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UFMA é a instituição que mais formou oceanógrafos em 2022 no país
Hoje, 8 de junho, é comemorado o Dia do Oceanógrafo e Dia Mundial dos Oceanos e, como destaque para esta data, a Universidade Federal do Maranhão está entre as instituições de ensino superior com o maior número de oceanógrafos formados em 2022. Os dados são de um estudo de acompanhamento do número de graduados em Oceanografia no país, realizado semestralmente e anualmente pela Associação Brasileira de Oceanografia (Aoceano).
As aulas do curso de Oceanografia da Cidade Universitária, que ocorrem no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), tem entrada de trinta vagas e saída semestral. Desde 2010, quando de “Ciências Aquáticas” passou para “Oceanografia”, a graduação tem mostrado uma tendência positiva, em relação ao número de egressos (figura 1). Entretanto, a pandemia de covid-19 gerou uma queda no número de formandos em 2020. Por outro lado, como destacou a Aoceano, em sua pesquisa, o curso obteve o maior número de profissionais formados na área em 2022 (figura 2).
A Universidade embarca no Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) Ciências do Mar II, semestralmente, dezesseis graduandos, sob o acompanhamento de dois professores responsáveis. No último embarque, que ocorreu entre os dias 22 e 26 de maio deste ano, os discentes e docentes realizaram campanhas oceanográficas na Plataforma Continental do Pará, por meio da coleta de amostras em áreas como biogeoquímica da água do mar, a fim de medir a temperatura, salinidade, as correntes e os nutrientes.
A coordenadora do curso de Oceanografia, professora Claudia Klose Parise, considera a experiência enriquecedora. “Em primeira instância, os estudantes retornam radiantes e com habilidade para o uso e manuseio de equipamentos oceanográficos. Em homenagem ao Dia do Oceanógrafo e Dia Mundial dos Oceanos, nós, da coordenação, parabenizamos os oceanógrafos de todo o Brasil que desempenham essa importantíssima função, em defesa do meio ambiente”, parabenizou.
Um só planeta
A oceanografia proporcionou, para o acadêmico do sétimo período de Oceanografia, Matheus da Silva Oliveira, de 21 anos de idade, um olhar amplo e profundo sobre a importância dos oceanos, a fim de desempenhar um papel ativo na proteção desse ambiente essencial para a vida na terra. “Estou determinado a continuar minha jornada como cientista ambiental, buscando maneiras de preservar e restaurar a saúde dos oceanos para as gerações futuras”, determinou.
Em suas palavras, a graduação transforma o estudante em um profissional multidisciplinar. “Costumo dizer que a Oceanografia escolheu-me. Com isso, pude entender como um ambiente tão dinâmico como o oceano funciona, para além da nossa interação com ele. Logo, isso me possibilitou desenvolver uma visão profissional e amadurecê-la de maneira aguçada”, disse.
A oceanografia desempenha um papel fundamental no campo científico, em posição de destaque para a compreensão e preservação do planeta. Além disso, é uma das áreas que mais produz ciência, tornando-se cada vez mais promissora para a humanidade. Assim, o discente e pesquisador exemplificou que o estudo de processos oceânicos permite entender como as mudanças climáticas estão afetando os ecossistemas marinhos, o aumento do nível do mar e os padrões de circulação oceânica.
O que esperar da Década da Oceanografia?
Um relatório de 2019 do Painel Intergovernamental da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas alertou que, sem “profundas transformações econômicas e institucionais”, haveria danos irreversíveis aos oceanos e ao gelo marinho. E isso pode afetar, além do modo de vida, a economia global de maneira imediata.
O quadro, somado à falta de informações científicas sobre os oceanos, é um dos motivos para que a ONU tenha declarado o período entre 2021 e 2030 como a Década da Oceanografia. De acordo com um relatório de 2017 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), um braço da ONU, a ciência marinha representa somente 0,04% a 4% do total de pesquisas científicas e investimentos em desenvolvimento por parte dos governos e empresas ao redor do mundo.
Diante desse cenário, Matheus Oliveira acredita que a oceanografia salvaguarda o papel fundamental de direcionar esforços para entender e combater, de múltiplas formas, tais ameaças que assolam os oceanos. “Entendo toda essa questão como um trabalho árduo e complexo que exigirá esforços coletivos. Uma solução é que sejam realizadas diversas atividades e eventos em todo o mundo, abordando temas como poluição marinha e pesca sustentável, por exemplo. Por isso, volto a bater na tecla do esforço coletivo, haja vista que é necessária dedicação da população, para que haja soluções eficazes”, pontuou.
Protagonismo ambiental
O oceanógrafo tem formação técnico-científica direcionada ao conhecimento e à previsão do comportamento dos oceanos e ambientes transicionais, capacitado a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de investigação, uso e exploração racional de recursos marinhos e costeiros renováveis e não renováveis.
Também são profissionais dotados de visão crítica e criativa, voltadas para a identificação e resolução de problemas, com atuação empreendedora e abrangente no atendimento às demandas da sociedade.
Essa é uma formação profissional essencial para entender os processos oceânicos, a biodiversidade marinha e os impactos positivos e negativos do meio ambiente. “Minha formação, em oceanografia, possibilita-me atuar de variadas formas em defesa do meio ambiente, inclusive, podendo contribuir com coletas e análises de dados científicos”, destacou Matheus.
À vista disso, um futuro saudável e sustentável para os ecossistemas marinhos, bem como à toda a humanidade pode ser assegurado graças ao conhecimento e comprometimento desses profissionais com a vida na terra e na água. “Atuo, principalmente, na área socioambiental. À frente disso, acredito muito na educação ambiental, sobretudo, na divulgação científica. Minha função, como pesquisador e futuro profissional da área, é compartilhar meus conhecimentos e conscientizar sobre a substancialidade dos oceanos, incentivando a adoção de práticas às pessoas”, finalizou o pesquisador Oliveira.
Essencial à vida humana
O ano era 1972, quando a tripulação da Apollo 17 cumpriu a última missão do programa Apollo da Nasa, a agência espacial americana, com destino à Lua. Fora isso, o satélite natural da Terra já havia sido alcançado em julho de 1969, durante a missão Apollo 11, quando Neil Armstrong entrou para a história ao se tornar o primeiro homem a pisar no astro lunar. A viagem de dezembro de 1972 trouxe uma perspectiva inédita à humanidade: a primeira fotografia integral do Planeta Terra vista do espaço, imagem que foi batizada de esfera azul. Clicada com uma câmera Hasselblad, o crédito foi atribuído à tripulação. O retrato mostrou aquilo que poucos privilegiados puderam testemunhar: a Terra é azul.
Os oceanos, uma gigantesca superfície em variados tons de azul, cobrem cerca de 71% da extensão do planeta, mas a vida debaixo d’água continua a ser um grande mistério, tendo em vista que menos de 10% do relevo do fundo do mar, além dos 200 metros de profundidade, foi mapeado por cientistas, em que apenas 5% foram escaneados em alta resolução. Os seres humanos devem sua vida a essa imensidão desconhecida, pois quatro em cada dez habitantes do planeta dependem dos mares para se alimentar.
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Por: Lucas Araújo
Produção: Alan Veras