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Pesquisadores da UFMA desenvolvem produtos biotecnológicos para o controle do carrapato bovino
Com o intuito de promover soluções inovadoras para o controle do carrapato bovino, uma das problemáticas mais vivenciadas pelos produtores do Maranhão, a pesquisa “Desenvolvimento de produtos biotecnológicos para o controle do carrapato bovino rhipicephalus (boophilus) microplus”, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), foi uma das 17 premiadas no Prêmio Fapema - 2023, na categoria: Tese de Doutorado – Área Ciências Agrárias.
O carrapato bovino, rhipicephalus (boophilus) microplus, é um parasita de grande impacto econômico, pois causa prejuízos aos pequenos e grandes produtores. Perdas na produção de carne e de leite, esfoliação e estresse animal são condições causadas por esse parasita. No Brasil, aproximadamente R$ 3,4 bilhões de dólares, são gastos por causa desse carrapato, e, no Maranhão, a estimativa é de R$ 163 milhões de reais.
A pesquisa foi realizada pela equipe do Laboratório de Controle de Parasitos (UFMA), coordenada pela pós-doc vinculada à Rede Nordeste de Biotecnologia e docente externa da UFMA, Isabella Chaves, e orientada pelo professor do Departamento de Patologia, Livio Martins.
Processo de criação e parcerias formadas
Sendo a primeira transferência de tecnologia de um produto farmacêutico (humano ou animal) do Maranhão, a iniciativa surgiu em decorrêmcia da observação das problemáticas causadas pelo carrapato bovino, que fomenta o desenvolvimento de estudos e estratégias de controle para parasitas como esse, além do desejo em produzir pesquisas que promovam benefícios à população e o reconhecimento do trabalho.
Isabella Chaves explica que o trabalho executado durante a tese do seu doutorado contou com o estudo de dois eixos de pesquisas distintos, um software e uma formulação e ainda houve a parceria do Núcleo de Computação Aplicada (NCA) e do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). “Desenvolvimento de um software para contagem de larvas de carrapato, para automação de uma fase de um teste que a gente realiza no desenvolvimento de novos produtos carrapaticidas e também para avaliação da resistência das populações de carrapato, que hoje é uma realidade que a gente tem. A gente enfrenta populações de carrapato resistentes aos carrapaticidas comercializados, então a gente desenvolveu esse software para facilitar esses testes com o software desenvolvido com o auxílio do Núcleo de Computação Aplicada aqui da UFMA, que vem auxiliar na padronização de laboratórios que utilizam essas técnicas no Brasil e no mundo e para facilitar tanto na agilidade quanto na padronização de resultados e também no conforto e segurança”, relatou.

O desenvolvimento da formulação carrapaticida possibilitou aos pesquisadores a prática no laboratório e no campo. “Quanto ao outro produto que nós geramos, que foi a formulação carrapaticida, foi um trabalho que nós fizemos em parceria com o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Câmpus Maracanã, porque foi um trabalho que envolveu tanto testes in vivo, quanto em campo e com esse trabalho nós desenvolvemos essa formulação, que teve bons resultados e com isso a gente conseguiu realizar uma transferência de tecnologia, que foi celebrada entre a UFMA e uma indústria farmacêutica veterinária, uma multinacional, e que foi a primeira transferência de tecnologia de produto farmacêutico do Maranhão”, comentou a pesquisadora.
Segundo Livio Martins, o doutorado de Isabella fortaleceu a pesquisa que já estava em desenvolvimento. “A pesquisa de Isabella, na verdade, começou com outros estudantes, e começamos a avaliar diferentes compostos como possíveis carrapaticidas. E, posteriormente, a gente viu que alguns compostos têm boa indicação da eficácia carrapaticida. E veio Isabela, com o doutorado dela, consolidar isso e avaliar, in vitro e in vivo, esses compostos que a gente tinha selecionado anteriormente. Então, é um processo bom, é um processo rápido. Todo o desenvolvimento de doze anos vai chegar até esse final”, declarou.
A ferramenta desenvolvida pela pesquisa já foi utilizada por mais de duzentos pesquisadores em todo o mundo, disponível de forma gratuita para a comunidade científica por meio do site (solicite o download aqui). Nesse Sentido, Isabella Chaves explica sobre o funcionamento da ferramenta. “Os produtores vão ser favorecidos secundariamente, por que ela vai ser utilizada por laboratórios que fazem testes para o desenvolvimento de produtos carrapaticidas ou para avaliar populações de carrapatos resistentes aos diferentes carrapaticidas. A partir do momento que os laboratórios estão padronizados e os laboratórios têm testes mais rápidos, favorece o desenvolvimentos dos produtos e a agilidade de diagnóstico de populações resistentes”, pontuou.
