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Memória do coração: gratidão

publicado: 23/10/2021 11h44, última modificação: 25/10/2021 15h37

Valorizar e reconhecer as pessoas que fazem o dia a dia da Universidade Federal do Maranhão e assim a engrandecem e a expandem. Esse é o mérito da honraria Palmas Universitárias, que, todo ano, por ocasião do aniversário de nossa Universidade, distingue os nomes escolhidos pela própria comunidade. Nesse 21 de outubro, comemoramos 55 anos, realização da profecia de um homem de Deus que ousou sonhar: Dom Delgado. Ele olhou para o futuro e previu a existência de algo grandioso. Somos todos devedores de sua coragem, seu esforço e sua abnegação.

Toda instituição cresce como fruto do trabalho de cada pessoa: daquelas que estão trabalhando atualmente, daquelas que merecidamente aqui já dedicaram seus anos de labor e daquelas que já não integram esse plano da existência humana, e em especial aqueles que partiram de forma tão breve, em razão da pandemia ocasionada pelo coronavírus.

Não existe vitória singular. Somos amálgama de muitos sonhos, resultado de esforço coletivo, fruto plural da expertise de milhares que nos rodeiam. Acredito que, como servidores públicos, tudo que fizermos reflete diretamente em nossa sociedade. E, se desempenhamos nossa função com zelo e dedicação, contribuímos também para a elevação de nosso nome e de nossa história. Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos, é a frase poética de João Cabral de Melo Neto, que resume a importância do trabalho de todos.

Reconheço: todos e todas atravessamos muitas dificuldades nesses últimos meses, mas nossa disposição para aprender sempre e a capacidade fantástica ínsita à raça humana, que é de reinvenção, nos fazem ultrapassar as barreiras e continuar desempenhando nosso trabalho com denodo. É de Michel Montaigne a frase que reconhece ser o servir o público a mais honrosa das ocupações.

De maneira pessoal, sou grato a todas e a todos que alcançaram o mérito, numa escolha democrática, de serem laureados com as Palmas Universitárias. Provaram aos seus pares e a si mesmos que são dignos de receber, não apenas o reconhecimento público, mas carregarão pelo resto de suas vidas a satisfação interior daqueles que souberam honrar o legado recebido de nossos antecessores de nossa Universidade e se comprometeram a deixá-la ainda melhor para as próximas gerações. Somos 40 mil pessoas com quem a sociedade pode contar. Somos a voz, a cara e as mãos da Universidade Federal do Maranhão.

De certa forma, somos uma jovem universidade que ainda tem muito para crescer. Se consideramos que a primeira universidade do mundo — que é a de Bologna, na Itália — data de 1088, e que nossas universidades, como as conhecemos no Brasil, são dos anos iniciais do século XX, a Universidade Federal do Maranhão, criada em 1966, é uma instituição recentíssima. Ainda mais que sua interiorização se iniciou apenas a partir de 2009, quando partimos para o continente promovendo uma ampla democratização do ensino, de inclusão social, de projetos de extensão e com a oferta de novos cursos, realizando sonhos e possibilitando conquistas.

Temos hoje mais de 100 cursos de graduação nas mais diversas modalidades, mais de sessenta cursos de pós-graduação, entre 49 de mestrado e 15 de doutorado. O Maranhão todo hoje celebra a presença da UFMA, que conta com unidades administrativas em nove municípios que coordenam e agregam as cidades ao redor.

A nossa meta é sempre antecipar o futuro: temos os pés fincados no Maranhão, mas com um olhar para muito além de nossa aldeia. Queremos ser ainda mais destaque na produtividade científica em rankings nacionais e internacionais, difusores e incentivadores da pesquisa, do empreendedorismo e da inovação.

Se os tempos são outros, nosso sentimento permanece igual. A virtualização da maioria das ações não tira a emoção deste momento. Ele é sempre ímpar e deixa em nós a esperança de que os seres humanos, juntos, comprometidos, podem alcançar o que se achava impossível. Um bolo virtual é algo inédito em nossa história, mas, ao mesmo tempo, revela que as barreiras geográficas não nos afastam do orgulho de ser e pertencer à Universidade Federal do Maranhão. Que venham mais outras décadas de realizações!

 

Natalino Salgado Filho
Médico Nefrologista, reitor da UFMA, titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.

 Discurso do reitor na solenidade de concessão das Palmas Universitárias.

Revisão: Jáder Cavalcante

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