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Professor da UFMA recebe a maior honraria da Antropologia brasileira, a medalha Roquette Pinto

publicado: 30/07/2024 16h59, última modificação: 30/07/2024 17h55
Carlos Benedito Rodrigues da Silva, carinhosamente chamado e reconhecido como Carlão, recebeu a homenagem na 34ª Reunião Brasileira de Antropologia
Professor da UFMA recebe a maior honraria da Antropologia brasileira, a medalha Roquette Pinto

Em cerimônia realizada no último dia 23 de julho, o professor titular do Departamento de Sociologia e Antropologia; docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Benedito Rodrigues da Silva, recebeu a Medalha Roquette Pinto em reconhecimento à sua trajetória acadêmica e contribuições significativas para o avanço do ensino, da pesquisa, da institucionalização ou da difusão da Antropologia. O professor Carlão, como é reconhecido entre seus pares na Antropologia, é o primeiro docente da UFMA a ser agraciado com a medalha.

A apresentação de Carlos Benedito, na solenidade, foi realizada pelo professor Osmundo Pinho, que, num discurso afetivo, destacou o caminho trilhado desde o seu ingresso no movimento negro, nos anos de 1970, até o seu papel fundamental nas políticas públicas na luta contra a discriminação racial. Na percepção de Osmundo, “verifica-se a contribuição notável do Doutor Carlos Benedito Rodrigues da Silva ao desenvolvimento da antropologia, em particular a antropologia da negritude no Brasil, assim como seu engajamento qualificado juntos às comunidades com as quais atua”.

Para Carlos Benedito, a honraria concedida pela ABA “significa um reconhecimento e uma valorização da minha trajetória, tanto do ponto de vista da produção acadêmica, quanto do comprometimento ético do ponto de vista sociopolítico e cultural com os grupos com os quais tenho trabalhado.  Portanto sinto-me honrado e orgulhoso por receber tal premiação”.

Com um olhar voltado para a trajetória acadêmica, a medalha Roquette Pinto representa o coroamento de um caminho de superação, como o professor Carlão expressa:

“[Tenho o] sentimento de ter superado muitas barreiras, enfrentadas no meu processo de formação acadêmica, desde quando iniciei a graduação aos 25 anos, saindo da condição de trabalhador braçal, vindo de um curso supletivo e sendo o único aluno negro do Curso de Ciências Sociais da Unicamp, considerada uma das maiores Universidades da América Latina, até alcançar a categoria de professor titular de uma Universidade Federal. Essa medalha representa o coroamento de toda a minha trajetória, por isso sou grato aos professores e às professoras que contribuíram com minha formação e também aos quilombolas, aos fazedores da cultura popular, ao povo das Encantarias e à comunidade regueira do Maranhão, que sempre me acolheram com generosidade, possibilitando que minha postura profissional e minhas pesquisas sejam referências positivas para outros estudos”.

A Medalha Roquette-Pinto de contribuição à Antropologia Brasileira foi instituída em 2003, trata-se da principal distinção a ser atribuída a pessoas cuja trajetória e obra tenham apresentado contribuições significativas para o avanço do ensino, da pesquisa, da institucionalização ou da difusão da Antropologia no Brasil e à Associação Brasileira de Antropologia. A honraria é entregue nas reuniões bienais da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).

Sobre o professor Carlão

Nascido na cidade de Campinas, em São Paulo, em 1950, é professor Titular do Departamento de Sociologia e Antropologia; docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e idealizador e docente da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (pioneira no Brasil) na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1978), mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1992) e doutorado em Ciências Sociais - Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001). É coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - NEAB-UFMA (2015). Foi vice-presidente da ABPN 2002 a 2004 e 2008 a 2010. Foi integrante da Comissão Assessora do Ministério da Educação para os Afro-brasileiros (CADARA), de 2004 a 2009. Foi presidente do Centro de Estudos do Caribe no Brasil, 2010 a 2012. É filado à ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros), à ABA (Associação Brasileira de Antropologia) e à SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). É coordenador do Comitê de Antropólogas Negras e Antropólogos Negros da AB. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, atuando principalmente nos temas: diversidade cultural, relações étnico-raciais, e ação afirmativa.

É autor dos livros: DA TERRA DAS PRIMAERAS À ILHA DO AMOR: reggae, lazer e identidade cultural, já na segunda edição e fruto da pesquisa pioneira sobre o reggae como movimento sociopolítico e cultural no Brasil; RITMOS DA IDENTIDADE: mestiçagens e sincretismos na cultura do Maranhão. Organizador do dossiê Culturas Tradicionais, publicado pela ABPN e diversos artigos e capítulos de livros sobre movimento negro brasileiro; Reggae; Cultura afro-maranhense e ações afirmativas.

Osmundo Pinho, na apresentação para a entrega da medalha, descreveu a atuação de Carlos Benedito Rodrigues da Silva no campo do ativismo e notadamente no ativismo cultural. “Carlão é figura chave em São Luís. Apenas três anos antes de sua chegada, foi fundado, em 1979, no bairro do Barés, na periferia de São Luís, o bloco afro Akomabu, sob abrigo do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA). Mais uma iniciativa pioneira em que Carlão esteve envolvido. Como amplamente reconhecido, Carlos Benedito Rodrigues da Silva, Carlão Rastafari, é um dos protagonistas da trajetória do Akomabu, sendo inclusive um dos cantores e compositores do Bloco, responsável por uma retomada afro nas políticas culturais no Maranhão. Atua como compositor e cantor na área cultural do Centro de Cultura Negra do Maranhão.

Por: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

Fotos: arquivo pessoal

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