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SÉRIE PRÊMIO FAPEMA 2024

Maria da Graça é consagrada pelo Prêmio Fapema por sua trajetória inspiradora na UFMA

publicado: 21/02/2025 13h31, última modificação: 06/03/2025 09h54
Maria da Graça é consagrada pelo Prêmio Fapema por sua trajetória inspiradora na UFMA

Com quarenta e quatro anos de carreira na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a professora Titular do Departamento de Letras Maria da Graça foi consagrada com o título Pesquisador Sênior pelo Prêmio Fapema 2024, uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

Filha de imigrantes portugueses que sonhavam em proporcionar uma educação de qualidade para os sete filhos, a princípio, Maria da Graça não pensava em embarcar no mundo do ensino, sua paixão era aprender inglês, algo bem difícil na sua juventude. A professora só não imaginava que a sua paixão pelas Letras e pela Literatura levaria seus passos para a docência. A sua família teve um papel fundamental na construção de sua carreira, com o incentivo que começou de seus pais. Nesse sentido, Maria da Graça compartilha a importância do ambiente familiar e como surgiu o amor pelo curso de Letras.

“Meus pais não queriam que os filhos tivessem o mesmo trabalho de serem lavradores e não ter estudo, porque eles se ressentiam muito, eles achavam sempre que a educação é que podia te dar um meio de sobrevivência, de uma formação. Não era uma pessoa para ganhar, ser milionário, não, mas uma pessoa que tinha uma formação e que poderia ter um trabalho melhor, mais bem-remunerado, ter acesso a livros, à colação de grau, era o que eles queriam. Não vou te negar que, a princípio, eu não pensei em ensinar. Eu queria fazer letras, foi o primeiro vestibular que eu fiz, foi pela letra, porque eu queria aprender inglês, porque não tive a oportunidade, minha mãe jamais deixaria viajar para os Estados Unidos para aprender inglês, era uma coisa muito rara que as pessoas faziam, e ela se assustava com uma viagem para um lugar tão distante, de uma língua diferente, como ela saber o que estava acontecendo, né? Mas eu disse assim, eu quero aprender inglês, eu quero continuar na literatura, porque eu adorava a língua portuguesa”, disse a docente.

 Vida acadêmica

Em janeiro de 1975, Maria da Graça ingressou no curso de Letras, seguindo o seu gosto pela área e em julho desse mesmo ano, entrou no curso de Direito, pois precisava de um retorno financeiro. Em meio a muitas demandas da Universidade, concluiu os dois cursos, e a sua paixão era mesmo pela área de humanas. Em 1981, iniciou suas atividades como docente na UFMA, ocupando o cargo de professora auxiliar. Sempre em busca de formação e enriquecimento de sua carreira, Maria da Graça cursou mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (2009), doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (2014), e pós-doutorado em linguística pela UFC (2020). Atualmente, é docente titular do Departamento de Letras - UFMA.

Durante sua trajetória na Universidade, Maria da Graça participou de diversos projetos que proporcionaram uma ampla experiência como professora e pesquisadora, como o “Projeto Codó”, por meio da colaboração entre a UFMA-SESU-MEC, a iniciativa ofereceu treinamento para oitenta professores da zona rural do município. A professora comenta que as atividades realizadas no interior foram especiais para a sua história. 

“No interior, eu passei por situações incríveis, mas o que mais me admirava, que me comovia, era o interesse em crescer, a vontade de ser alguém. Você vai encontrar uma turma, não vai encontrar todos os quarenta querendo a mesma coisa. Até por uma questão de vida, de como percebe a vida, mas quando você vê, como eu vi aquele poeta, que era um senhorzinho, ensinando, ele disse: ‘mas, professora, eu preciso aprender. Sabe por quê? Porque eu quero ensinar melhor meus alunos e às vezes eu ensino errado, porque eu sei que eu escrevo errado’, mas ele fazia poemas que eu jamais faria. Então, do que é o poder de querer fazer algo ou do talento. Depois eu fui dar aula pro Proeb, que era para formar professores que não tinham a graduação. Foi algo também fantástico”, ressaltou a professora.

