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Prêmio Porto do Itaqui reconhece pesquisadores da UFMA por pesquisas socioeconômicas e ambientais
Valorizando a ciência, a tecnologia e a inovação no Maranhão, e reconhecendo pesquisadores, profissionais da comunicação e empresas com projetos inovadores do setor portuário, o Prêmio Porto do Itaqui 2025 agraciou estudiosos com trabalhos de qualidade desenvolvidos na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A premiação ocorreu nos dias 17 e 18 de junho, no Multicenter Sebrae, em São Luís.
A iniciativa faz parte do programa “Mais Inovação”, promovida pelo Governo do Estado, por meio da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) e da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
Nesta edição, os trabalhos concorreram em seis categorias: Redes Sociais, Robótica, Produções Acadêmicas, Jornalismo, Empresa Inovadora e Concurso de Redação. A UFMA recebeu a premiação nas categorias Produção Acadêmica, com a pesquisa “Atividade portuária e dinâmica do emprego no Maranhão: evidências empíricas do Portо do Itaqui (2002-2018)”; com o estudo “Biomarcadores histológicos e parâmetros microbiológicos de um peixe estuarino da Costa Amazônica Brasileira como potenciais indicadores de risco à saúde humana”, e Jornalismo, com a reportagem “Protagonismo feminino na logística portuária".
Conheça as pesquisas premiadas que reforçam a qualidade dos trabalhos realizados pelos pesquisadores da UFMA.
Pesquisa: “Atividade portuária e dinâmica do emprego no Maranhão: evidências empíricas do Portо do Itaqui (2002-2018)”
Com a autoria dos professores do Departamento de Economia Alex Brito e Vanessa Ragone Azevedo e dos bolsistas de iniciação científica Júlia Cristina, Lucas Leite e José Júnior, a pesquisa “Atividade portuária e dinâmica do emprego no Maranhão: evidências empíricas do Portо do Itaqui (2002-2018)” foi premiada em primeiro lugar na categoria Produção Acadêmica pela inovação e a pela importância no contexto econômico do Porto do Itaqui. O estudo faz parte do Grupo de Análise da Política Econômica (Gape) do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDSE).
A ideia surgiu a partir de uma visita técnica ao Porto do Itaqui e o primeiro contato com a Emap. Com a apresentação sobre a política de inovação desenvolvida no porto, com o apoio da Fapema, realizada pelo head de Inovação, Gabriel Cassia, a equipe propôs um projeto para analisar o impacto socioeconômico da atividade portuária junto à Fapema e, sendo contemplados, iniciaram o estudo.
Nesse sentido, o professor Alex Brito reforça o intuito do trabalho realizado. “A pesquisa propõe mensurar o impacto econômico da atividade portuária do Porto do Itaqui no fluxo de empregos diretos no estado. Para tanto, pretendeu-se responder a duas perguntas fundamentais: (i) existe relação entre a movimentação de cargas no Porto do Itaqui e a geração de empregos no Maranhão? Como questões secundárias, investiga-se, também, qual tipo de carga está associada ao maior impacto sobre emprego e se tais resultados corroboram a literatura internacional. Ademais, a pesquisa também responde ao seguinte problema: (ii) qual é o impacto da atividade portuária sobre a criação e a destruição de empregos no Maranhão? O objetivo principal é aferir as taxas de criação e destruição de empregos no Complexo Portuário do Itaqui, apresentando a dinâmica média e anual do emprego direto, no período de 2002 a 2018”, explica Alex Brito.
A discente do curso de Ciências Econômicas e pesquisadora do projeto, Júlia Leite, realizou o recorte metodológico, a análise dos dados e a aplicação de tratamentos estatísticos para investigar as relações econômicas que existem no Porto do Itaqui. Júlia Leite relata os desafios enfrentados na produção do estudo. “Um dos principais desafios foi a obtenção e o tratamento de bases de dados longitudinais, sobretudo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) identificada, que exigiu contrato de sigilo com o Ministério do Trabalho. Também enfrentamos dificuldades metodológicas em isolar o efeito da atividade portuária pura, diferenciando-a de outros setores, o que demandou um tratamento rigoroso das séries para garantir a validade dos resultados, como o levantamento da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAEs) relacionadas diretamente à dinâmica dos portos do Maranhão”, salienta.
