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Servidor da UFMA lança livro com temática “violência contra a mulher”

publicado: 26/10/2023 10h47, última modificação: 30/10/2023 12h24
O lançamento será hoje, às 19h, no auditório do Palácio Cristo Rei
Servidor da UFMA lança livro com temática “violência contra a mulher”

O revisor de textos da Superintendência de Comunicação e Eventos-SCE da UFMA, Jáder Cavalcante de Araújo, lança hoje, 26, a partir das 19h, no auditório do Palácio Cristo Rei, na Praça Gonçalves Dias, seu mais recente livro de literatura ficcional. Trata-se de Não vou virar estatística, um conto em que o autor aborda a luta de uma mulher para se livrar de um relacionamento conjugal conturbado. Jáder concedeu uma entrevista para a Diretoria de Comunicação da UFMA (DCOM) esclarecendo o processo de escrita do livro.

DCOM: Como surgiu a temática do livro?

Jáder Cavalcante: Toda obra literária, mesmo as de ficção, tem um pouco de semelhança com a vida. Ou seja, é a arte imitando a vida. A inspiração para Não vou virar estatística veio da observação da sociedade brasileira, em que os níveis de feminicídios estão entre os mais altos do mundo.

DCOM: Por que o título “Não vou virar estatística”?

JC: A personagem principal, Vitória, numa determinada noite, foi vítima de impropérios do marido, que ecoaram em todo o prédio onde moravam. Na manhã seguinte, enquanto aguardava o elevador, sua vizinha do lado, uma conceituada psicóloga, a alertou sobre a possibilidade de aquelas palavras ásperas evoluírem para situações mais graves. Ela conclui fazendo outro alerta: “cuidado para você não virar estatística”. Vitória ficou remoendo aquela observação e prometeu a si mesmo que não ia virar estatística, e essa frase passou a ser um mantra diário para ela.

DCOM: O que o leitor pode esperar de Não vou virar estatística?

JC: Uma das características que gosto de impregnar em meus textos é a realidade das pessoas como elas são, um estilo naturalista moderno, que fui moldando espelhando-me nos grandes mestres da literatura nacional, como Machado e Aluísio, mas também Nelson Rodrigues e Veríssimo (o filho). Na medida do possível, mesmo abordando um tema árido, que foi o tormento psicológico por que passava a personagem principal, tentei produzir um texto leve, mas também reflexivo, uma vez que as atitudes que Vitória passa a tomar deveriam ser uma prática constante das mulheres.

DCOM: Por que o livro tem dois prefácios?

JC: A temática abordada, que é a violência contra a mulher, tem tudo a ver com a área jurídica e da segurança pública, mas a maneira como Vitória passa a ter domínio intelectual da situação suscita a importância da educação. Por essas razões, tive a grata satisfação de contar com duas autoridades em cada área: a Dra. Kazumi Tanaka, delegada coordenadora da Codevim, que permeia seu prefácio com a visão de quem lida diariamente com a dura realidade de mulheres agredidas; o complemento com a visão educacional veio do Prof. Natalino Salgado, nosso reitor, com a sapiência de quem dedicou sua vida à educação. São duas personalidades do mais alto quilate intelectual, cujas contribuições enriquecem bastante o livro.

DCOM: Qual é a contribuição de “Não vou virar estatística” para a sociedade?

JC: Acredito que qualquer pessoa que ler o livro perceberá que Vitória, que passou a pesquisar sobre o tema “violência contra a mulher” assim que tomou consciência de que ela se tornara vítima, transformou-se numa mulher mais observadora, mais sensível. Esse aspecto é didático e indispensável para que a sociedade tome consciência de que a violência contra a mulher é uma mazela inaceitável. Enquanto isso, sugiro que cada um aproveite a história para se divertir (porque literatura é diversão), e esquecer um pouco essa vergonha nacional, porque, como disse Fernando Pessoa, “A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida”.

DCOM: O nome da personagem principal é Vitória. Isso quer dizer que o leitor deve esperar que ela vai vencer a guerra contra a violência doméstica?

JC: Num determinado trecho do livro, está escrito “ela continuava repetindo a si mesmo que não ia virar estatística, como se isso dependesse somente dela”. Pois é assim mesmo. Quantos casos de feminicídios se tem notícia de ex-companheiros que matam mesmo estando a mulher sob medidas protetivas? O nome Vitória é proposital, mas o leitor terá que ler até a última frase para saber se ele é a inspiração para o desfecho feliz da história ou se é uma ironia ferina do autor. Eu não serei um spoiler.

 

Revisão: Jáder Cavalcante

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