UFMA encerra IV International Conference on Social Impact Assessment com debate sobre justiça ambiental e fortalecimento de redes globais

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio Ambiente (PPGSA), encerrou, no dia 28, o IV International Conference on Social Impact Assessment, reunindo pesquisadores brasileiros no Auditório do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). O evento, que ocorreu de 26 a 28 de novembro, consolidou a instituição como um dos principais polos latino-americanos de discussão científica sobre impactos sociais, sustentabilidade e justiça socioambiental.

Com o tema “Construindo Redes para a Sustentabilidade e Justiça Ambiental”, o congresso promoveu três dias de conferências, palestras e oficinas voltadas para a discussão de temas como análise de riscos, adaptação social, governança, regulação socioambiental, conflitos ambientais e políticas públicas. A programação também contou com o I Workshop Internacional PROLITORAL e o International Academic Cooperation Meeting, realizados como atividades prévias.

O encontro reuniu especialistas de universidades da Espanha, do Chile, da Holanda, dos Estados Unidos, de Porto Rico e do México, fortalecendo o diálogo internacional em torno da avaliação de impactos sociais e da gestão sustentável de territórios costeiros e amazônicos. Instituições como a Universidad de Alicante, University of Groningen, University of Massachusetts-Boston e Universidad Autónoma Metropolitana Xochimilco marcaram presença, ampliando o alcance global do debate.

Para o professor Leonardo Soares, organizador da conferência, o evento cumpriu seu papel de integrar redes nacionais e internacionais, além de abrir novas perspectivas de cooperação científica. “Um evento muito proveitoso. Ele começou na segunda-feira com o primeiro workshop internacional Pro-Litoral, em que discutimos os caminhos de construção e fortalecimento dessa rede. Na terça-feira, realizamos uma conferência para discutir a internacionalização, na qual convidamos vários programas de pós-graduação da UFMA. Quarta, quinta e sexta está aqui a nossa conferência e, amanhã, às três e meia, já estaremos nos deslocando para os Lençóis Maranhenses para apresentar esse importante sistema socioecológico aos pesquisadores e fechar parcerias para o desenvolvimento de pesquisa, extensão e inovação para o litoral do Estado do Maranhão”, avaliou.

A visita técnica aos Lençóis Maranhenses, marcada para o dia seguinte ao encerramento, também foi destacada por participantes internacionais como parte essencial da programação. O professor Antonio Aledo, representante da Red Internacional de Estudios Socioambientales (RIDES), ressaltou a singularidade da experiência.

“Estou convencido de que será uma experiência de enorme valor, porque não há outro lugar no mundo com essa relação entre a água, a areia, o mar e os rios. Também vamos aprender sobre conservação e compreender que é um espaço frágil, que sofre ameaças e riscos, e que precisa de ações de proteção integral. Não só do espaço em si, mas das forças naturais que o produzem, como os rios e o mar que o envolve”.

Homenagens

O encerramento foi marcado pela Sessão de Homenagens, dedicada ao reconhecimento de trajetórias que contribuem para o avanço das ciências socioambientais e para a promoção da responsabilidade social. Nesta edição, a RIDES e a Rede PROLITORAL destacaram instituições e ações cuja atuação inspira inovação e o compromisso ético. Ao todo, foram 45 homenageados. 

Docente aposentado da UFMA, Roberto Mauro, fazendo discurso de encerramento em nome dos homenageados. Foto: Giovanna Carvalho

Entre eles, o Tribunal de Justiça do Maranhão, reconhecido por suas práticas em sustentabilidade e responsabilidade social. O representante da Coordenadoria de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do TJMA, Rodrigo Smith, destacou a relevância do reconhecimento:

“É uma grande honra. A Universidade já teve diversas parcerias com o Tribunal de Justiça nas áreas de sustentabilidade e ações sociais e ambientais. Então, é realmente um momento de muita satisfação e até emoção com a honraria que recebemos. Ficamos surpreendidos com essa oportunidade de estar aqui nessa conferência internacional, recebendo esse reconhecimento do nosso impacto social e das nossas atitudes dentro da sustentabilidade”.

Representantes de movimentos sociais e lideranças comunitárias também estiveram presentes para discutir os impactos socioambientais nos territórios tradicionais e fortalecer o diálogo sobre justiça social. Ao longo dos três dias de programação, participantes compartilharam experiências, desafios e estratégias para garantir direitos e visibilidade às populações vulnerabilizadas pelas mudanças climáticas.

Entre as vozes presentes, Maria da Conceição Silva, do Movimento Quilombola do Maranhão, destacou o sentimento de pertencimento proporcionado pelo encontro: “Olha, a gente se sente agora reconhecido. E espera que, com esses dias, três dias que a gente esteve aqui falando sobre o impacto que temos nos nossos territórios, nós sejamos vistos”.

O Movimento Quilombola do Maranhão também esteve entre os 45 homenageados.

Representantes do Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM) recebendo homenagem. Foto: Giovanna Carvalho

A relevância do evento também foi ressaltada pela coordenadora do projeto Astronomia no Sertão (UFMA) e homenageada, Daniely Gaspar, que enfatizou a importância de levar ciência às comunidades indígenas de forma respeitosa e inclusiva. 

“Todo reconhecimento é importante, principalmente nós que fazemos um trabalho que temos noção da importância, que é levar ciência para comunidades indígenas e mostrar a eles também que eles têm outras oportunidades. Porque só se fala de justiça social quando a gente reconhece que essas comunidades precisam também de outras oportunidades além daquilo que eles estão acostumados”, declarou Daniely.

As discussões fomentadas pelo IV International Conference on Social Impact Assessment, realizada logo após a COP 30, o maior evento dedicado a ampliar as negociações globais sobre o clima, demonstram o importante papel que as universidades públicas têm de produzir conhecimento estratégico, promover debates qualificados e contribuir diretamente para a formulação de políticas socioambientais, que protejam os direitos do território e comunidades tradicionais do Maranhão.

Por: Giovanna Carvalho

Fotos: Giovanna Carvalho e Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante