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UFMA articula saberes e resistências no I Encontro do MAM no Baixo Parnaíba Maranhense

publicado: 07/07/2025 17h00, última modificação: 07/07/2025 17h13
UFMA articula saberes e resistências no I Encontro do MAM no Baixo Parnaíba Maranhense

A região do Baixo Parnaíba Maranhense, no leste do estado, é marcada pela exploração de materiais de construção e minerais industriais, além de um projeto desenvolvimentista de expansão da fronteira agrícola da soja e do eucalipto, além da grilagem de terras, produzindo conflitos agrários e socioambientais. Os impactos da mineração e do agronegócio são profundos na região, como a destruição dos biomas, das águas que atravessam as cidades (Rio Buriti, Rio Parnaíba e Lagoa do Bacuri, por exemplo), o uso de agrotóxicos e a destruição das Áreas de Preservação Permanente (APP), como nascentes e matas ciliares.

Nesse contexto e considerando ainda a realização da COP-30 e da resposta dos movimentos sociais, por meio da Cúpula dos Povos, em Belém do Pará, e como um prenúncio do II Encontro Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que será realizado em agosto de 2025, em Fortaleza (CE), nos dias 4 e 5 de julho de 2025, o Centro de Ciências de São Bernardo (CCSB), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), promoveu o I Encontro do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) no Baixo Parnaíba.

O evento, que reuniu Acadêmicos, professores, pesquisadores, movimentos sociais, como mulheres, juventude, LGBTQIAPN+, ambientalistas, povos e comunidades tradicionais e trabalhadores do campo e da cidade, representou um espaço de debate, crítica e encaminhamentos propositivos em defesa da justiça climática, dos direitos da natureza, do enfrentamento ao racismo ambiental, bem como do questionamento e enfrentamento ao sistema capitalista de produção, em um contexto de retorno e vivacidade da extrema direita.

“Tivemos um debate crítico sobre os impactos da mineração e do agronegócio na região do Baixo Parnaíba Maranhense, com a participação de pesquisadores, professores, alunos e lideranças dos povoados. Tivemos encaminhamentos importantes como a participação na Cúpula dos Povos, em Belém do Pará, entre os dias 12 e 16 de novembro. Além disso, a participação no II Encontro nacional do MAM, com o lema "Lutar pelo Território, Controlar o Subsolo", entre os dias 24 e 28 de agosto de 2025, em Fortaleza, Ceará”, explicou o coordenador do curso de Licenciatura em Ciências Humanas – Sociologia, Câmpus São Bernardo, Thiago Pereira Lima.

Temas como a justiça climática; a transição energética; a mineração e o agronegócio, problematizando um novo modelo possível, foram discutidos em dois dias de evento. As discussões podem ser acessadas no canal do Youtube, disponível aqui.

Segundo Thiago, é “importante a aproximação da Universidade com os movimentos sociais, na construção teórica e política, e no enfrentamento às questões socioambientais do nosso tempo”.

Saiba mais

A mineração brasileira é marcada pela expropriação de bens minerais, que têm como principais agentes as mineradoras, que têm produzido danos irreversíveis à natureza e à sociedade.

A exploração mineral encontra-se na Amazônia e em todos os biomas brasileiros (como o Cerrado, a Mata de Cocais, Mata das Araucárias, Mangues, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas), com a extração de recursos minerais metálicos e não metálicos. O modelo de mineração, no entanto, possui problemas estruturais no que toca à arrecadação, concentração e distribuição justa da renda e do patrimônio mineral.

As implicações desse modelo se expressam na contaminação do solo e das bacias hidrográficas e águas subterrâneas, na destruição da fauna e flora, na saúde das comunidades e trabalhadores, nas ameaças aos territórios dos povos e comunidades tradicionais, às Áreas de Proteção Permanente (APP) e Unidades de Conservação (UC) e na ocorrência frequente de crimes.

Cabe destacar que há um aumento dos conflitos socioambientais justamente em áreas de mineração. O Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil (Fiocruz, 2010) identificou 113 casos envolvendo o setor mineral; o Banco de Dados de Recursos Minerais e Territórios (Cetem, 2011) mapeou 118 conflitos no território nacional. O Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil (2024) indica que, desde 2020, as atividades de extração legal e ilegal de todo o setor mineral têm ocasionado de 850 a 950 conflitos e afetado cerca de 1 milhão de pessoas por ano.

Outra dimensão importante a ser considerada é a segurança alimentar/nutricional e a saúde das comunidades que residem nas proximidades destes empreendimentos minerários, seja em forma de jazidas ou minas.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: divulgação

Revisão: Jáder Cavalcante

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