Projetos desenvolvidos por grupos de pesquisa de Chapadinha estimulam a produção de frutas e flores

Projetos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa Frutima e Florima, do Centro de Ciências de Chapadinha (CCC-UFMA), pretendem transformar, a longo prazo, o perfil socioeconômico e produtivo da maior cidade do Baixo Parnaíba, que poderá deixar de ser mera consumidora de produtos agrícolas trazidos de outros estados brasileiros — especialmente frutas e hortaliças — para se tornar uma grande produtora nas áreas de floricultura e fruticultura. A mudança pode trazer impacto direto na vida da população local, melhorando os índices de desenvolvimento da região. É o que espera a professora Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos, do curso de Agronomia do CCC e do mestrado de Ciências Ambientais (PPGCAM).

Raissa Matos é doutora em Agronomia e atualmente coordena três grupos de pesquisa do CCC: FRUTIMA, FlORIMA e BIOIMA. Cada um desses grupos atua numa área específica, desenvolvendo projetos individuais ou em conjunto. É o caso do estudo “Floresce e Frutifica Leste Maranhense”, que consiste na implantação de pomares e de áreas produtivas de flores na região, iniciando pelo município de Chapadinha. O projeto está na fase de aquisição de materiais e conta com vários produtores cadastrados, que já estão preparando suas áreas para o plantio. “Passamos da fase de planejamento e estamos começando a colocar as ações em prática”, afirmou a pesquisadora. A inciativa recebeu apoio da Câmara Municipal de Chapadinha e espera firmar parceria com outros órgãos públicos. O “Floresce e Frutifica Leste Maranhense” tem como vice-coordenador o professor Nítalo André Farias Machado, do curso de Engenharia Agrícola.

Desafios – Para a Profa. Raissa Matos, o projeto “Floresce e Frutifica Leste Maranhense” é fruto da vontade de contribuir com a melhoria da região. Mas o grupo enfrenta alguns desafios, entre eles, o fato de Chapadinha não ser uma região tradicionalmente produtora de frutas e de outros produtos agrícolas. “Nós temos um potencial enorme, com condições edafoclimáticas (solo e clima) adequadas, porém falta aos produtores a percepção de que essa é uma atividade economicamente viável, que com pouco aparato tecnológico, e com conhecimento e dedicação, eles podem cultivar frutas e flores em escala comercial. Esse é um dos principais objetivos dos projetos do Frutima e Florima”, explicou a Profa. Raissa Matos.

O aluno do sexto período de Engenharia Agrícola Gerson Freitas Vieira Neto, que também participa do projeto, considera uma experiência única e enriquecedora, tanto pessoal, como profissionalmente. “Para mim, é uma inciativa maravilhosa, porque eu sempre gostei de frutas e agora tive a oportunidade de trabalhar com a professora Raissa nessa ideia, e me deu a responsabilidade de atuar como um dos líderes”, enfatizou. Gerson Freitas acredita que o projeto “Floresce e Frutifica Leste Maranhense” pode convencer os pequenos produtores de que é possível produzir, facilmente, tanto flores como frutas.

Girassóis - Outro estudo desenvolvido por um dos grupos de pesquisa da professora Raissa é do cultivo de girassóis ornamentais. Esta será a primeira cultura florífera a ser implantada na região de Chapadinha. Segundo a pesquisadora, a escolha dos girassóis se deu tanto pela beleza como pela capacidade de se adaptar bem ao clima da região. O trabalho com os girassóis é uma parceria do Florima com o Phenoglad, grupo de pesquisa em floricultura de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O projeto está desenvolvido em duas etapas. A primeira já foi concluída, e a segunda começará logo após o período chuvoso. Com isso, os pesquisadores pretendem descobrir qual a época em que essa espécie se desenvolve melhor.

Para a aluna Maria Raysse Teixeira, do nono período do curso de Agronomia, o projeto despertou para a importância do cultivo de flores ornamentais, uma vez que havia carência de dados e as iniciativas na região de Chapadinha são mais voltadas para a produção de grãos. A discente também destacou a importância para seu crescimento profissional. “Foi o primeiro projeto que eu pude realmente desenvolver, junto com os meus colegas, e colocar em prática tudo aquilo que a gente vem estudando. É muito gratificante. Além de ser muito lindo, o girassol é uma cultura fácil de produzir”.

Para a professora Raissa Matos, assim como com o trabalho com as frutíferas, os projetos com flores ornamentais podem trazer benefícios sociais e econômicos para a população de Chapadinha e região. A partir de agora, pequenos produtores rurais e outras pessoas da comunidade poderão montar canteiros de flores ornamentais nos seus quintais e pequenas propriedades. Segundo ela, o principal objetivo dos projetos é influenciar positivamente no IDH da região, uma vez que os índices de desenvolvimento humano locais são muito baixos. “Nós temos as ferramentas, temos o conhecimento e temos discentes motivados. Visualizamos nessas culturas a possibilidade de uma fonte de renda, influenciando positivamente o desenvolvimento econômico da região”, destacou.

Saiba Mais – Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos é professora adjunta do curso de Agronomia e do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da da UFMA. Bióloga pela UPE (2009), Mestra em Agronomia - Solos e Nutrição de Plantas UFPI (2012) e Doutora em Agronomia pela UFPB (2016). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em fitotecnia, fisiologia das plantas cultivadas, propagação vegetal, manejo de culturas, nutrição mineral de plantas, adubação, atuando principalmente com fruticultura e floricultura, e a utilização de bioinsumos.

O Grupo de Pesquisa em Fruticultura no Maranhão (FRUTIMA) visa incentivar e contribuir para a fruticultura do leste maranhense, preconizando uma produção com altas produtividades e baixos impactos ambientais, promovendo o progresso econômico e social. O FRUTIMA foi criado em 2016. Já o Grupo de Pesquisa em Floricultura no Maranhão (FLORIMA) é voltado para o estudo e desenvolvimento de técnicas de manejo para produção de flores tropicais e plantas ornamentais no leste maranhense, impulsionando assim o mercado regional e incentivando a cadeia produtiva de flores. O FLORIMA foi criado em 2018. Para mais informações sobre os dois grupos, acesse: https://www.instagram.com/frutima.florima/.

Por: Ivandro Coêlho

Revisão: Jáder Cavalcante