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Migração, Gênero e Saúde são temas do ReGHID, projeto internacional apresentado nos dias 16 e 17 de outubro, na Cidade Universitária

publicado: 18/10/2023 11h49, última modificação: 18/10/2023 23h12
Migração, Gênero e Saúde são temas do ReGHID, projeto internacional apresentado nos dias 16 e 17 de outubro, na Cidade Universitária

Relatar condições acerca da saúde de mulheres migrantes, debater direitos à saúde sexual e reprodutiva, assim como incentivar pesquisas e políticas públicas nesse contexto foram alguns dos principais temas apresentados no evento “Migração, Gênero e Saúde: por uma Política Intersetorial e Interseccional para Migrantes”, ocorrido nos dias 16 e 17 de outubro, no Câmpus de São Luís da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Coordenado pela Universidade de Southampton, Reino Unido, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a federal do Maranhão, o projeto intitulado “Redressing Gendered Health Inequalities of Displaced Women and Girls in contexts of Protracted Crisis in Central and South America”, ou simplesmente ReGHID, busca evidenciar os desafios enfrentados por mulheres venezuelanas adultas e adolescentes diante das situações de deslocamento prolongado na América do Sul e Central.

A iniciativa, desenvolvida desde 2020, torna enfática a grande relevância acadêmica e política dos processos migratórios, com destaque para o protagonismo e a visão feminina desses fenômenos, que se tornam cada vez mais recorrentes em países subdesenvolvidos, de baixa renda. Nesse sentido, um de seus principais objetivos é conhecer os desafios enfrentados pelos países receptores, que desempenham o papel de propor medidas de assistência a essa população, que também se torna alvo de discriminação, sendo colocada em diversas situações de desigualdades, como a de gênero.

No momento de abertura, realizado no Centro Pedagógico Paulo Freire, um grupo composto exclusivamente por mulheres integrou a mesa. Entre elas, estavam a pró-reitora de extensão e cultura, Zefinha Bentivi; a diretora de pós-graduação da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (Ageufma), Flávia Nascimento; a assessora técnica do departamento de gestão do cuidado integral da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Jemina Prestes; a assessora especial da vice-governadoria, Rosyjane Paula; a chefe do Departamento de Saúde Pública, Rosângela Fernandes; a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da UFMA, Carolina Abreu; a pesquisadora da Fiocruz Maria do Carmo; a coordenadora geral do projeto, Pia Riggirozzi; a coordenadora do evento, Zeni Carvalho; a pesquisadora social da Fiocruz na Amazônia, Rita Bacuri; e a diretora científica da Escola de Saúde Pública, Catarina Bogea. 

 

Em pronunciamento, a pró-reitora Zefinha Bentivi afirmou que tanto o evento quanto a mesa de abertura compõem um dispositivo de honra muito valioso, pois, com base nisso, é possível promover cada vez mais destaque e visibilidade ao público feminino. Com objetivo de esclarecer ao público a gravidade e importância de tópicos como a migração, saúde e gênero, Zefinha também realizou a leitura de um fragmento do livro “Seguir Adiante: Saúde, Cuidado E Violência Vistos Pelo Olhar de Migrantes Venezuelanas no Brasil”.

“É difícil conseguir trabalho para nós, mulheres, porque, em primeiro lugar, a maioria dos homens que são donos dos negócios querem abusar psicologicamente das mulheres. Creem que todas as mulheres são iguais e que as mulheres dão o seu corpo facilmente. Os homens querem abusar de nós, mulheres, que somos mães solteiras. Por isso trabalhei por apenas 25 reais por dia, ou mesmo por 15 ou 10. Tem sido muito difícil, para nós trabalhar um dia inteiro em uma função dura por apenas 25 reais, não é fácil. Principalmente no âmbito dos trabalhos informais, onde os homens querem abusar das mulheres. Porque você é bonita, tem um rosto bonito, ou uma bunda bonita querem abusar de você. Às vezes fazem propostas indecentes como única alternativa para te darem o trabalho. E aí, ou você decide pegar o trabalho como eles propõem, ou não trabalha”.

Para a coordenadora geral, Pia Riggirozzi, anualmente, são pensadas formas de propor políticas de economia, saúde e que reafirmem os direitos humanos, para auxiliar as mulheres desses países. “O projeto consiste em uma iniciativa de segurança da democracia, para todos os que estão vivendo aqui. O Brasil é um país muito acolhedor, e isso serve como um incentivo para continuarmos trabalhando para que essa política permaneça hoje e amanhã”, afirmou.

 

Abertura Projeto ReGHID

Em tom de agradecimento, Jemina Prestes comentou um pouco das suas impressões sobre o evento. “Quero agradecer a oportunidade de estar aqui com vocês. O objetivo sempre é que a gente dê acesso às pessoas, que a gente tente corrigir a questão da equidade, resolver as vulnerabilidades, dar atenção a quem precisa. Por isso estou aqui, para aprender e conseguir evoluir para que as políticas públicas sejam mais efetivas. Eu me sinto como uma esponjinha, que deseja absorver as questões apresentadas e levar para que possamos trabalhá-las no Ministério da Saúde."

 Por: Júlio César

Fotos: Gabriel Jansen

Produção: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

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