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DIA DOS PAIS

Neste dia dos pais, conheça a história de superação e amor de Cairo Yuri e Bento Avelino

publicado: 10/08/2025 09h56, última modificação: 11/08/2025 11h22
Neste dia dos pais, conheça a história de superação e amor de Cairo Yuri e Bento Avelino

“Minha descoberta da paternidade foi um misto de emoções. Sempre sonhei em ser pai, só não imaginava que isso aconteceria enquanto eu ainda estivesse na universidade”. Ser pai sempre esteve nos planos do discente do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Câmpus Imperatriz, Cairo Yuri Avelino Nascimento.

Pai aos 24 anos, teve que se redescobrir e se reinventar para cuidar de uma nova vida que estava prestes a chegar. O que Cairo não imaginava era que sua vida e a de seu filho, Bento Avelino Camacho, seriam transformadas pela perda trágica de sua companheira e mãe de Bento, Luana Cristina Gurgel Camacho.

A descoberta da gravidez veio no final de 2020, ano em que a sociedade passava por um dos piores momentos de saúde pública: a pandemia da covid-19. “A gravidez aconteceu justamente durante a pandemia. Descobrimos no final de 2020. E, no início de 2021, veio uma nova onda de contaminação. Foi quando a Luana teve covid. Ela estava entrando no sétimo mês de gestação. Foi muito difícil lidar com tudo naquele momento. Lembro que eu estava tendo aula on-line e enviei um e-mail para todos os professores do semestre avisando que me afastaria das disciplinas, pois a Luana estava internada”, conta Cairo.

Apesar de todos os cuidados e tentativas para salvar a vida de Luana e de Bento, infelizmente, Luana faleceu, vítima de complicações causadas pela enfermidade. Bento nasceu prematuro, com 34 semanas, e, naquele momento, começava uma grande jornada na vida de Cairo. “Depois que a Luana partiu, o Bento ainda ficou sete dias internado na UTI Neonatal. Ele nasceu com 34 semanas. Naquele momento, eu já tinha largado tudo — estudos, trabalho — para me dedicar aos cuidados dele. Foi muito difícil lidar com o luto e com os desafios de cuidar de um bebê. Mas eu sempre digo que cuidar do Bento bem de perto, como fiz, foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Isso me ajudou a superar a dor”, relata.

Assim se iniciava uma trajetória de desafios e superações, tanto para Cairo quanto para o pequeno Bento, que hoje, com quatro anos, leva uma vida saudável e cercada de amor ao lado do pai e dos familiares, que foram fundamentais para o crescimento, a superação e o afeto recebido pelos dois.

Mesmo em meio a um turbilhão de sentimentos e a uma rotina completamente diferente, Cairo não desistiu do ensino superior e da meta de, com base nos estudos, oferecer uma vida melhor ao filho. “Em um primeiro momento, precisei abandonar o período. Depois, tranquei o semestre seguinte. Tentei voltar quando as aulas ainda estavam no formato on-line, mas desisti novamente, porque a rotina ainda era muito pesada. Só consegui retornar de fato quando o Bento já tinha um ano. Na época, as aulas estavam em formato híbrido, com os laboratórios presenciais e as teóricas on-line. O que me motivou a continuar foi a própria paternidade, essa necessidade de me capacitar e ser um exemplo cada vez melhor para o meu filho”, salienta.

Atualmente, Cairo está nos períodos finais do curso de Jornalismo da UFMA. Ele afirma que o desafio foi e ainda é grande, mas acredita que a formação no ensino superior impacta diretamente na criação de Bento. “Ter filhos enquanto se é estudante impacta diretamente na rotina e no rendimento, especialmente, nos primeiros meses. O que fiz para equilibrar as coisas foi respeitar o tempo de cada fase. Até que, em determinado momento, graças à minha rede de apoio, pude voltar a me dedicar aos estudos. E, quando isso aconteceu, usei a paternidade como motivação para ser um aluno melhor. Me esforcei mais e, confesso, voltei a estudar com muito mais foco. As notas e o desempenho melhoraram bastante”, relata.

Para que isso fosse possível, Cairo contou com uma grande rede de apoio formada por seus familiares e pelos de Luana, além de amigos, colegas e da própria Universidade, por meio dos professores, técnicos e discentes do Câmpus Imperatriz. “A UFMA sempre me acolheu. Estudantes, professores, servidores, toda a comunidade se mobilizou para me ajudar de alguma forma. Fizeram vaquinha, doaram roupas, brinquedos, além de todas as mensagens de carinho que recebi. Sempre serei grato a todos que se comoveram com a nossa história”, agradece.

Dia dos Pais

Desde 2021, todo segundo domingo de agosto tem sido diferente para Cairo. Hoje, ele comemora o Dia dos Pais ao lado de Bento, com muito amor, recordando a trajetória que viveram juntos e com a certeza de que tem trilhado um bom caminho de formação profissional e parental.

“O Dia dos Pais é sempre uma data especial, em que as pessoas geralmente se lembram da nossa história, e eu revisito essas memórias. Tento usar esse espaço para incentivar outros homens a cuidarem de seus filhos, a estarem realmente presentes na criação. Acredito que essa ligação entre pai e filho melhora tudo. Melhora a nossa vida na condição de homens, melhora a vida das nossas crianças e futuros adultos e, no fim das contas, melhora o mundo”.

Prestes a se formar, Cairo reconhece que a jornada acadêmica e a paternidade caminharam juntas. “Estou na fase final da graduação, no último ano. Olho para trás e vejo quanto cresci, quanto aprendi. Sem dúvidas, a Universidade foi fundamental não só para o meu crescimento profissional, mas também para o meu crescimento humano. E isso, com certeza, me ajuda a ser um pai melhor”, finaliza.

O Dia dos Pais serve não apenas para celebrar a data, mas também para reforçar a importância dos vínculos afetivos entre pais e filhos. A UFMA parabeniza todos os pais da instituição que dedicam suas vidas a oferecer um mundo mais seguro, presente e repleto de amor.

E a todos aqueles que perderam pais, mães, tios, avós, irmãos, amigos ou um conhecido para a covid-19, a UFMA deseja um caminho de luz, aconchego e conforto, sobretudo, neste Dia dos Pais.

Por: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

Fotos: arquivo pessoal

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