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UFMA encerra ciclo 2025 do curso de media training com impacto direto na comunicação científica do Maranhão

publicado: 09/12/2025 11h17, última modificação: 09/12/2025 17h43
UFMA encerra ciclo 2025 do curso de Media Training com impacto direto na comunicação científica do Maranhão

Atividade prática do curso de Media Training. Foto: Ingrid Trindade

Na última sexta-feira, 5, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), concluiu a última turma de 2025 do curso de media training, após um ano marcado por avanços significativos na divulgação científica no estado. A atividade integra o projeto “Estratégias de Comunicação para o Fortalecimento da Divulgação Científica no Estado do Maranhão”, que tem transformado a relação entre pesquisadores e mídia.

Realizado entre abril e dezembro, o curso ofereceu dez turmas presenciais, ministradas por professores e profissionais da comunicação da UFMA, que incluiu práticas de entrevistas para rádio e TV, técnicas de síntese para divulgação científica, gravação de podcasts, produção de conteúdo para redes sociais, postura em vídeo e exercícios de voz.

Segundo a coordenadora do projeto, Josie Bastos, a proposta pioneira da UFMA se destaca no cenário nacional ao integrar, de forma orgânica, três estruturas estratégicas de comunicação, TV UFMA, Rádio Universidade e a Diretoria de Comunicação, permitindo aos participantes vivenciarem situações reais de mídia. Ainda conforme a coordenadora, essa articulação garantiu resultados robustos e ampliou o alcance do projeto.

Ao longo do ano, mais de 115 pesquisadores, de diversas áreas do conhecimento, foram capacitados; mais de 500 inscritos ao longo das edições e mais de 3 mil produções multimídia realizadas pelas equipes de comunicação da UFMA (TV, rádio, internet, redes sociais e Spotify), fortalecendo o ecossistema de divulgação científica no estado.

O impacto percebido pelos participantes

O curso, além de ofertar ferramentas práticas, proporcionou uma mudança de postura entre os pesquisadores, historicamente mais retraídos diante da mídia. Para muitos, foi a primeira oportunidade de compreender o funcionamento do jornalismo e aprender a comunicar ciência de forma clara, objetiva e acessível.

Para a terapeuta ocupacional Nara Gurgel, servidora do Hospital Universitário (HU-UFMA), a experiência já trouxe efeitos concretos antes mesmo da conclusão das aulas:

“Já precisei fazer um vídeo de encerramento das atividades lá da minha clínica e já usei já as técnicas, já mantive as pernas numa posição, já fiz exercício de voz, já conversei com a pessoa que ia fazer pra ter mais identificação comigo. Então, o curso ainda nem acabou e já está mudando. Fora isso, eu já estou fazendo alguns exercícios nas redes sociais, no Instagram, baseado naquilo que a gente tá aprendendo, eu acho que é um processo”.

Nara Gurgel, servidora do Hospital Universitário (HU-UFMA), durante prática no curso de Media Training. Foto: Ingrid Trindade/Dcom

Nara destaca a relevância da formação para ampliar o alcance social das pesquisas e fortalecer o papel do pesquisador como comunicador. “Eu estou superfeliz de estar tendo a oportunidade de fazer esse curso e ele tem nos feito refletir muito sobre esse nosso lugar de pesquisador que ultrapassa os limites da Universidade, de que a gente possa, de fato, ocupar o nosso lugar, a nossa voz e nossa comunicação com a sociedade, para que as pessoas consigam compreender a nossa pesquisa a partir de um ponto de vista prático. E, muitas vezes, nós, pesquisadores, imersos nesse universo científico, temos dificuldade desse exercício de falar de uma forma mais clara, mais objetiva, mais assertiva sobre aquilo que a gente faz e qual é a relevância disso para comunidade no modo geral, que é isso que a gente pensa quando a gente pensa em fazer uma pesquisa, a gente quer entender, a gente faz para ter relevância, só que a gente não fala sobre isso”, refletiu Nara.

A docente e pesquisadora da UFMA Luciana Reis ressaltou o caráter imersivo e inovador da formação: “eu já havia, obviamente, alguns anos atrás, estudado sobre o tema, mas nada como o que a Universidade Federal está promovendo aqui pros seus docentes e pesquisadores. É, na verdade, uma imersão, além de pessoas experientes para nos orientar. Viemos aqui pra rádio, fomos pra TV. Nunca vi algo igual. Muito bom, muito feliz mesmo e contente por ter, na última turma, aproveitado essa oportunidade”.

Luciana também apontou os impactos do curso na sua própria comunicação. “Primeiro, técnicas para trabalhar essa voz, que não vão ser aplicadas imediatamente, obviamente, pois é um trabalho mais prolongado. Depois, a questão de saber sintetizar o nosso trabalho, a nossa pesquisa, para, no momento adequado, poder da melhor maneira externalizar, levar pra sociedade isso de uma forma clara e obviamente resumida. A vida de todos é corrida, ninguém vai parar para ouvir um professor falar sua pesquisa minutos e minutos, embora seja essencial”, pontuou a docente.

Os depoimentos demonstram que pesquisadores e comunicadores podem, e devem, caminhar juntos para fortalecer o diálogo com a sociedade.

Avaliação geral: um projeto com resultados concretos

Para Josie Bastos, o ano marca um divisor de águas na institucionalização da comunicação científica na UFMA. Segundo ela, o curso tem reduzido a resistência dos pesquisadores em falar com a imprensa ao oferecer conhecimento sobre o processo jornalístico, tempos de reportagem e lógica de edição.

“Então, a ideia do Media Training é trazer esse campo do jornalismo para eles. Quando eles têm esses recursos, ou seja, não é só o modo de falar, como falar, o que falar, mas conhecimento desse campo, eles se sentem com mais autonomia. Então, a probabilidade de ele receber esse jornalista e conversar com a mídia é muito maior. E a gente tem visto isso”, afirmou Josie.

O maior resultado é a percepção que pesquisadores capacitados têm dado entrevistas com maior naturalidade e têm sido convidados por outras instituições após suas participações na programação da UFMA.

Projeções para 2026: expansão para o interior e integração com a extensão

O projeto continuará em 2026, tendo com metas incluir extensionistas, ampliando o diálogo direto com a sociedade; realizar módulos nos centros de ciências do interior do estado, levando estrutura e equipe de comunicação para descentralizar a formação, e consolidar o curso de media training como ação institucional e referência nacional, com possibilidade de expansão para outras universidades maranhenses.

Segundo a coordenação, a continuidade permitirá novos desdobramentos e maior enraizamento da cultura de comunicação científica na UFMA e no Maranhão. “Ele pode se tornar uma ação institucional para outras universidades também. As outras universidades veem a experiência da Federal do Maranhão, que é pioneira nisso, e aplicar isso nessas instituições”, conclui Josie Bastos.

O término da última turma, consolida o curso de media training como uma das iniciativas mais estratégicas e transformadoras da UFMA em 2025, marcando o início de uma nova etapa para a comunicação da ciência no Estado.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

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