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UFMA e Ministério da Igualdade racial articulam intercâmbio no âmbito do Programa Caminhos Amefricanos

publicado: 03/10/2024 14h19, última modificação: 03/10/2024 22h05
UFMA e Ministério da Igualdade racial articulam intercâmbio no âmbito do Programa Caminhos Amefricanos

Nessa quarta-feira, 02, o reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Fernando Carvalho Silva, esteve reunido com o diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Luiz Paulo Bastos da Silva, com a coordenadora-geral de Justiça Racial e Combate ao Racismo, Katia Regis, com professores do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros e do Núcleo Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da UFMA para discutir  a organização logística do intercâmbio, que ocorre por meio do programa “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul”.

“Hoje estamos discutindo a realização de um grande evento na universidade, um evento internacional para recepcionar os alunos que estão vindo e também discutir a questão da igualdade racial. Então, vai ser um grande evento”, expressou o reitor da UFMA, Fernando Carvalho.

Entre os dias 18 de novembro e 02 de dezembro, a UFMA receberá cerca de 50 intercambistas, entre professores e estudantes, de Moçambique, Cabo Verde e Colômbia, para uma série de atividades, acadêmicas e culturais, além de visitas nas escolas tendo em vista que o intercâmbio também conta com professores das redes de educação básica desses países.

O programa “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbio Sul-Sul”, que foi inspirado em ações da UFMA, tem o objetivo contribuir com a formação de docentes para que possam implementar a lei 10 .639 de 2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Com a indicação do Ministério da Educação (MEC), a Universidade Federal do Maranhão, por meio do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros e do Núcleo Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro -brasileiros coordena a implementação desses intercâmbios.

A cada ano do programa são visitados três países, principalmente países africanos, latino -americanos e caribenho. Em 2024, os países são Moçambique, Cabo Verde e Colômbia e, além das três comitivas brasileiras, cada uma com 50 integrantes, a irem fazer intercâmbio de curta duração nesses países mencionados.

“Nós também teremos, enquanto Governo Brasileiro, a grata satisfação de receber intercambistas desses três países que estarão, no mesmo momento, justamente fazendo as suas atividades de intercâmbio junto à Universidade Federal do Maranhão e para conhecer um pouco de toda essa riqueza que significa a luta da população negra afrodescendente aqui no estado do Maranhão e junto a uma Universidade que possui uma licenciatura em estudos africanos e afro-brasileiros é a única num país e que recentemente teve seu Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros aprovado. Então, por conta disso, as instituições parceiras deste programa, que também é inovador, sugeriram o que a Universidade acolhesse esta iniciativa. Após o intercâmbio da primeira edição, que ocorreu em Moçambique, a repercussão foi muito positiva e mostra que esta universidade está fazendo a contento aquilo que o governo esperava que o fizessem”, declarou Kátia Regis, coordenadora-geral de Justiça Racial e Combate ao Racismo.

Parceria UFMA e MIR

Luiz Paulo Bastos da Silva, diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial (MIR), ressalta a parceria da UFMA para a concretização do Programa Caminhos Amefricanos e na construção de um mundo onde a igualdade racial ela seja de fato o foco e o centro da política pública no nosso país.

“A construção com a Universidade Federal do Maranhão, a partir do Programa Caminhos Amefricanos, é uma construção que coloca pra nós a igualdade racial e a implementação da lei 10 .639 como algo crucial e como centro da política, acreditando também na educação como instrumento com ferramenta de transformação da nossa sociedade. [...] Formando multiplicadores e multiplicadoras que vão daqui a pouco tempo se formar enquanto profissionais da licenciatura para que possam levar essa perspectiva pra dentro da sala de aula”, frisou Luiz Paulo.

Experiência transformadora

O intercâmbio proporciona uma experiência única e transformadora aos intercambistas, como comenta a professora do Curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros, Cidinalva Câmara: “O alcance do intercâmbio a gente não consegue nem imaginar. Imagine estudantes de universidades públicas, estudantes negros... muitos nunca tinham saído nem da cidade onde nasceram, conseguirem fazer uma viagem de avião, pra outro continente, ter contato com outra cultura, uma cultura diferente na alimentação, na vestimenta, na própria estrutura acadêmica”.

A professora também avalia como a experiência no “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul” pode impactar o campo de atuação profissional dos intercambistas. “São estudantes de licenciatura que vão ser professores e que vão poder atuar no seu cotidiano enquanto professores na educação básica ou na universidade na perspectiva da construção de uma sociedade antirracista, de uma sociedade que respeita a diferença, de uma sociedade que atue em conjunto para transformação e para o engrandecimento de todos. Os resultados a gente vai colher por muito tempo”, conclui da professora.

Sobre o Programa “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul”

O  Programa “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul” é promovido pelo Ministério da Igualdade Racial, em parceria com o Ministério da Educação e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), tem por objetivo promover a socialização de conhecimentos, de experiências e de políticas públicas que contribuam com o combate e a superação do racismo no Brasil, com base na Cooperação Sul-Sul em intercâmbios de curta duração, particularmente, em países africanos, latino-americanos e caribenhos.

O programa beneficia, no Brasil, estudantes autodeclarados/as pretos/as, pardos/as e/ou quilombolas regularmente matriculados a partir do 5º semestre dos cursos de licenciaturas de Instituições de Ensino Superior - IES públicas e profissionais da educação autodeclarados/as pretos/as, pardos e/ou quilombolas que atuem na Educação Básica das redes públicas de ensino.

No exterior, são beneficiários estudantes dos cursos de licenciatura de Instituições de Ensino Superior oriundos de grupos sociais historicamente vulnerabilizados e docentes do equivalente à educação básica no Brasil oriundos de grupos sociais historicamente vulnerabilizados.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: Valdo Tavares e Saride Maita

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