Dedicação e incentivo
No decorrer do trabalho de pesquisa, os pesquisadores vivenciam diversas situações que auxiliam na formação do conhecimento e no aprimoramento acadêmico dos envolvidos. No desenvolvimento dessa pesquisa, a equipe realizou atividades in vitro, in vivo e em campo, tendo como um dos obstáculos a exposição ao sol e ao calor do dia a dia. Nesse cenário, o incentivo das instituições envolvidas é primordial para a realização de um trabalho bem-sucedido, e o orientador é essencial para motivar e mostrar que vale a pena a dedicação.
“Sem a UFMA, nada disso teria sido possível, primeiramente, por dar oportunidade de termos programas de pós-graduação em que os alunos possam, como eu, que estive aqui durante os quatro anos do meu doutorado, com toda a estrutura e apoio para estar desenvolvendo essa pesquisa e o nome da UFMA também, quando a gente vai buscar parceria, torna tudo mais fácil, e isso é extremamente importante e gratificante. O orientador é uma peça fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa, ele cumprindo esse papel de orientar, para que o aluno consiga conduzir a pesquisa até o fim, seja uma dissertação de mestrado, uma tese de um doutorado. O professor Lívio foi peça fundamental para isso.”, expressou Isabella Chaves.
Para Livio Martins, o sucesso da pesquisa é resultado do trabalho em equipe e da dedicação em colocar em prática os conhecimentos. “Temos estudantes bem dedicados, estudantes que trabalham muito, talvez a exigência seja realmente grande e que a gente faz uma ciência realmente em nível nacional. É uma equipe muito unida, muito trabalhadora, que sua muito e que também acaba um ajudando o outro. Então, temos o orgulho de ter uma equipe que avance realmente e que contribua para a formação de cada um”, frisou.
Prêmio Fapema - 2023

O Prêmio Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) reconhece a pesquisa “Desenvolvimento de produtos biotecnológicos para o controle do carrapato bovino rhipicephalus (boophilus) microplus” como solução que utiliza as ferramentas disponíveis para fazer Ciência, Tecnologia e Inovação. O reconhecimento estimula a equipe a continuar pesquisando, mostrando para a nova geração que o esforço coletivo gera bons resultados.
Isabella expôs a felicidade e a gratidão com o prêmio, que reconhece o trabalho da equipe do Laboratório de Controle de Parasitos, e cita os planos para futuras pesquisas. “O Prêmio Fapema veio como um reconhecimento, um afago depois de quatro anos de pesquisa, quatro anos de trabalho, tempo que envolveu toda uma equipe. Então, veio realmente como um reconhecimento desses anos de trabalho. Vindo de um órgão como a Fapema, que nos auxiliou tanto durante todo esse período, nos auxiliou e nos auxilia em todos os projetos possíveis, ficamos imensamente felizes e gratos. O grupo continua com a busca de novas formulações, a minha tese em si finalizou, mas trabalhos semelhantes continuam a ser desenvolvidos pela equipe em formulações distintas, para controlar diferentes parasitos, em diferentes tipos de animais, não só bovinos. Nós também temos produtos para a área de pets, para a área de ovinos e caprinos, também com o desenvolvimento de tecnologia, envolvendo computação e a inteligência artificial. Então, nós temos continuado nessa luta e esperamos não parar, trabalho com o mundo”, compartilhou.
Livio Martins enfatiza que o Prêmio Fapema é histórico para cada pesquisador e motiva a busca por mais inovações para o Brasil. Ele também conta que a conquista facilita a interação entre os pesquisadores e a sociedade em geral, sendo a mídia a ponte para essa comunicação.
Por fim, Isabella Chaves incentiva os novos pesquisadores e os graduandos da Universidade a persistirem nas suas pesquisas e nos seus projetos de vida. “Dificuldades sempre vão existir, é muito raro, eu não digo que é impossível, mas é muito raro uma pesquisa ser totalmente perfeita, sem problemas, do início ao fim. Então, as dificuldades vão existir, mas a gente tem que superá-las. E isso é o básico, os pesquisadores e cientistas, especialmente os brasileiros, são motivados e têm que ter realmente esse estímulo de que nós vamos conseguir e que em vez de a gente considerar essas dificuldades como barreiras, a gente comece a considerá-las como desafios que a gente vai superar e vai conseguir”, finalizou.
Por: Aline Vitória
Produção: Ingrid Trindade
Fotos: Ingrid Trindade
Revisão: Jáder Cavalcante