Residente da Casa do Estudante faz análise do Programa de Moradia Estudantil da UFMA em Trabalho de Conclusão de Curso

Entrar em uma universidade pública é o sonho da grande maioria dos estudantes concluintes do ensino médio. Entretanto, depois dessa conquista, uma parcela desses estudantes enfrentam o grande desafio de permanecer e concluir a graduação. Nesse sentido, os programas de permanência estudantil no ensino superior assumem um papel fundamental em assegurar que alunos em vulnerabilidade socioeconômica consigam realizar seu percurso acadêmico até a conclusão com êxito do seu curso.

Recentemente, a graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Camila Vieira dos Santos realizou um estudo sobre o Programa de Moradia Estudantil da UFMA para o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A análise parte da sua própria experiência na Residência Universitária durante os anos de graduação. Segundo Camila, a assistência estudantil foi fundamental para garantir a conclusão do curso.

“Sem esse suporte, sem essa assistência da pró-reitoria de Assistência Estudantil, eu não conseguiria ter concluído a graduação. Muito menos começado, quanto mais terminado ela, principalmente, em relação à questão de tempo. Porque, geralmente, o percurso acadêmico, para quem não tem tantas oportunidades econômicas, demora quase que o dobro. Então, eu não conseguiria ter me formado”, aponta Camila.

O TCC, que abordou o perfil socioeconômico do público alcançado pelo Programa de Moradia Estudantil, as necessidades de melhoramento e propôs sugestões de melhoria, preencheu uma lacuna: a ausência de material acadêmico sobre o tema. “Eu via muito sobre essa questão a falta de um certo material acadêmico que falasse sobre nós, que falasse sobre especificamente a UFMA. Então, eu acabei juntando o útil ao agradável, com muito medo, mas acabei fazendo, por conta da necessidade de ter um material que falasse sobre pessoas como eu, pessoas como as que moravam comigo”, relata a egressa.

Para além da banca examinadora, o estudo também foi apresentado para a equipe da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proaes). “A demanda é muito grande, ainda mais agora, porque, de uns anos para cá, o perfil tem mudado. A gente tem mais esse público que é mais vulnerável. Então, o fato de a pró-reitoria ter sido aberta para ouvir, para chamar os colaboradores para ouvir, para entender, para debater de fato, eu achei esse momento muito especial, principalmente, para mim, porque eu não imaginava que o meu trabalho fosse chegar a ser tão abraçado pela gestão. Não só pela gestão, mas todas as pessoas que tiveram contato com ele. Eu me senti muito realizada nesse sentido”, avalia Camila.

Para o pró-reitor de Assistência Estudantil, Danilo Lopes, “a pesquisa voltada para esse auxílio é fundamental, pois possibilita a identificação de desafios enfrentados pelos residentes e contribui para a formulação de estratégias mais eficazes. Com estudos direcionados, é possível otimizar a infraestrutura, os serviços oferecidos e o bem-estar dos estudantes, promovendo um ambiente mais inclusivo e propício ao aprendizado. Além disso, análises detalhadas sobre o impacto do programa auxiliam na melhoria contínua das políticas de assistência estudantil”.

A partir do que experenciou, Camila observa que “a proposta da residência é que a gente consiga formar, mas o que eu vejo é que, em suma, a maioria dos casos das pessoas que saem da residência são as pessoas que saem para o mercado de trabalho de uma forma mais rápida, que saem para um concurso, que saem para uma oportunidade de fato boa de trabalho, de vida, e isso é mérito dos alunos, isso é mérito da Universidade, que entrega esse tipo de auxílio para que a gente consiga ser estudante profissional”.

Permanência universitária na UFMA

Embora os programas de permanência da UFMA enfrentem desafios, eles são considerados efetivos para os estudantes que conseguem acessá-los. O Programa de Residência Estudantil da Universidade Federal do Maranhão, objeto de estudo do TCC da egressa Camila, é uma iniciativa essencial para garantir a permanência de alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, oferecendo moradia e suporte adequado durante sua trajetória acadêmica.

Atualmente, a PROAES disponibiliza vários auxílios e bolsas, entre os quais podemos citar: auxílio alimentação, apoio acadêmico, creche, transporte, emergencial, moradia pecuniária, moradia residência universitária, moradia integral pecuniária, participação em eventos, tutoria universitária inclusiva e permanência MEC. No ano de 2024, mais de 18 tipos de auxílio foram oferecidos, e discentes de 111 cursos fizeram solicitações.

Em 2024, foram 9.630 solicitações por 4.197 discentes, sendo deferidas 6.904 solicitações e contempladas 2.269 solicitações de auxílio e bolsas, gerando uma contemplação de 1.916 discentes, representando um percentual de 27,64% de discentes atendidos. Enquanto apenas 353 não foram contemplados em decorrência da ausência de vagas (15,5%). O dados estão disponíveis em Transparência - Pró-Reitoria de Assistência Estudantil.

Falando especificamente do Programa de Residência Estudantil, ofertado em edital de fluxo continuo, atualmente, possui duas unidades de moradia: Unidade da Cidade Universitária Dom Delgado (residência mista) e Reufma (residência masculina) com capacidade total para atendimento de 109 discentes. E, no Câmpus de Pinheiro, é ofertado o Auxílio Moradia Integral aos discentes com critérios para atendimento.

Vale ressaltar que as Residências Estudantis da UFMA foram instituídas para receber discentes do interior do estado e de outras cidades ou país, regularmente matriculados nos cursos de graduação presencial da UFMA em situação de comprovada vulnerabilidade socioeconômica, com vista ao atendimento de alguns critérios estabelecidos em edital e regimento geral na seleção dos discentes para concessão do auxílio.

A UFMA está comprometida com a missão de contribuir para que todos os discentes regularmente matriculados nos cursos de graduação presencial da UFMA, com especial atenção para aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, realizem seu percurso acadêmico integrado em ações pertinentes à conclusão com êxito do seu curso, combatendo a evasão e retenção dos discentes.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: arquivo pessoal

Revisão: Jáder Cavalcante