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Jovem autista do curso de Letras-Português EAD da UFMA é aprovada no seletivo do IBGE
Ela reprovou muitas vezes na escola, pensou em desistir do curso de graduação e nunca tinha cogitado entrar numa instituição pública federal. Hoje, repleta de orgulho e admiração, Kríscia Taíse dos Santos Sousa Camara, estudante do curso de Letras/Português, na modalidade a distância da DTED-UFMA, conquista o primeiro lugar no processo seletivo do IBGE, um marco que exemplifica a sua devoção com os estudos e a busca pelo conhecimento.
Determinada, estudiosa e autista, Kríscia Camara enfrentou uma jornada repleta de desafios e superações. Primeiro, porque ela não conhecia seu diagnóstico de pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA); segundo, sua busca por inclusão e qualidade de vida após o diagnóstico.
"Nas escolas, sempre tive dificuldade de aprender e entender as matérias. Reprovei muitas vezes. Estudei muito nas aulas de reforço", compartilhou Kríscia, que enfrentou uma infância marcada por desafios educacionais e sociais devido à falta de compreensão sobre sua condição.
"Quando mais nova, sempre percebi que tinha alguma coisa comigo, só não sabia o que era. Na época, não tinha o diagnóstico de autismo e também ninguém sabia o que era. Somente em janeiro deste ano, obtive o diagnóstico de TEA", lembrou Kríscia. Mas sua paixão pelo português e o desejo de superar as dificuldades a mantiveram determinada a lutar por seus sonhos.
"Sempre gostei muito de português, acho muito importante a pessoa falar bem, escrever bem e ter uma boa oratória. Quando fiz a prova, nunca pensei que ia passar, porque os cursos da UFMA são muito concorridos," acrescentou, lembrando da surpresa que sentiu ao ser aprovada no curso de graduação EAD, ofertado pela DTED-UFMA, lá em 2021.
Apesar de ser mais comum ouvir falar sobre o transtorno em crianças, o autismo é uma condição para a vida inteira. A estudante revela que receber o diagnóstico, mesmo que tardio, foi fundamental para o autoconhecimento, suas relações sociais e, consequentemente, sua qualidade de vida e a busca pela inclusão nos mais diversos espaços.
O diagnóstico de autismo e as lutas de Kríscia não foram em vão. A jovem estudante, agora com 29 anos, segue para concluir a licenciatura em Letras-Português e já conquistou uma vaga como Agente de Pesquisas e Mapeamento do IBGE, no município de Grajaú.
“O apoio que obtive dos professores e da equipe da DTED-UFMA foi fundamental. No curso, tenho um tutor inclusivo, suporte que nunca tive em sala de aula. Se eu tivesse o laudo mais cedo, com certeza a assistência e as estratégias teriam sido diferentes desde o início do curso”, revela.
A acessibilidade aos cursos, a certificação dos cursos e a colaboração interdisciplinar entre diferentes departamentos e especialistas para melhorar o conteúdo e a abordagem pedagógica são pilares que sustentam a educação inclusiva promovida pela DTED-UFMA.
“Além disso, a comunicação transparente entre todos os envolvidos no processo educacional fortalece a conexão entre alunos, instrutores e tutores, criando um ambiente de aprendizado acolhedor e solidário, onde cada estudante pode alcançar seu potencial máximo”, frisa a coordenadora da DTED-UFMA, Ana Emilia Figueiredo de Oliveira.
A conquista de Kríscia não é apenas um exemplo de superação pessoal, mas também ratifica a importância do diagnóstico precoce e da educação inclusiva. Com o diagnóstico, a pessoa com autismo e a família vão entender as características do TEA e a lidar com elas no dia a dia, para que o paciente tenha mais qualidade de vida e inclusão social.
Por: Maiara Pacheco/DTED-UFMA.
Revisão: Jáder Cavalcante