O Porto do Itaqui representa uma potência de crescimento social e econômico no Maranhão e no Nordeste. Os resultados da pesquisa demonstram o desenvolvimento na oportunidade de emprego do complexo portuário estadual e destacam a contribuição do porto na redução do desemprego e na qualidade de vida da população, como detalha Alex Brito.
“Entre os principais resultados encontrados, destacam-se: a) Entre 2006 e 2018, o cluster portuário do Itaqui foi responsável por 27% do total de empregos diretos do complexo portuário maranhense, mesmo movimentando um volume 7,6 vezes menor que o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, maior terminal de carga do estado; b) Em termos líquidos, o Porto do Itaqui criou, em média, 11,81% de postos de trabalho ao ano entre 2002 e 2018; c) essa taxa é 2,26 vezes superior à taxa líquida de criação de empregos de toda a Região Nordeste, no mesmo período; d) A taxa média de criação líquida de empregos diretos foi superior, inclusive, à taxa de criação das micro e pequenas empresas, consideradas as maiores criadoras de empregos no Brasil. O impacto do Porto do Itaqui vai muito além do setor portuário: ele fortalece o tecido econômico, impulsiona o mercado de trabalho e potencializa o crescimento inclusivo e sustentável do Maranhão e da Região Nordeste, mostrando-se um exemplo de infraestrutura estratégica que beneficia toda a sociedade”, descreve o pesquisador.
O Prêmio Porto do Itaqui incentiva a produção científica e reconhece o esforço dos diversos pesquisadores preocupados com o desenvolvimento social. Para Júlia Leite, que ainda está na graduação, a experiência proporcionou aprendizado e estimulou o seu desejo pelo campo da pesquisa. “Essa experiência consolidou minha formação técnica e teórica em economia do trabalho e análise empírica de políticas públicas. Trabalhar com dados reais, métodos robustos e uma equipe multidisciplinar me proporcionou autonomia na pesquisa e segurança metodológica para seguir carreira acadêmica e profissional com responsabilidade social. Além disso, fortaleceu meu interesse em continuar pesquisando temas que envolvem desigualdade, mercado de trabalho e desenvolvimento regional. Ser premiada é, acima de tudo, um estímulo para seguir acreditando no poder da pesquisa como instrumento de mudança — especialmente quando se trata de incluir temas como desigualdade, desenvolvimento socioeconômico e justiça no centro da produção acadêmica”, expressa.
Alex Brito pontua a importância do reconhecimento e enfatiza a contribuição do estudo para a evolução da sociedade. “Esse reconhecimento valoriza o esforço coletivo de investigadores e instituições envolvidas (EMAP, FAPEMA e UFMA), reforçando o papel da Universidade e das parcerias entre setor público e privado na geração de conhecimento aplicado à realidade portuária. Mais do que uma premiação, trata-se da confirmação de que os resultados obtidos contribuem para o aprimoramento de políticas públicas e decisões empresariais que promovam mais empregos, renda e oportunidades para a população, colocando o Maranhão em evidência no debate nacional sobre portos, economia e trabalho”, finaliza.
“Atividade portuária e dinâmica do emprego no Maranhão: evidências empíricas do Portо do Itaqui (2002-2018)” é um trabalho que impulsiona a melhoria da qualidade de vida por meio de diretrizes governamentais e iniciativas empresariais, na promoção de oportunidades de emprego e no avanço socioeconômico.
Para acessar o artigo elaborado pelo Grupo de Análise da Política Econômica, clique aqui.
Pesquisa: “Biomarcadores histológicos e parâmetros microbiológicos de um peixe estuarino da costa amazônica brasileira como potenciais indicadores de risco à saúde humana”
Em segundo colocado na categoria Produção Acadêmica, o egresso do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte (PPG-Bionorte) Gustavo Macedo conquistou o Prêmio Porto do Itaqui com a pesquisa “Biomarcadores histológicos e parâmetros microbiológicos de um peixe estuarino da costa amazônica brasileira como potenciais indicadores de risco à saúde humana”.
