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Produtora de ciência, UFMA se destaca com 17 pesquisadores premiados no 19° Prêmio Fapema

publicado: 17/12/2024 15h01, última modificação: 17/12/2024 15h51
Produtora de ciência, UFMA se destaca com 17 pesquisadores premiados no 19° Prêmio Fapema

Consagrando-se mais uma vez como uma das instituições de ensino público do Maranhão que mais produz ciência de qualidade, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se destaca no 19° Prêmio Fapema - Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade para o Maranhão com dezessete premiados em seis categorias.

O resultado dos vencedores foi divulgado na sexta-feira, 13, pela Fapema, e sinaliza um ganho significativo para a UFMA. Um dos maiores destaques é a categoria de pesquisador sênior, em que, dos seis vencedores, cinco são professores e pesquisadores da UFMA.

A Pró-reitora da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (AGEUFMA) da UFMA, Flávia Nascimento, enfatiza o trabalho de qualidade realizado dentro da instituição. “O Prêmio Fapema é a grande festa da ciência do Maranhão. É um prêmio tradicional que reconhece e valoriza os pesquisadores do estado, de todas as instituições, em todos os estágios acadêmicos, desde o jovem cientista até o pesquisador sênior. E nós tivemos um grande resultado para a Universidade Federal do Maranhão, mostrando que, cada vez mais, a Universidade produz ciência de qualidade.”

O Prêmio, que tem por objetivo reconhecer e incentivar a produção científica e tecnológica no estado, teve a participação ativa da UFMA, que demonstrou excelência em diversas áreas. Professores e alunos destacaram-se em categorias que abrangem desde ciências exatas até ciências sociais, refletindo a diversidade e a qualidade das pesquisas desenvolvidas na instituição.

O professor do Departamento de Informática da UFMA, João Dallyson Sousa de Almeida, foi um dos vencedores na categoria Pesquisador Sênior na área de Ciências Exatas e Engenharias. Reconhecido por suas pesquisas sobre Inteligência Artificial e Estrabismo, João Dallyson contribuiu significativamente para destacar a UFMA como a terceira maior instituição em publicações científicas relacionadas a esse tema.

O docente reflete que a premiação é a coroação de um trabalho realizado em conjunto por diversos pesquisadores da área.

“Fico honrado e grato pelo reconhecimento da Fapema. Este prêmio representa não apenas um marco na minha trajetória como pesquisador, mas, sobretudo, um reconhecimento do trabalho desenvolvido por todo o grupo de pesquisa do VIPLab-NCA. Esse reconhecimento se estende aos alunos, desde os primeiros orientandos em 2013 aos atuais, e aos colegas pesquisadores que colaboram nas pesquisas ao longo de pouco mais de quinze anos, principalmente, os professores Aristófanes Silva, Anselmo Paiva, Geraldo Braz e Jorge Meireles. É uma validação importante para nossa linha de investigação e representa um estímulo para continuarmos produzindo pesquisa de qualidade no Estado do Maranhão. A UFMA tem sido um polo importante para o desenvolvimento científico no estado, com reconhecimento nacional e internacional. É necessário continuar investindo na formação de recursos humanos, em todos os níveis, desde o ensino médio ao doutorado, na qualificação dos pesquisadores e na infraestrutura necessária para o desenvolvimento das pesquisas”, defende.

A pesquisa se desenvolve em diversos âmbitos, cenários, áreas e níveis. Um exemplo disso é Fernanda Lopes Viana, mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult), que conquistou o prêmio na categoria Dissertação – área Ciências Humanas e Sociais com o trabalho “Novas configurações territoriais e relações Interétnicas na Amazônia Maranhense: perspectivas etno-históricas acerca dos contatos entre os Ka’apor e as comunidades Quilombolas”. Sua pesquisa personifica o compromisso das investigações acadêmicas em gerar contribuições sociais significativas.

A pesquisa de Fernanda teve por objetivo destacar a noção de afroindígena nas interações entre os Ka'apor e as comunidades quilombolas, o que possibilitou uma compreensão mais ampla do sujeito sócio-histórico com base nas territorialidades construídas pelas migrações e encontros dessas populações, historicamente marcadas pelo estigma colonial. “Os resultados geram um impacto social significativo, especialmente para os povos estudados, ao lançar luz sobre processos históricos e culturais frequentemente silenciados, e que, dentro das ciências humanas e sociais, ainda carecem de reconhecimento e aprofundamento. Os povos afroindígenas do Maranhão desempenham um papel central na constituição da rica diversidade cultural do estado, e este trabalho busca honrar e amplificar suas vozes e histórias”, defende Fernanda.

