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Professor da UFMA destaca inteligência artificial na comunicação pública em palestra no Distrito Federal
Na abertura do maior evento de comunicação e inovação do Centro-oeste, o Conecta CLDF: Comunicação 360°, o professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Márcio Carneiro ministrou a palestra inaugural sobre o papel e os desafios da inteligência artificial (IA) no setor público. Realizado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em Brasília, o evento reuniu gestores públicos, profissionais de comunicação e acadêmicos, com o objetivo de discutir a 'comunicação 360°', integrando estratégias inovadoras no setor público.
O professor Márcio levou para o público reflexões sobre as novas aplicações e implicações da IA na comunicação pública. Ele buscou desmitificar o tema e abordou com profundidade as particularidades e os cuidados necessários na integração dessas tecnologias no cotidiano das organizações. "Trabalhamos muito a própria definição do que é inteligência artificial, porque é um campo enorme. As pessoas falam muito, mas existe muita desinformação em relação a isso", afirmou.
Para Carneiro, uma das maiores necessidades hoje é compreender a diferença entre os tipos de inteligência artificial e saber aplicá-los de forma ética e eficaz no setor público. O professor esclareceu a relevância de se distinguir a IA generativa, voltada para a criação de conteúdo, como é o caso do Chat GPT e outros modelos similares, da IA preditiva, que é orientada por precisão e por dados exatos, usada amplamente em sistemas de previsão e recomendação. "A pergunta principal da apresentação foi; 'De que IA estamos falando?' Porque tem subdivisões, subáreas, como a generativa, que é a do GPT, da Claude, do Gemini, que operam com criatividade, não com precisão. E temos outros tipos de aplicações, mais focadas em predição. Essa divisão é fundamental para entender, por exemplo, que chatbot não é buscador, que você não pode confiar nos dados que ele traz para você", destacou.
Na palestra, Márcio apresentou ao público as iniciativas do Núcleo de Inteligência de Dados (NID), da UFMA, com mais de trinta aplicações de IA voltadas para segmentos específicos, como jornalismo, educação, ciência e negócios. Entre os exemplos apresentados, destacou-se o "assessor parlamentar", um bot criado para auxiliar equipes legislativas no atendimento e no suporte às demandas parlamentares. Segundo o professor, essa e outras ferramentas desenvolvidas pela UFMA são especialmente relevantes para instituições públicas, que necessitam de um alto nível de segurança e de confiabilidade nos dados gerados e transmitidos. Além disso, Carneiro mencionou que a metodologia de implementação de IA criada pela UFMA já está disponível publicamente para download gratuito, oferecendo aos gestores públicos um guia prático para incorporar essas tecnologias.
Durante o evento, Márcio abordou ainda os principais desafios e implicações éticas da IA, especialmente, no contexto de transparência e de segurança da informação. Em sua visão, uma implementação ética e eficaz da inteligência artificial no setor público depende de um entendimento profundo das suas divisões e limites, evitando generalizações simplistas. "Os desafios são justamente entender as dimensões desse campo. As especificidades. A gente tem uma divisão muito importante entre a IA generativa e a preditiva ou discriminativa. Uma foi feita para operar com precisão; a outra, para operar com criatividade. O problema não é a base em si, é como ele recupera os dados dessa base e aí ele tende a se confundir. Em operações críticas, precisamos desenhar soluções que possam contornar essas especificidades", explicou.
Outro aspecto levantado pelo professor foi a necessidade de um maior letramento digital, tanto para o a comunidade quanto para os gestores públicos, para que a comunicação se beneficie das inovações de IA sem abrir espaço para abusos ou desinformação. Ele destacou que o conhecimento mais profundo sobre inteligência artificial não deve ficar restrito a especialistas, mas precisa ser disseminado para que a sociedade como um todo se familiarize com o tema. Carneiro chamou a atenção pra o fato de que o entendimento do conceito das limitações da IA por parte de legisladores é um desfio importante na implementação de regulamentações adequadas. "Nesse primeiro momento de transformação muito acelerada, o trabalho da Universidade é esse, levar esse conhecimento. Recentemente, numa palestra da META sobre tecnologia de IA, eles definiram algumas tendências para o ano que vem, e uma delas chamaram de 'IA awareness', ou seja, o conhecimento da inteligência artificial e letramento", comentou.
O professor finalizou sua fala no evento ressaltando a importância de parcerias entre as universidades e as instituições públicas para facilitar a incorporação responsável de IA nas práticas de comunicação. Ele enfatizou que a UFMA está à disposição para apoiar o avanço no uso de inteligência artificial com segurança e embasamento científico, especialmente, em processos de transformação digital.
Por: Geovanna Selma
Produção: Sarah Dantas
Fotos: Eurico Eduardo/ Agência CLDF
Revisão: Jáder Cavalcante