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Poeta maranhense Salgado Maranhão recebe o título de Doutor Honoris Causa pela UFMA

publicado: 28/11/2022 11h13, última modificação: 29/11/2022 15h29

O consagrado poeta maranhense Salgado Maranhão recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” em cerimônia realizada no Palácio Cristo Rei, na Praça Gonçalves Dias, Centro de São Luís, na sexta-feira, 25. A honraria é concedida a personalidades distintas pelo saber em prol da Filosofia, das Ciências, da Técnica, das Artes e das Letras ou ainda pelo melhor entendimento entre os povos ou em defesa dos direitos humanos.

A concessão do título veio após resolução do Conselho Universitário, reunido em 10 de dezembro de 2021, por meio de videoconferência, a fim de reconhecer a figura de Salgado Maranhão pelos serviços prestados como personalidade intelectual, literária, cultural e educacional maranhense.

Presentes à mesa estiveram o reitor da UFMA, professor Natalino Salgado; o vice-reitor , professor Márcio Fábio Belo Matos; a diretora do Centro de Ciência Sociais da UFMA, professora Lindalva Martins; o diretor do Centro de Ciências Humanas, Luciano da Silva Façanha; e o diretor do Câmpus de Codó, Arlane Manoel Silva Vieira.

A solenidade teve abertura do professor Jonas Rodrigues, diretor do Centro de Ciências de Codó, que relembrou a trajetória e a produção artística do poeta. “Salgado possui uma literatura que reverbera nacional e internacionalmente. É um dos grandes poetas vivos, um seleto literato brasileiro cuja obra está na mesma base de Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Graça Aranha e tantos outros. Como letrista, está com os grandes cancionistas, como Zeca Baleiro, Papete e Alcione. Sua obra tem alcance enorme nas artes do Brasil e do mundo também”, pontuou.

José Salgado Santos nasceu no ano de 1953 em um povoado de Caxias, filho de um comerciante com uma quebradeira de coco. Salgado se define, em seus poemas, como “fruto da casa grande com a senzala”, pois seu pai era membro da alta sociedade maranhense, enquanto sua mãe era descendente de escravos. Criado por sua mãe, Raimunda Salgado dos Santos, desde cedo aprendeu o valor do conhecimento, ainda que só tenha conseguido se alfabetizar tardiamente, aos 15 anos.

Segundo o poeta, a vocação para o trato com as palavras veio na adolescência, quando se mudou para Teresina a fim de trabalhar e ajudar a família. Tendo a leitura como companhia nas noites vagas, o encanto pela poesia, em especial pela obra de Fernando Pessoa, o despertou para a produção literária. Encorajado por Torquato Neto — poeta tropicalista e amigo, de quem recebeu o pseudônimo “Salgado Maranhão” — mudou-se para o Rio de Janeiro em 1973 para dar início à sua carreira.

Em seu discurso durante a cerimônia, Salgado agradeceu o reconhecimento em sua terra natal. “Saúdo o nosso magnífico reitor, que me concedeu essa lauria nesta noite. Esta é a minha terra, e a terra nos acompanha aonde vamos. Na árvore de minha vida, o Maranhão representa minhas raízes; o Piauí, o meu caule; e o Rio de janeiro, as minhas folhas. A minha história é absurdamente improvável. Sou a construção de um escritor numa casa sem livros. Minha mãe dizia que vale muito mais ser do que ter, saber do que ter. Eu sou fruto dessa ousadia, que mudou o destino da minha família. Sou grato, pois me escolheram pelo mérito do meu trabalho”, afirmou.

A cerimônia encerrou com a fala do reitor da UFMA, que oficializou a titulação a Salgado Maranhão como Doutor da Universidade. “Há os que colocam ciência e arte em lados opostos, dizendo que a verdade é racional, e a intuição é emocional, que a razão é científica, e a poesia, subjetiva. Reconheço o antagonismo, mas concordo com Bandeira Tribuzzi em ‘Arte poética’, ao dizer que 'o poema pensa emoção e sente ideia'. Se, no corpo humano, a pele é o que se vê, e o osso é o que se esconde, o poeta é aquele que vê o osso pra entender a pele. O poeta conta com um método, que está além da atenção para descrever. O título de doutor está relacionado à produção científica, respalda-se pela via da produção de conhecimento, e Salgado Maranhão demonstra que ciência e poesia são complementares, não antagonistas. O poeta tem o sentimento do mundo, e por isso Salgado é universal”, ponderou.

 

Eu sou o que mataram e não morreu

O que dança sobre os cactos e a pedra bruta

Eu sou a luta”

(Punhos da Serpente, 1989)

 

Saiba mais

Salgado Maranhão possui mais de 50 músicas gravadas por vários artistas, como Amelinha, Elba Ramalho, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Ivan Lins, entre outros. Em 1998, recebeu o Prêmio Ribeiro Couto da União Brasileira dos Escritores. No mesmo ano, publicou “Mural de ventos”, que foi agraciado, em 1999, com o Prêmio Jabuti. Também é o vencedor do prêmio Olavo Bilac de 2011, com a obra “A cor da palavra”, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Traduzido para o italiano, francês, alemão e inglês, é destacável autor visitante de muitas universidades nos EUA.

Confira as fotos:

Honoris Causa a Salgado Maranhão - 25-11-2022

Por: Orlando Ezon

Produção: Alan Veras

Fotos: Bruno Goulart

Revisão: Jáder Cavalcante

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