso debate na paleontologia mundial a respeito de seus hábitos: teria sido um animal semiaquático ou um mergulhador ativo em profundidade? Essas hipóteses representam comportamentos exóticos e sem paralelo entre os dinossauros conhecidos. O exemplar recentemente descoberto em Conceição, Coroatá, é o mais completo já identificado em toda a América do Sul e corresponde a uma espécie inédita de espinossaurídeo.

Para Lindoso, a descoberta tem potencial de transformar o Maranhão em uma referência internacional na área. “O Maranhão tem potencial para se consolidar como uma das grandes referências em Paleontologia no Brasil e no mundo, transformando seu patrimônio fossilífero em um eixo estratégico de ciência, cultura e desenvolvimento. A descoberta de uma nova espécie de espinossaurídeo não apenas projeta o estado no cenário das grandes descobertas internacionais, como também abre caminho para a criação de centros de pesquisa especializados, museus interativos e programas de formação capazes de inspirar e capacitar novas gerações de cientistas locais. Os dados geológicos maranhenses, por exemplo, já figuram em compêndios de referência da ciência internacional, resultado de investigações realizadas ao longo das últimas décadas”, declara o docente do IFMA.

“O estudo desse novo dinossauro permitirá compreender melhor a história paleogeográfica da abertura do Atlântico, as conexões entre a fauna africana e a sul-americana durante o Cretáceo e os processos ecológicos que moldaram ambientes fluviais e costeiros em um dos períodos mais fascinantes da Terra. Essa descoberta, portanto, não é apenas um marco científico, mas também uma oportunidade única de integrar conhecimento, educação e desenvolvimento regional sustentável”, acrescenta o coordenador da expedição.

Com a colaboração da UFMA e a articulação internacional da pesquisa, a expectativa é que o Maranhão se consolide como polo estratégico da Paleontologia, atraindo olhares da comunidade científica global e valorizando o patrimônio fossilífero do estado. “A cooperação com o grupo internacional reconhecido favorece muito o Maranhão porque dá visibilidade. E quando você tem visibilidade do mundo acadêmico, você tem mais respeito dos outros grandes grupos de países importantes que atuam na área da paleontologia”, conclui o Manoel Alfredo Medeiros.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: divulgação

Revisão: Jáder Cavalcante

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