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Projeto de extensão do Centro de Ciências de Bacabal realizará rodas de conversa sobre direitos humanos em escolas públicas do Médio Mearim

publicado: 20/06/2022 16h43, última modificação: 20/06/2022 17h20
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O Projeto de extensão “Direitos Humanos, Ciências Humanas e Educação”, do Centro de Ciências de Bacabal, tem realizado, desde o dia 17 de junho, rodas de conversa sobre direitos humanos em escolas públicas na região do Médio Mearim. Em média, dez encontros serão ofertados. O projeto foi criado no segundo semestre de 2018 pelo ex-professor do curso de Licenciatura em Ciências Humanas Fábio Bacila Sahd.

De acordo com o coordenador do projeto, Edgar Braga Neto, as rodas de conversa constituem uma metodologia participativa que deve ser utilizada em diferentes contextos. “Em nosso caso, as rodas serão realizadas nas escolas, sendo adaptadas para o público do ensino fundamental, 9º ano e do ensino médio. Com base em situações da vida diária dos estudantes, vamos fazer uma introdução sobre os direitos humanos: o que são, por que existem e por que são violados, buscando a participação desses alunos”, explica.

Edgar acrescentou que os acadêmicos do curso de Ciências Humanas – Sociologia, em parceria com os membros do projeto, terão a função de tornar a temática dos direitos humanos atrativa para o público-alvo, demonstrando que a sociedade, cujos indivíduos conhecem os seus direitos, é mais livre, justa e igualitária.

Com o intuito de despertar a atenção dos estudantes para o debate, os acadêmicos desenvolverão oficinas de literatura, músicas, filmes e documentários, além de utilizar as redes sociais, como instagram e facebook, por exemplo, visando promover os direitos humanos e a cidadania por meio de diferentes linguagens. Entre outros aspectos, o objetivo das rodas de conversa consiste em assegurar o usufruto dos direitos culturais, bem como fortalecer a cultura dos direitos humanos no interior maranhense, abordando essa temática dentro das escolas.

Em relação à iniciativa de desenvolver as rodas de conversa nas escolas, o coordenador explica que é uma forma de trabalhar incentivando a participação e a reflexão. Por isso a ideia geral do plano está na discussão de temas relacionados aos direitos humanos e à cidadania, por meio de uma metodologia participativa. “Embora os direitos humanos e a cidadania sejam temas transversais dos currículos escolares, sabemos que, por estarem em posição transversal, tais temas não são, muitas vezes, discutidos com os alunos, pois nenhuma área do conhecimento está organizada para debatê-los com profundidade, o que configura, então, o famigerado jogo do empurra entre as diferentes áreas do saber. Não estamos culpando os profissionais da educação, que já são muito explorados no cotidiano escolar por tal situação, mas, sim, analisando o que acontece nas escolas e propondo preencher essa lacuna por meio das rodas de conversa”, declara Edgar.

Sobre a relevância desse trabalho de conscientização na cidade de Bacabal, ele relata que é comum observar, em escolas públicas, jovens marginalizados, desassistidos, estigmatizados, e, portanto, carentes de oportunidades. “Por isso trocar experiências com esses jovens, ouvi-los nas rodas de conversa é uma forma de tornar a discussão sobre os seus direitos e a cidadania, mais palpável, menos abstrata, tornando-os mais atentos à ação dos poderes públicos e à política nacional, isto é, buscando despertar neles a importância da cidadania na construção de um futuro mais promissor”, destaca.

Durante a realização das rodas de conversa, segundo Edgar, pretende-se debater com os estudantes os seguintes eixos temáticos: cidadania e direitos humanos; gênero e direitos humanos; trabalho, cidadania e direitos humanos; e estigmas e preconceitos sociais. Ele defende que somente os debates não serão suficientes para abordar tais temáticas, e, portanto, a equipe utilizará outras linguagens diferentes do universo jurídico para trabalhar os direitos humanos numa perspectiva da cidadania cultural.

