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Professora de Comunicação Social do Câmpus São Luís é uma das organizadoras de coletânea sobre escravidão contemporânea no Brasil

publicado: 30/11/2022 10h22, última modificação: 30/11/2022 22h40
Flávia Moura fala da sua participação como uma das organizadoras do livro “Escravidão Contemporânea no Campo e na Cidade: Perspectivas Teóricas e Empíricas” e analisa o cenário do trabalho escravo contemporâneo no país

A professora do Departamento de Comunicação Social (DCS) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) da UFMA Flávia de Almeida Moura organizou a coletânea “Escravidão Contemporânea no Campo e na Cidade: Perspectivas Teóricas e Empíricas”, junto com os docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ricardo Rezende Figueira e Suliane Sudano. A professora teve também publicado na coletânea seu artigo sobre comunicação, trabalho escravo e gênero, produzido em parceria com a mestranda Jeyciane Elizabeth Sá Santos. O lançamento ocorreu no dia 17 deste mês, na XV Reunião Científica Trabalho Escravo Contemporâneo e Questões Correlatas, ocorrida na Universidade Federal de Sergipe, em Aracaju, e organizada pelo Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTec) da UFRJ.

Para expor vários aspectos interdisciplinares sobre o assunto, a coletânea tem um arcabouço de explicação minuciosa, detalhada e rigorosa, em que cada área de conhecimento busca para construir uma visão crítica, no que diz respeito ao fenômeno do trabalho escravo no Brasil, que é uma grande violação de direitos humanos, que restringe a liberdade do indivíduo e atenta contra a sua dignidade. “Na relação entre a teoria e o empirismo, na coletânea, nós utilizamos aportes teórico-metodológicos, em que os pesquisadores utilizam para analisar esse fenômeno social, distinto da escravidão dos períodos colonial e imperial, sobretudo relatos de pessoas coletados em trabalho de campo”, esclareceu a professora Flávia Moura.

Na visão dela, é oportuno denunciar o trabalho escravo, pois há uma espécie de naturalização tanto por parte dos trabalhadores quanto da sociedade, acerca deste crime. A docente também ressaltou que a escravidão é uma atividade ilegal desde 1888, período em que foi outorgada a abolição da escravatura no país, apesar de muitas das condições ainda do período colonial estarem presentes nas relações de trabalho hoje em dia. “Já temos o Artigo 149 do Código Penal, que fala da condição análoga à de escravo, sob quatro características principais: o trabalho escravo forçado, a jornada exaustiva, a servidão por dívida e/ou condições degradantes. Juntos ou separados, configuram a exploração de trabalho escravo”, pontuou.

Contudo, o ciclo do trabalho escravo ocorre, conforme afirmou a docente da UFMA, em virtude da extrema precisão e necessidade financeira desses trabalhadores. “Embora a condição análoga à de escravo seja crime hoje em dia, não há nenhuma pessoa presa por isso, o que torna complicado, portanto, ter uma perspectiva em prol da impunidade”, explanou. Existem ações para libertar essas pessoas e sancionar os responsáveis, mas são insuficientes para erradicar a prática do trabalho escravo. “O Maranhão, por exemplo, é um dos estados exportadores dessa mão de obra. Muitos indivíduos saem da nossa região e, por conseguinte, acabam sendo escravizados em outros estados brasileiros”, apontou Moura, organizadora da coletânea.

O e-book pode ser adquirido via plataforma digital Google Play

Saiba mais

Sob a edição da Editora Mauad X, a coletânea é resultado de trabalhos acadêmicos que foram apresentados na XIV Reunião Científica Trabalho Escravo Contemporâneo e Questões Correlatas realizada, virtualmente, em outubro de 2020, pelo GPTec da UFRJ. Esses trabalhos refletem sobre a realidade da escravidão contemporânea que, infelizmente, predomina no Brasil e persiste em zonas rurais e urbanas, em capitais e interiores do país, que atinge homens, mulheres, jovens e até crianças.

De acordo com o programa educacional “Escravo, nem pensar!”, da agência de notícias Repórter Brasil, no país, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo são homens, pois, geralmente, as atividades para as quais esse tipo de mão de obra é utilizada exigem força física, por isso os aliciadores buscam, especialmente, homens e jovens. No entanto mulheres também são recorrentemente expostas a essa prática criminosa. Apesar de representarem somente 5% dos resgatados na média nacional, há cenários em que elas compreendem parcela significativa do total, além de estarem sujeitas ao trabalho doméstico e sexual. Leia mais sobre as trabalhadoras escravizadas no Brasil.

Acesse a cartilha sobre o trabalho escravo, elaborada pelas instituições que promovem a campanha “Proteja o Trabalho”

Por: Lucas Araújo

Produção: Bruna Castro

Revisão: Jáder Cavalcante

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