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Mestranda em Letras conquista segundo lugar no Prêmio Emílio Lansac Toha 2022, com o poema intitulado “O Mar de Vidro”

publicado: 24/10/2022 09h23, última modificação: 24/10/2022 16h16
Promovido pela Academia de Letras de São João da Boa Vista, em São Paulo, o poema foi publicado na página 26 da Antologia do XXX Concurso Literário de Poesia e Prosa, no dia 1º de outubro deste ano

Gabriela Lages Veloso, discente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras), ganhou o segundo lugar do Prêmio Emílio Lansac Toha, promovido pela Academia de Letras de São João da Boa Vista (ALSJBV), em São Paulo, que faz parte da Premiação do XXX Concurso de Poesia e Prosa – 2022. Ela obteve a conquista no dia 1º de outubro com o poema “O Mar de Vidro”, na categoria “Poesia 19 a 39 anos”, cuja publicação entrou na Antologia do Concurso, em formato virtual. “Fiquei muito feliz e honrada em representar a UFMA, sobretudo as mulheres nordestinas nesse prêmio, pois fui a única mulher maranhense na premiação. Que a nossa arte continue alcançando novos espaços”, comentou, com emoção.

A ludovicense Gabriela Lages, de 24 anos, é formada em Letras na Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e mestranda do PPGLetras, na linha de pesquisa em “Estudos Teóricos e Críticos em Literatura”. Ela é poetisa, escritora, colunista da Revista Sucuru, editora do Núcleo Poético de divulgação feminina – Sociedade Carolina, além de membra do projeto “Entre Vasos y Versos”, que tem a participação de escritores de diversas nacionalidades. Também já colaborou com coletâneas e revistas nacionais e internacionais.

A escritora falou que “O Mar de Vidro” foi inspirado na sua própria pesquisa de mestrado, nomeada “Frente aos espelhos de Machado de Assis e José Veiga: entre símbolos e ressonâncias”, orientada pelas professoras do PPGLetras Rita de Cássia Oliveira e Émilie Geneviève Audigier. “Na pesquisa, eu estudo as diversas representações simbólicas do espelho, por isso tenho feito um tipo de mapeamento dessas simbologias, tal como elas são retratadas na literatura mundial. Logo, a minha proposta foi transformar uma crítica literária em um texto poético”, explicou.

Influenciada por grandes exemplares da literatura brasileira que versam sobre essa temática, como “O Espelho”, de Machado de Assis; “Espelho”, de José Veiga; “O Espelho”, de Guimarães Rosa; “Água Viva”, de Clarice Lispector; “Retrato”, de Cecília Meireles; e “Através do espelho”, de Jostein Gaarder, Gabriela pôde formular seu próprio texto literário, com base nos conhecimentos adquiridos na sua pesquisa acadêmica. Veja o poema originalmente publicado na Antologia:

O Mar de Vidro

Em tua fria e funda lâmina,

encontram-se mistérios

escondidos, o medo do

confronto com verdades

ocultas, ou, quem sabe de,

simplesmente, perder-se.

 

Tua dura água reflete

e encanta os Narcisos,

levando-os ao eterno

descontentamento.

Teu lume frio revela

a fera interior que, em

vão, tenta-se esconder.

 

Espelho, és o poço mais

profundo que existe.

Em uma só mirada

atravessas as barreiras

do tempo e da vida.

Mágico, sombrio ou

verdadeiro, apenas,

és um mar de vidro.

 

– Gabriela Lages Veloso

Conforme detalhou Gabriela, o poema apresenta, no seu formato metafórico, simbologias relacionadas ao espelho, em que seu objeto pode ser considerado mágico, sombrio ou algo verdadeiro. Objeto que, por vezes, surge como protagonista das narrativas e dos versos, por representar o autoconhecimento, o medo do confronto com verdades ocultas ou verdades que não são confortáveis, porém são essenciais. “O espelho não tem barreiras no espaço-tempo e, assim como o mar, é repleto de mistérios. ‘O Mar de Vidro’ é um poema que promove reflexão, pois, se um simples objeto pode ser visto com tanta profundidade, quem dirá o mundo ao nosso redor. Portanto tudo pode e deve ser questionado, haja vista que nossas verdades cristalizadas precisam ser reformuladas”, explanou.

A poetisa deu início à sua criatividade de escrita em 2019, ainda durante a graduação de Letras na Uema. Já em 2020, teve a sua primeira publicação na Revista Intransitiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o conto O Relicário. “Primeiramente, é um grande privilégio poder escrever nesse estado que emana poesia e criou grandes escritores e poetas maranhenses. Minhas leituras são ecléticas, gosto tanto de textos em prosa quanto em versos. Leio sempre como fruição e aprendizado, mas sem perder de vista a análise crítica dos textos literários, área na qual estou me especializando”, relatou.

Assista na íntegra a premiação da vencedora no XXX Concurso de Poesia e Prosa da ALSJBV:

Saiba mais

O Prêmio Emílio Lansac Toha (1897 – 1984) faz homenagem ao homônimo autor de livros, redator e diretor de jornais paulista. Nascido em São Simão, São Paulo, contribuiu com textos em diferentes instituições culturais e acadêmicas do país, em que teve mais destaque durante a Revolução Constitucionalista de 1932.

Por: Lucas Araújo

Produção: Alan Veras

Revisão: Jáder Cavalcante

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