Ele explica que promover a cidadania cultural é criar oportunidades culturais abrangentes para todos, independentemente da classe e religião dos indivíduos. “Ao dispor dos bens culturais, os indivíduos tornam-se mais tolerantes, atentos às iniquidades sociais. Assim, os direitos culturais, que estão assegurados no artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no artigo 215 de nossa Constituição Cidadã, podem, por meio da linguagem cinematográfica, da música e da literatura, induzir os jovens a refletirem sobre a necessidade dos direitos humanos e a violação sistemática dos direitos humanos em sua sociedade”, afirmou Edgar Braga Neto.

Além de propor reflexões e discussões acerca da legislação em direitos humanos e cidadania, os responsáveis pelo projeto pretendem sensibilizar os estudantes por meio de um conto de Geovani Martins, um curta-metragem de Daniel Ribeiro e uma música do grupo musical, Racionais MC’s. “Esperamos que a UFMA crie uma secretaria de direitos humanos, para garantirmos, no âmbito da Universidade, uma política de direitos humanos”, sintetiza.

Sobre o projeto

O Projeto de extensão “Direitos Humanos, Ciências Humanas e Educação”, surgiu baseado no projeto “Cidadania Cultural”, de autoria do professor doutor Edgar Braga Neto, o qual tratava sobre os direitos culturais no município de Bacabal. Ele relata que o município era conhecido como a cidade do “já teve”, pois já teve cinema e teatro, mas, infelizmente, essas atrações importantes para o desenvolvimento cultural deixaram de existir.

O objetivo do projeto de extensão é fortalecer a cultura dos direitos humanos na região do Médio Mearim. “Eu criei esse projeto com o objetivo de propiciar espaços de reprodução de músicas e de filmes, seja nas escolas do município, seja na própria UFMA de Bacabal. Penso que, após a pandemia do novo coronavírus e com o incentivo do reitor Natalino Salgado e da diretora do Centro de Ciências de Bacabal, Lucélia Sousa Almeida, poderemos expandir nossas rodas de conversa sobre direitos humanos”, declara Neto.

Antes da pandemia, foi realizada uma ação intitulada "Defensor Comunitário", que teve por objetivo garantir a formação cidadã, ao provocar reflexões críticas sobre a realidade social na qual os sujeitos estão inseridos, despertando o sentimento de pertencimento, consciência política e motivando seu engajamento. “Tratava-se do empoderamento juvenil e comunitário e formação crítica, ao capacitar moradores de zonas vulneráveis a exigirem a garantia de direitos, à medida que se conscientizam de seu papel como cidadãos ativos e de sua responsabilidade e compromisso com o bem comum e a luta por justiça social”, afirma.

A ação ocorreu inicialmente no bairro da Areia, em Bacabal. Quando estava planejada para ser realizada na Vila da Paz, precisou ser interrompida por causa do risco de contaminação de covid-19. Agora, o projeto de extensão retornou com a execução das rodas de conversa nas escolas públicas. O primeiro encontro ocorreu sexta-feira, 17, na Escola Municipal Deputado Luis Rocha, em São Luís Gonzaga. E, no sábado, 18, foi realizada uma sessão de cinema, com a exibição do filme “O Evangelho Segundo São Mateus”, de Pier Paolo Pasolini.

Para saber mais sobre o projeto de extensão, recomenda-se o livro “Defensor Comunitário: conhecendo direitos para uma vida digna”, publicado pela EDUFMA.

Saiba +

Edgar Braga Neto possui licenciatura em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFCE); mestrado, doutorado e pós-doutorado em Sociologia. É professor de História da Coordenação do curso de Licenciatura em Ciências Humanas-Sociologia da UFMA em Bacabal. É membro do Colégio de Estudos Avançados da UFCE, atuando, principalmente, no ensino e na pesquisa nas áreas de Sociologia Rural e de História do Brasil, com ênfase em Processos Migratórios e Campesinato Brasileiro.  

 

Por: Hérika de Almeida

Produção: Bruna Castro

Revisão: Jáder Cavalcante

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