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Pesquisador do Câmpus de Pinheiro descobre nova espécie de peixe na Bacia Amazônica
Em artigo publicado no Journal of Fish Biology, periódico científico internacional que cobre ecossistemas aquáticos, o pesquisador Marcelo Costa Andrade, do Centro de Ciências de Pinheiro, publicou a descrição de uma nova espécie de peixe descoberta no Rio Tapajós, na região da Bacia Amazônica. Trata-se do Geophagus pyrocephalus, peixe de água doce pertencente ao gênero dos ciclídeos. O trabalho foi realizado em parceria com outros quatro pesquisadores.
Marcelo, que também é professor do curso de Engenharia de Pesca, conta que, em 2018, realizou uma expedição no Rio Tapajós junto com outros pesquisadores para estudar a importância das comunidades de peixes para a população ribeirinha amazônica. Durante a excursão, os cientistas encontraram um peixe papa-terra com características que se distinguiam das espécies até ali descritas. Então, os pesquisadores iniciaram o processo de descrição da possível nova espécie, o que resultou na publicação do artigo.
Segundo o professor, o objetivo da pesquisa foi a descrição taxonômica da espécie, ou seja, a classificação e organização de acordo com suas características biológicas. “Descobrimos que essa espécie era, sim, desconhecida pela ciência e que já era comercializada pelo comércio internacional de peixes ornamentais. Classificamos então a espécie, que hoje é reconhecida cientificamente, e assim incluímos mais um táxon à lista de peixes da biodiversidade brasileira”, relatou.
Conhecido popularmente como acará-papa-terra, o peixe recebeu a nomenclatura científica de Geophagus pyrocephalus, em que o primeiro nome significa “que se alimenta de terra” e o segundo, faz alusão à coloração avermelhada de sua cabeça. “A descrição de uma nova espécie contribui com o melhor conhecimento sobre a biodiversidade e assim a possibilidade de melhor proteger este patrimônio tão valioso. Isso garante a divulgação de um táxon único e que agora podemos saber se ele [peixe] está sendo sobre-explorado pelo comércio ornamental e assim garantir a sua preservação e também sua apreciação no hobby aquariófilo”, explicou Marcelo.
De acordo com o pesquisador, o Geophagus pyrocephalus, assim como outros acarás-papa-terras, é importante para as populações ribeirinhas, pois sua pesca pode ser tanto para a subsistência dessas comunidades como para o comércio, em que ele é vendido para o consumo e, também, para o mercado internacional de peixes ornamentais, o que envolve os ribeirinhos na extração do peixe em seu ambiente natural.
Ele explica que a extração da espécie pelo mercado de peixes ornamentais não representa, até o momento, uma ameaça à sua existência. “Apesar da exploração da espécie pelo mercado ornamental e da pesca para o consumo, a espécie ocorre em duas áreas protegidas e, portanto, tem grandes chances de permanecer sem grandes ameaças à sua existência”, ponderou. As áreas de conservação mencionadas são as Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Resex Tapajos - Arapiuns) e Floresta Nacional do Tapajós (Flona do Tapajos).
Marcelo entende que essa descoberta impacta positivamente no reconhecimento e na valorização dos cientistas e das pesquisas que realizam no contexto do ensino público. “O principal impacto da descoberta de um novo táxon é a contribuição para o melhor conhecimento da nossa biodiversidade. Já para a Universidade, eu vejo que essa descoberta é um trampolim para mostrar que cientistas da instituição realizam estudos de grande importância para a ciência e, com isso, estimula e forma novos acadêmicos empenhados para esta tarefa”, ressaltou.
Com a descrição da espécie realizada, os pesquisadores poderão se aprofundar em novos estudos para identificar as características, os hábitos e as potencialidades do Geophagus pyrocephalus.
Confira aqui o artigo completo.
Por: Bruno Goulart
Produção: Alan Veras
Revisão: Jáder Cavalcante