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Pesquisadores realizam expedição oceanográfica no Parque Estadual Marinho do Parcel Manuel Luís

publicado: 26/05/2021 11h06, última modificação: 26/05/2021 11h06
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A bordo do Navio de Ensino e Pesquisa Ciência do Mar II, professores, pesquisadores, estudantes, técnicos de laboratório, gestores estaduais e representante do corpo de bombeiro embarcaram, no período de 18 a 20 de maio, em uma expedição oceanográfica no Parque Estadual Marinho do Parcel Manuel Luís, unidade de conservação estadual, localizada a 200 km da Ilha de São Luís e considerada a maior formação coralínea da América do Sul.

Reunindo 16 componentes entre 9 professores/pesquisadores, 2 alunos do curso de Oceanografia, 2 gestores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, 2 técnicos de laboratório e 1 mergulhador do Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão, a viagem científica teve um único objetivo: coletar informações da natureza oceanográfica, compreendendo os campos da Oceanografia Física, Química, Biológica, Geológica e da Oceanografia Social.

O professor titular da UFMA e coordenador do Núcleo de Estudo e Planejamento Ambiental Costeiro – NEPAC, Antonio Carlos Leal de Castro, destacou a relevância científica dessa expedição, que representou uma rara oportunidade de gerar informações, decorrentes da integração da oceanografia acadêmica e operacional, voltada para o manejo sustentável de um ecossistema de rara beleza cênica, extrema fragilidade ecológica e conhecimento limitado.

Já o professor Marcelo Henrique Lopes Silva enfatizou que a expedição serviu como laboratório para que sejam implantados projetos de pesquisas na área aquática. “Podemos destacar estudos que possibilitem ampliar o conhecimento da biodiversidade marinha que compõe esse importante ecossistema. Na atividade inicial, foi possível obter informações preliminares sobre a ictiofauna, como a ocorrência de algumas espécies de peixes, típicas de áreas coralíneas, que nunca foram registradas em nossa costa”, afirmou.

Durante a expedição oceanográfica, foi realizada pelo Instituto de Apoio Portuario Off Shore e Marítimo Ltda - IPOM, empresa responsável pela gestão na operação, conservação e manutenção da embarcação, a verificação do casco submerso e inspeções visuais para possíveis reparos de chapeamento, objetivando a manutenção preventiva dos sistemas e equipamentos do navio em operação.

“No aspecto físico-químico, foi possível evidenciar nítidas características oceânicas, sem qualquer influência de possíveis plumas estuarinas. A criação de um banco de dados representa uma compilação bastante peculiar que poderá fornecer subsídios para futuras estratégias de manutenção e conservação desta área pouco conhecida e estudada”, afirmou o professor James Azevedo, do curso de Engenharia de Pesca, câmpus de Pinheiro.

Pesquisadores realizam expedição oceanográfica no Parque Estadual Marinho do Parcel Manuel Luís - 18 a 20-05-2021

Para o representante institucional da UFMA e docente do curso de Oceanografia, Arkley Marques Bandeira, o potencial arqueológico do Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís atesta que na região existe uma das maiores concentrações de navios naufragados do Brasil.Apesar das medidas protetivas e do reconhecimento internacional sobre o seu potencial ambiental, cultural, histórico e arqueológico, a região ainda é um hiato de conhecimento, quando se problematiza sobre a sua importância para a construção do conhecimento. Neste sentido, urge a elaboração e execução de projetos integrados e interdisciplinares de pesquisa, ensino e extensão que possibilitem inserir esse patrimônio natural e cultural na agenda das instituições de pesquisa no estado”, explicou.

Quanto à geologia do Parcel Manuel Luís, segundo o professor do curso de Oceanografia, Leonardo Gonçalves, é uma particularidade, onde o ecossistema produtivo controla suas próprias taxas de sedimentação, criando milhões de toneladas de pilares de corais, que, ao emergirem à superfície, têm seu topo destruído pela ação de ondas, desintegrando-se em verdadeiras areias de corais. “Sua espessura, bem como a área de influência de seus sedimentos, nos contam a história evolutiva deste ecossistema ao longo do tempo, embasando estudos de diferentes cenários no âmbito das mudanças climáticas globais”, completou.

A expedição contou com a participação e colaboração do professor João Luíz Baptista, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ele conta que a atividade realizada no Parcel Manoel Luís permitiu abrir muitos horizontes para futuros estudos de Oceanografia Física na Margem Equatorial. “O parcel é um conjunto de rochas carbonáticas entremeadas por plataformas de sedimentos carbonáticos localizados em profundidades alcançáveis por mergulho autônomo raso. Portanto é um excelente local, afastado da costa, para fixar equipamentos que meçam as fortes correntes oceânicas ali encontradas, induzidas pelas marés gigantes do Maranhão. Também será possível medir com precisão as ondas que viajam em direção à costa.

Associada à inspeção do casco, de acordo com o coordenador da Coordenação de Ciências do Mar, Danilo Corrêa Lopes, foram realizados testes nos equipamentos hidráulicos, que são essenciais para a realização das manobras de lançamento e recolhimento dos botes e instrumentos de obtenção de dados oceanográficos e pesqueiros. “Foram realizados, ainda, ajustes nos equipamentos científicos e de navegação, indispensáveis na qualificação dos estudantes que fazem uso do Ciências do Mar II. Essas ações foram fundamentais para retomarmos com segurança e qualidade os embarques institucionais no navio”, afirmou.

Decorrente de uma Avaliação Ambiental Rápida e baseada em estudos científicos de curto período, atesta-se a relevância da região e configura-se a necessidade premente de pesquisas que possam subsidiar ações de manejo e proteção dessa unidade de conservação.

O reitor Natalino Salgado parabenizou a equipe que realizou essa expedição, dando ênfase às pesquisas e aos resultados encontrados, os quais contribuem para o desenvolvimento do ecossistema marinho. “Os professores, estudantes e demais participantes estão de parabéns por essa importante missão que valoriza a vida marinha e garante, com os resultados obtidos, um acervo de pesquisas que servirão para possíveis publicações, rendendo prêmios e elevando o nível das nossas pesquisas em publicações de renome nacional e internacional”, parabenizou.

Por: Sansão Hortegal

Revisão: Jáder Cavalcante

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