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O que o astrônomo que previu a passagem do Cometa Halley e o dilúvio bíblico têm em comum? Professor que traduziu artigo explica

publicado: 01/02/2023 13h25, última modificação: 01/02/2023 18h33

Publicado no ano de 1694, o artigo científico “Algumas Considerações sobre a Causa do Dilúvio Universal”, escrito pelo astrônomo, geofísico e matemático inglês Edmond Halley para a Royal Society — academia científica independente do Reino Unido — foi traduzido no domingo, 29 de janeiro, por Sérgio Luis Araújo Brenha, docente do curso de Biologia do Câmpus São Luís, que descobriu relatos intrigantes de Halley sobre a causa de um possível dilúvio mundial há milhares de anos, no planeta Terra.

Edmond Halley ficou conhecido mundialmente quando se tornou o primeiro astrônomo a explicar que os cometas — corpos espaciais feitos de gelo e outros elementos congelados em seu núcleo — retornavam em determinados períodos ao Sistema Solar. Após estudos, o astrônomo inglês previu que um cometa passaria novamente em 1758 e, mais tarde, em sua homenagem o objeto recebeu o célebre nome de Cometa Halley.  

No artigo, o geofísico tenta explicar, por meio de hipóteses apoiadas nos conceitos da física, o que poderia ter ocorrido no planeta que causou a existência de leitos de conchas em altos penhascos e surgimento de montanhas que antes não existiam na geografia mundial. Em sua ponderação, ele afirmou que a Terra tem indícios de ter recebido um forte impacto de um corpo espacial no oceano, que empurrou, para o hemisfério oposto, uma grande parte da massa de água e que, além disso, tornou seco o local de origem da devastadora colisão.

Halley, segundo Brenha, prosseguiu explicando para a Royal Society que o movimento marítimo ondular continuou, mesmo mais devagar, de um lado para outro, até que, finalmente, as águas se estabeleceram da maneira que observamos hoje. O astrônomo também citou lugares que podem ter sido gerados a partir desse possível choque titânico e da deságua oceânica, como o salgado Mar Cáspio, considerado o maior lago do mundo e localizado na Depressão do Cáspio, na região da Ásia Central; e os Grandes Lagos da América do Norte e a Baía de Hudson, que têm temperaturas frias e existiram, anteriormente, mais ao norte ou mais próximos do Polo Norte.

A descoberta de fósseis de animais pré-históricos marinhos em locais terrestres poderia comprovar as suposições de Edmond Halley de que, pelo menos uma vez, ocorreu um dilúvio em escala global, com a subida do mar concomitantemente a fortes chuvas geradas após o impacto. O professor Brenha destacou a importância do pioneirismo de Halley em abordar eventos que ocorreram no planeta e que podem estar citados em documentos não científicos.

“O evento que conhecemos por dilúvio bíblico está conquistando espaço e sendo estudado e evidenciado como um evento cataclísmico global na cronologia científica. Ele se encaixa na possibilidade de ser o dilúvio universal citado pelas tradições orais e escritas de todos os povos antigos da Terra”, disse.

Acesse o artigo científico traduzido pelo professor Brenha  

Saiba mais

Sergio Brenha é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e tem mestrado em Geologia Ambiental pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é professor adjunto I do curso de Biologia da UFMA, atuando nos seguintes temas: geologia ambiental e astrobiologia.

 

Por: Layane Garcêz

Produção: Luciano Santos

Revisão: Jáder Cavalcante

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