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Professora Estrelinha se torna membra da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências
Ana Teresa Desterro Rabêlo, conhecida como Estrelinha, atriz, diretora e professora do Departamento de Artes Cênicas da UFMA há mais de 25 anos, tomou posse como membra, no dia 16 de setembro, na Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências (Alarc), ocupando, agora, a cadeira de número 31, que traz como patronesse a educadora rosariense Irene Caires de Almeida.
Estrelinha é conhecida na UFMA por seu trabalho no âmbito da extensão por meio de trabalhos como a 5ª de Arte, evento que reúne, no Centro de Ciências Humanas, diversas expressões artísticas, como teatro, música, pintura e culinária. Além disso, na condição de atriz, atuou em diversas peças do diretor maranhense Aldo Leite, colecionando prêmios por suas atuações.
A docente forneceu, em entrevista exclusiva, uma visão única de sua jornada intelectual e como sua paixão pela literatura e artes a conduziu a um lugar de destaque na academia.
Confira:
DCom: Como ocorreu sua indicação para a Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências? Qual sentimento você teve ao saber que faria parte?
Estrelinha: Eu acredito que a indicação se deu, principalmente, pelas minhas publicações, pela minha vida acadêmica e artística, que é muito intensa, não só aqui em São Luís, como também em Rosário e em diversas outras cidades do interior, levando sempre peças, como atriz e também como diretora. Ser indicada para integrar a academia me trouxe um sentimento de muita alegria, pois, a meu ver, é um título muito nobre, e isso me honra muito.
D: Para você, qual é a principal missão da academia e como você acredita que pode contribuir para ela?
E: Posso contribuir fazendo o que sei fazer: trazendo teatro, fazendo peças, publicando livros, buscando entender e ensinar mais sobre a história de Rosário. Além disso, acredito que posso contribuir bastante na cultura da cidade por ser uma das minhas áreas de atuação.
D: Como conciliar seu papel como educadora e artista?
E: Eu considero até bem fácil. Quando estou dirigindo, não me coloco como educadora; e, na sala de aula, não me coloco como diretora, talvez em exemplo, na questão dos meus trabalhos como atriz e também na minha vivência como educadora, mas eles não se confundem, apesar de possuírem certa semelhança, pois, de fato, um diretor assume por vezes uma função de pedagogo.
D: Quais foram seus principais feitos culturais realizados na cidade de São Luís? Houve outras cidades envolvidas também?
E: Aqui em São Luís, meus principais feitos são no âmbito do teatro com a dramaturgia de Aldo Leite, em peças como Tempo de Espera, Casa de Bernardalva, o Castigo do Santo, em que eu fiz o papel principal. Em outras cidades, eu pude levar vários espetáculos para cidades como Imperatriz, Barra do Corda, Pedreiras, Rosário também, além de estados como Piauí, Paraíba, Pernambuco e Amazonas.
D: Acredita que a arte tem o poder de moldar a sociedade? Como?
E: Não exatamente moldar, mas melhorar. Por meio da arte, podemos melhorar a vida das pessoas. Em um dos trabalhos que eu realizava há mais ou menos uns quinze anos, junto à comunidade da Vila Conceição, conseguimos fazer com que muitos jovens que participaram se tornassem líderes na sua comunidade, também na escola, e eles vieram para a Universidade. Nós vimos o caminho deles, e é notável que houve uma melhoria.
D: E na Universidade? Acredita que a arte pode contribuir com seu desenvolvimento?
E: Contribui muito, pois tudo que se faz na Universidade acaba por chamar as pessoas da arte de certa forma, seja no teatro, na música ou qualquer outra. A arte está sempre presente nesses locais e ela é muito importante e muito bem-vista, sempre animando e trazendo algo interessante, tanto aqui, quanto fora da Universidade.
D: Você poderia compartilhar um momento ou experiência que tenha sido especialmente significativo para sua carreira no teatro e que tenha moldado sua paixão pela arte?
E: Todos os momentos, de certa forma, foram marcantes para mim, mas, quando eu comecei a ingressar na arte, foi por meio do Cine Uirá, um projeto de extensão da Universidade que era ligado ao Departamento de Assuntos Culturais, e nele eu pude me envolver, atuando como atriz, como debatedora, e apreciadora dos filmes. Por meio dele, eu conheci o teatro e pude atuar em uma peça, A Moeda Corrente, de Abílio Pereira de Almeida, que me levou por esse caminho, sendo considerada a atriz revelação da época.
D: Por fim, qual conselho daria para jovens artistas que aspiram fazer parte de uma academia de artes um dia?
E: Que trabalhem bastante e nunca deixem de acreditar. Eu não acreditava que seria chamada para uma academia. Nunca imaginei que eu pudesse galgar um mérito universitário extensionista, e ganhei, por duas vezes. Nunca acreditei poder ganhar todos os prêmios que ganhei, como atriz e como diretora. Mas eu me dedico muito, com prazer, com dedicação, com o coração mesmo e sem pensar no dinheiro. As coisas virão por si só.
Saiba Mais
Estrelinha estreou no teatro por meio do Grupo Gangorra, em 1975, no qual atuou por treze anos. O curioso nascimento do seu apelido surgiu a partir de uma ajuda do amigo e teatrólogo Aldo Leite, que proporcionou a participação da atriz em um desfile da Turma do Quinto como sinhazinha, na Praça Gonçalves Dias. A partir daí, Ana Teresa passou a ser chamada como Estrelinha, alcunhada como Sinhazinha.
Por: Juan Terra
Produção: Sarah Dantas
Revisão: Jáder Cavalcante