O orientador do trabalho e professor da UFMA, Arkley Bandeira, pontua sobre relações afroindígenas na Amazônia Maranhense, destacando a complexidade das trocas culturais entre povos tradicionais. Ele enfatiza que a visão tradicional acadêmica, que considera esses povos como isolados, é limitada e colonizadora. “Em termos de construção de conhecimento, nós estamos dentro de uma agenda bastante recente, que trabalha questões afroindígenas na Amazônia. A gente costuma, com base na visão clássica, das ciências humanas e da antropologia, achar que os povos e as comunidades tradicionais são isolados no sentido de não haver trocas culturais, que são fechados em seus próprios termos, que não se estabeleceram laços históricos e culturais com outros grupos.  Essa visão é um tanto quanto colonizadora. Quando vamos ver a cultura material e as documentações, depois de filtros e filtros, percebemos que essas trocas culturais aconteceram em toda a nossa história, desde as histórias de mais longa duração. O trabalho de Fernanda é um desses frutos muito bem-colhidos em que ela justamente problematiza sobre essas relações afroindígenas neste território e consegue pontuar bem que na região de pesquisa em que ela se propõe, essas relações ocorreram nem sempre de forma harmoniosa, a luta pelo território entre os povos é uma constante, mas que isso resultou em muito conhecimento, em troca cultural e muita influência”, explica.

Para a mestra, que ganha o prêmio pela primeira vez, a conquista reconhece a importância da sua pesquisa para as relações afroindígenas na Amazônia Maranhense e a valorização do patrimônio cultural desses povos. “É uma imensa honra receber este prêmio, que reconhece um estudo dedicado aos povos tradicionais e originários do Maranhão, atribuindo a ele um significado ainda mais profundo. Meu objetivo com esta pesquisa foi, sobretudo, evidenciar as relações afroindígenas na Amazônia Maranhense, valorizando o rico legado e patrimônio cultural desses povos. Este é o primeiro prêmio que recebo, e estou profundamente grata com esta honraria”, frisa.

O orientador expressa orgulho e felicidade pelo reconhecimento do trabalho de sua orientanda, destacando a natureza desafiadora da pesquisa durante a pandemia. “Eu me sinto muito orgulhoso e feliz da minha orientada Fernanda, até porque foi uma pesquisa muito desafiadora, porque ela inicia e é atravessada pela pandemia, uma pesquisa que vai entre 2021 e 2022. Uma pesquisa que tinha a previsão de campo, de realizarmos atividades de campo, sobretudo, no território de Gurupi, onde a área de pesquisa é delineada. E, por causa de todas as restrições da pandemia, nós ficamos impossibilitados, inclusive no sentido de dar segurança às comunidades, tanto indígenas como quilombolas da região, e nós tivemos que repensar toda a estrutura da pesquisa e transformá-la numa pesquisa de base documental, mas com etnografia baseada em outras etnografias. Isso nos deixou, em um primeiro momento, angustiados, mas, ao mesmo tempo, nos deu um fio de esperança de desenvolver melhor as ideias de outros pesquisadores que já estavam lá na região. Então, a valoração dessa pesquisa por parte da Fapema nos deixa muito entusiasmados para não fraquejarmos, para não finalizarmos. É esse o sentimento que, mesmo com as mudanças, nós acertamos e hoje fomos premiados”, manifesta.

Prêmio Fapema 2024

Em sua 19ª edição, o prêmio segue como um dos mais destacados do estado, sendo vitrine para as produções científicas de estudantes, professores e pesquisadores maranhenses. Esta edição tem como tema "Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade para o Maranhão". 

A premiação vai contemplar 56 pesquisadores, em oito categorias – Jovem Cientista, Dissertação de Mestrado, Tese de Doutorado, Pesquisador Sênior e Jornalismo Científico — que reconhecem os primeiros colocados  —  e Pesquisador Júnior e Popvídeo Ciências, contemplando os três primeiros lugares.

A cerimônia de premiação será realizada no dia 23 de janeiro de 2025.

Com informações da Fapema.

Confira aqui os premiados da UFMA e suas categorias.

Por: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

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