Com mestrado em linguística e graduação em direito, Maria da Graça explica que essas duas áreas podem se relacionar, já que as ciências sociais e humanas possuem uma ligação. “Eu tenho duas colegas, uma é do Rio Grande do Norte e outra é de São Paulo, inclusive, e elas fazem muito trabalho com o discurso do jurídico. Do mesmo jeito que eu trabalho argumentação, você pode trabalhar no texto jornalístico, você pode trabalhar no texto jurídico. Outra forma do dizer, de uma estrutura. Eu acho que sempre deram a ligação, porque, quando você trabalha com a língua portuguesa, com a linguística, você está ensinando alguém, não só a ler, mas a produzir texto. A ver os sentidos entre as ciências, todas as ciências sociais e humanas, eu acho que elas têm como relacionar”, pontuou Maria da Graça.  

Pesquisador Sênior

A Fapema consagra os professores que dedicam a sua vida para o progresso da educação, atribuindo o prêmio na categoria Pesquisador Sênior. O maior incentivador para a participação da professora no Prêmio Fapema foi o graduando do curso de Letras Ozeias Junior, que admira a dedicação da sua professora e orientadora.

“Como orientando da professora Graça desde o início da graduação, pude conhecer toda a sua trajetória no Magistério Superior, especialmente, após sua defesa de progressão a professora titular do Departamento de Letras, quando tive a oportunidade de ler seu memorial acadêmico. Suas atividades em todos os pilares da Universidade, o grande número de publicações, citações e a relevância delas para o desenvolvimento da Linguística Textual no nosso estado — uma área essencial para o ensino de Língua Portuguesa —, além de todo seu empenho com os alunos de graduação e pós-graduação, fizeram com que eu a incentivasse e ajudasse a submeter sua proposta ao prêmio. A professora Graça, ou "Gracinha", como é carinhosamente chamada por seus orientandos, tem uma vida dedicada ao curso de Letras e, consequentemente, à UFMA. São mais de quarenta anos formando professores e pesquisadores, com muita dedicação e seriedade”, expressou Ozeias Junior. 

O estudante ainda compartilha a importância da docente para o curso de letras. “A professora Graça representa todo o amor e afeto que tem pela profissão. Gracinha ama ser professora deste curso e nos demonstra isso todos os dias, tanto com suas aulas maravilhosas quanto com o carinho com que trata a todos. Aos 68 anos de idade, no auge da carreira no magistério superior, continua orientando em todas as instâncias, oferecendo disciplinas na graduação e pós-graduação, e lutando por um curso de Letras cada vez melhor. Sua marca está presente em todo o curso, desde os professores que o compõem — a maioria dos quais foram seus alunos na graduação — até sua atuação no colegiado e no núcleo docente estruturante, o que está diretamente relacionado ao andamento do nosso curso e à preocupação com cada aluno que segue adiante no ensino superior. Sou eternamente grato à professora. Estou com ela desde a iniciação científica, e foi com ela que aprendi como se faz ciência, sempre atento ao presente e à preocupação com os desdobramentos no ensino”, confessou o estudante.  

Com sua enriquecedora experiência, Maria da Graça recomenda aos jovens que busquem estudar e trabalhar com o que gostem. “Eu acho que o interesse é importante. Você acreditar que não importa o que você será, se um médico, se um grande juiz ou um jogador, que também tem sua validade, ou um professor. Uma profissão tem que ser feita com algo que você se sinta bem fazendo”, aconselhou a professora.  

A história da docente Maria da Graça é exemplo de carinho e compromisso com a profissão, são quarenta e quatro anos de carreira na Universidade Federal do Maranhão. Mesmo enfrentando problemas de saúde, não deixou de exercer a atividade que ama, a docência. Ela começou como estudante da UFMA e hoje é professora titular da instituição, sendo inspiração para a comunidade acadêmica. A Fapema reconheceu e consagrou essa trajetória. 

 

Por: Aline Vitória

Produção: Ingrid Trindade e Lucas Cássio

Fotos: Arquivo pessoal

Revisão: Jáder Cavalcante

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