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Pesquisador da UFMA participa de estudo realizado no Brasil sobre a poluição por microplásticos nas regiões costeiras
O professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DEOLI) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Jorge Luiz Silva, integra parte da equipe do projeto MicroMar, cujo objetivo é investigar e analisar a contaminação por microplásticos nas praias do Brasil. Sob a coordenação do professor Guilherme Malafaia, do Instituto Federal Goiano (IFGO), o projeto reúne diversos pesquisadores de várias instituições brasileiras para avaliar e levantar dados promovendo um diagnóstico abrangente e único do tema.
Até o momento atual, foram coletadas mais de 5.500 amostras de areia e água em 588 praias, localizadas em 242 municípios/distritos nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Entre julho e dezembro de 2023, foram percorridos cerca de 4.512 km de orla. Segundo o coordenador do projeto, espera-se que até abril de 2024, a coleta seja concluída em todos os estados brasileiros litorâneos, cobrindo uma área que se estende da praia de Goiabal, localizada no município de Calçoene, no Amapá, até a Barra do Chuí, no extremo sul do Brasil.
Jorge Luiz Silva, pesquisador da UFMA que participa do projeto, explica como surgiu a iniciativa da pesquisa em microplásticos nas costas litorâneas brasileiras: “O projeto MicroMar nasceu de uma iniciativa de buscar um diagnóstico mais amplo na produção de microplásticos na zona costeira brasileira. Então, a ideia de produção de resíduos nas praias foi feita há alguns anos com vários pesquisadores, onde se levantou essa questão e o MicroMar resolveu fazer um grande diagnóstico ampliando as metodologias de norte ao sul do Brasil, aumentando o número de amostragem do litoral brasileiro. A linha de costa do Brasil está sendo quase que totalmente contemplada no esforço muito grande que envolve várias instituições, vários parceiros de instituições costeiras ou não, de vários âmbitos, federais e estaduais”, explica.
Sobre os resultados esperados para o projeto, Jorge Luiz complementa: “Nós esperamos obter uma quantidade fidedigna de formações na composição desse plástico, do microplástico, para direcionarmos ações que envolvem a questão de políticas públicas em diversas esferas (municipal, estadual e federal) e isso também pode afetar no futuro a forma do nosso comportamento, do consumo das empresas, sobre poluição e como encontramos muito microplástico, nanoplástico, que podem ocasionar disfunções nos organismos, como alterações fisiológicas, no metabolismo, inclusive influenciando na questão dos hormônios de crescimento que são importantes para o desenvolvimento dos organismos e assim fazer com que os mesmos completem seu ciclo de vida que resulta na reprodução. E isso mantém as populações, as espécies sempre se sucedendo dentro de um contexto temporal. Então, a ideia é mais ou menos essa, de pegar os resultados, trabalhar em termos da sua composição, de que polímero é, para saber a origem, normalmente muita embalagem, muito associado com o nosso modo de vida e meio de consumo”, complementa.
As amostras realizadas no Maranhão se concentram nas praias urbanas na ilha de São Luís, nas praias voltadas para o Oceano Atlântico que englobam as praias de São Luís, São José de Ribamar e Raposa e também no litoral oriental que são os Lençóis Maranhenses no município de Barreirinhas. Jorge Luiz acrescenta que a pesquisa nessas áreas é de extrema importância tendo em vista o tipo de ecossistema e o tipo de ambiente muito singular onde os pesquisadores buscam compreender melhor possíveis origens dos materiais. “Sabemos que nos lençóis maranhenses não encontramos aglomerados urbanos, mas encontramos uma quantidade muito grande de resíduos e, consequentemente, microplásticos e nanoplásticos”, conclui.
Os primeiros resultados do projeto deverão ser apresentados no evento mundial “Micro 2024 Plastic Pollution From Macro to Nano” na Conferência Internacional de Lanzarote entre os dias 23 e 27 de setembro. O projeto “MicroMar” é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Por: Karina Soares