O estudo é fruto da dedicação de Gustavo Macedo, a tese no PPG-Bionorte produzida resultou no artigo “Histological biomarkers and microbiological parameters of an estuarine fish from the Brazilian Amazon coast as potential indicators of risk to human health”, publicado na Environmental Monitoring and Assessment". A iniciativa interconecta as necessidades do meio ambiente e sociedade da região amazônica.
Gustavo Macedo comenta os resultados alcançados e a importância do trabalho. “A hipótese confirmada foi que em ambientes potencialmente poluídos, como a região portuária de São Luís, bagres da espécie S. herzbergii apresentam uma série de respostas biológicas que resultam em alterações celulares, histológicas, bioquímicas e na microbiota provocadas por xenobióticos que podem afetar a sanidade da espécie e, consequentemente, a saúde humana. A importância é reforçar o monitoramento da Costa estuarina do Maranhão, garantindo a saúde única, que é o equilíbrio entre saúde humana, animal e ambiental e garantir o fluxo das atividades portuárias mas com um olhar na segurança ambiental que tem impactos na saúde humana”, pontua.
A pesquisa foi orientada pela professora do Centro de Ciências de Balsas (CCBI) Débora Batista. A docente compartilha a experiência em orientar o estudo. “A orientação da pesquisa foi uma prática exitosa, pois a formação do Gustavo em Ciências Farmacêuticas contribuiu com um outro olhar para as pesquisas já realizadas na região do Porto do Itaqui com enfoque na área ambiental. A pesquisa tem importância no ambiente da saúde pública, uma vez que os dados mostram os potenciais impactos da região em relação à biota e saúde da população que consome diretamente os peixes coletados na área de influência direta do Porto do Itaqui”, conta.
A pesquisa foi produzida em três laboratórios: Laboratório de Ecotoxicologia e Biotecnologia Ambiental (Lebia) da UFMA, Laboratório de Biomarcadores em Organismos Aquáticos (Laboaq) da UEMA e Laboratório de Patogenicidade Microbiana (Lapmic) da Universidade Ceuma (Uniceuma).
Para Débora Batista, o estudo reforça as melhorias das políticas públicas, e a premiação frisa os esforço na área estudada. “O diferencial dessa pesquisa é o enfoque na saúde única e dos pilares dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODs) na melhoria de políticas públicas sobre a qualidade do pescado que está sendo comercializado entre a população. No tocante também à estadia, traz um alerta dos impactos antrópicos na região e como eles influenciam na biota aquática. O prêmio reforça o compromisso do desenvolvimento de uma pesquisa de qualidade no âmbito da rede BIONORTE e mostre o reconhecimento de uma trabalho que vem sido desenvolvido há mais de vinte anos nessa região”, afirma.
“Biomarcadores histológicos e parâmetros microbiológicos de um peixe estuarino da costa amazônica brasileira como potenciais indicadores de risco à saúde humana” é um estudo que ressalta as necessidades do meio ambiente e a essência de iniciativas que promovam a mudança da realidade da saúde social. A pesquisa também fomentou a parceria entre pesquisadores de diferentes instituições interessados na evolução ambiental.
Para acessar o artigo elaborado pelo Grupo de Análise da Política Econômica, clique aqui.
O reconhecimento e a premiação dessas pesquisas, por meio do Prêmio Porto do Itaqui, celebra o esforço e o empenho dos pesquisadores que dedicam sua vida para a evolução dos trabalhos científicos, além de fortalecer a iniciativa da busca pela inovação e o enriquecimento do aprendizado. Que os estudos apresentados possam ser estímulo para outras produções engajadas no cuidado com o meio ambiente e dispostas a tornarem as ideias em ações concretas.
Por: Aline Vitória
Produção: Sarah Dantas
Fotos: arquivo pessoal
Revisão: Jáder Cavalcante