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Professor do Mestrado em Artes publica artigo em revista internacional
O professor Marco Aurélio Aparecido da Silva, do Mestrado em Artes da UFMA, publicou um artigo na revista European Review of Artistic Studies (Eras), periódico científico de renome internacional, classificada como Qualis A4 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Publicado em dezembro de 2022, o artigo “Audição Inteligente, Villa-Lobos e Folclore: Aplicabilidades na Educação Musical no Brasil” propõe a reflexão acerca do ensino da música no Brasil na atualidade e sua relação com a sociedade e o meio ambiente.
O estudo é fruto do trabalho empreendido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Ecologia Sonora (Gepes). Criado em 2012, o Gepes é o primeiro grupo de estudos dedicado a esse campo no Brasil, no qual Marco Aurélio é líder e fundador. Segundo o professor Marco Aurélio, o seu trabalho elabora o conceito de “audição Inteligente”, ou AuIn, termo cunhado por ele durante sua tese de doutorado, cuja aplicação no campo da educação musical é o foco do seu trabalho. “Audição inteligente é quando nos colocamos a observar o ambiente sonoro como algo complexo e discernimos sobre quais sons queremos produzir, ouvir e qual sociedade queremos legar para as gerações futuras”, afirmou.
O processo de produção do artigo envolveu a adoção de conceitos como o de “indústria cultural”, do filósofo alemão e expoente da escola de Frankfurt, Theodor Adorno, e da ideia de planos hipotéticos de audição, elaborada pelo compositor norte-americano Aaron Copland, continua da Silva. “Com esse embasamento teórico, chegamos a uma definição de música, isto é, a arte que, por meio de sons, transmite sentimentos ou exprime emoções com base em estruturas variadas e ligadas ao seu tempo social, contribuindo para o desenvolvimento cultural da sociedade e da arte”.
Para o professor, essa definição vai de encontro à chamada “música de mercado”, isto é, a música pensada exclusivamente para o consumidor, seguindo padrões reproduzidos pela mídia de massa para serem facilmente digeríveis. O artigo, então, passa a abordar a questão da educação sonora, tendo por base a obra do maestro brasileiro Heitor Villa-Lobos, que empreendeu um trabalho nesse campo em 1930.
Para o pesquisador, o conceito da audição inteligente, ao propor ensinar o ouvinte a pensar de forma crítica sobre o que se quer e o que não se quer ouvir, é importante para fomentar uma cultura de respeito ao ambiente sonoro. “Hoje, no Brasil, temos uma lei que torna obrigatório o ensino de música nas escolas, mas esse ensino ainda se dá de uma forma muito precária. Antes de ensinar música sistêmica na escola, precisamos contribuir para a construção de uma audição consciente por parte dos nossos alunos. Para mim, é uma honra ter um trabalho publicado em uma revista internacional, pois isso nos proporciona uma visibilidade maior para o nosso trabalho”, pontuou.
Por: Orlando Ezon
Produção: Bruna Castro
Revisão: Jáder Cavalcante