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SÉRIE PRÊMIO FAPEMA 2024
Pesquisadora da UFMA é premiada por criar bebida probiótica inovadora à base de coco-babaçu, alternativa vegetal aos produtos lácteos tradicionais
Desde 2010, uma equipe de pesquisadores da UFMA Câmpus Imperatriz, liderada pela professora Ana Lúcia Fernandes Pereira, do curso de Engenharia de Alimentos, tem se dedicado ao desenvolvimento de alternativas alimentares inovadoras. O foco dos estudos é a criação de bebidas probióticas com base em ingredientes da biodiversidade brasileira.
Recentemente, a pesquisadora foi uma das vencedoras do 19º Prêmio Fapema, uma das mais prestigiadas premiações científicas do estado, que reconhece pesquisas de destaque em diversas áreas do conhecimento. Ao todo, dezessete estudos foram premiados em seis categorias, e o projeto de bebidas probióticas à base de coco-babaçu conquistou o prêmio na categoria Inovação Tecnológica.
Ana Lúcia explicou como o coco-babaçu, um fruto típico do Maranhão, foi escolhido como base para uma nova geração de bebidas fermentadas, acessíveis a pessoas com intolerância à lactose ou que buscam opções vegetais. “A maioria das bebidas probióticas disponíveis no mercado são de origem animal, como os leites fermentados. Mas existem muitas pessoas que são intolerantes à lactose ou que simplesmente preferem evitar o leite. Então, pensamos em uma bebida fermentada que não fosse de origem animal, mas, sim, vegetal”, pontuou a pesquisadora. O coco-babaçu, presente em grande quantidade na região e de grande importância econômica e social, foi o escolhido devido ao seu valor nutricional e à possibilidade de agregar valor à cadeia produtiva local.
A proposta de criar uma bebida probiótica utilizando coco-babaçu começou em 2022, com a dissertação de mestrado do seu orientando David Samuel Silva Madeira, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia (PPGST) da UFMA. Desde então, a pesquisa tem avançado com a colaboração de outros discentes como o mestrando Thalison Sousa Machado, que está focado na melhoria da bebida e estabilidade do produto, e alunos de iniciação científica do curso de Engenharia de Alimentos. A bebida, desenvolvida com Lacticaseibacilluscasei, promete oferecer benefícios à saúde, como as bebidas lácteas tradicionais, mas com a vantagem de ser livre de produtos de origem animal.

O processo de desenvolvimento, que inclui a produção de um extrato hidrossolúvel do coco babaçu e a mistura com polpas de frutas típicas da região, como caju e buriti, segue etapas rigorosas de fermentação. A pesquisadora revelou que, apesar de alguns desafios iniciais, como a dificuldade de adquirir o coco-babaçu devido à sazonalidade, o processo está avançando conforme o esperado. “O coco-babaçu tem uma quantidade maior de gordura, o que, às vezes, pode dificultar a aparência do produto, mas não impede o crescimento do micro-organismo que promove a fermentação”, destacou.
Em termos de resultados, análises estão sendo feitas para melhorar o sabor e a aceitação do produto pelos consumidores, com previsões de comercialização após ajustes de estabilidade e armazenamento. Para garantir a proteção da propriedade intelectual do projeto, foi realizado um registro de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
A pesquisadora enfatizou que o sucesso desse projeto não só representa uma inovação no setor de bebidas probióticas, mas também traz benefícios diretos à economia local. Ao agregar valor ao coco-babaçu, o projeto ajuda a fortalecer a cadeia produtiva e contribui para o desenvolvimento sustentável da região. “Nosso objetivo é que a bebida chegue ao mercado e seja consumida por um público amplo, oferecendo não apenas uma alternativa alimentar, mas também um produto que valoriza nossa biodiversidade e fortalece a economia local”, concluiu.
Ana Lúcia possui graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará e mestrado e doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É Bolsista de Produtividade da FAPEMA (Doutor Sênior). É vice-coordenadora da Especialização em Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos. Desde 2017, participa do projeto em rede intitulado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Frutos Tropicais. É coordenadora do grupo de pesquisa Ciência e Tecnologia de alimentos desenvolvendo pesquisas com ênfase em tecnologia e qualidade de alimentos funcionais probióticos e simbióticos, secagem de sucos de frutas, elaboração de bebidas mistas, elaboração de produtos com coco-babaçu e PANC e produtos de origem animal.

Para Ana Lúcia, a premiação da Fapema é um importante reconhecimento e incentivo de um trabalho coletivo, que, além de agregar valor cultural e nutricional, tem o potencial de fomentar a inclusão de novos tipos de bebidas no mercado.
Por: Amanda Cibelly
Produção: Sarah Dantas
Revisão: Jáder Cavalcante