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DIA NACIONAL DA CIÊNCIA E DO PESQUISADOR CIENTÍFICO

Iniciação científica e valorização da ciência: a voz dos jovens que fazem a pesquisa na UFMA

publicado: 08/07/2025 15h10, última modificação: 08/07/2025 19h09
Iniciação científica e valorização da ciência: a voz dos jovens que fazem a pesquisa na UFMA

Em um cenário onde a curiosidade é combustível para transformar realidades, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) aposta na força da juventude para ampliar as fronteiras do conhecimento. Por meio da Iniciação Científica, estudantes de diferentes cursos mergulham em problemas concretos, buscam soluções criativas e encontram na pesquisa um caminho para crescimento pessoal e profissional. São histórias contadas em primeira pessoa, entre desafios, descobertas e impactos sociais, que mostram como a ciência se faz viva e próxima, com dados que revelam a potência desse movimento coletivo e depoimentos que dão rosto e voz a quem constrói o futuro da pesquisa na UFMA.

Com a pandemia de covid-19 e os contínuos casos de Influenza, é evidente a urgência de incentivar e valorizar o campo científico que dedica seu trabalho para a solução de problemáticas que preocupam a sociedade. Com o desenvolvimento das vacinas, os casos de covid-19 e do vírus Influenza diminuíram, sendo uma iniciativa dos diversos cientistas que se empenham nessa luta. Mesmo com essa significante atuação, os pesquisadores científicos enfrentam uma constante batalha pela valorização e pelo investimento no campo de trabalho.

Buscando a mudança dessa realidade, foi instituída a Lei nº 10.221, de 2001, e nº 11.807, de 2008, que dedica a data 8 de julho para o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, homenageando a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), criada em 1948. Segundo a Academia Brasileira de Ciências (ABC), mais de 95% da produção científica brasileira são realizados em universidades públicas, confirmando a qualidade e a competência dos pesquisadores dessas instituições. 

Seguindo essa perspectiva, o diretor de pesquisa da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (AGEUFMA), Eduardo Bezerra, ressalta a essência da prática da pesquisa no ambiente acadêmico. “Tem os pesquisadores da área de ensino que tentam buscar estratégias, criar ou aplicar metodologias para ver se melhoram também as coisas na educação. Quando você se dedica para isso, está se preocupando e querendo deixar uma parcela de contribuição para o futuro. Às vezes, é só um tijolinho que vai fazer a diferença nesse alicerce lá na frente. Eu espero que as pessoas se sintam estimuladas a se dedicar, a estudar para tentar melhorar  todas as áreas, em todas as possibilidades de pesquisa, para ter embasamento e ter material para mostrar o potencial que nós temos, sem contar com os grandes potenciais que existem na UFMA. Nós temos excelentes pesquisadores aqui que se destacam, que ganham prêmios, que viajam e voltam para o Maranhão para contribuir para o estado em que acreditam”, manifesta Eduardo Bezerra.

O incentivo à pesquisa começa ainda nos primeiros passos da iniciação científica. O Dia da Ciência e do Pesquisador Científico também celebra aqueles que estão dando início a essa trajetória de descobertas. “Quanto à iniciação cientifica, é importante destacar o potencial e a qualidade que temos de pesquisadores na UFMA, mesmo em fase inicial. Pois é na iniciação científica que descobrimos os potenciais e as mentes brilhantes", salienta o diretor de pesquisa da UFMA. 

Conquistando espaço científico na UFMA

A UFMA concentra cerca de 70% de toda a produção científica do estado, resultado de um esforço constante para estimular a pesquisa em todas as áreas do conhecimento. Para isso, conta com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), que oferece apoio financeiro e orientações acadêmicas a estudantes de graduação interessados em desenvolver projetos de pesquisa. Atualmente, mais de mil alunos da UFMA recebem bolsas PIBIC, orientados por mais de 500 professores em temas diversos que vão muito além do conteúdo das salas de aula.

“A pesquisa me dá a oportunidade de trabalhar como um pesquisador de verdade, formular hipóteses, encontrar respostas e aprender a lidar com as dificuldades que surgem, contribuindo um pouco para o avanço da ciência”, destaca Eric Micael, estudante do 7° período de Oceanografia e bolsista PIBIC. Para ele, uma das experiências mais marcantes foi ter que sair da zona de conforto ao lidar com imprevistos durante o projeto. “Nessas horas, aprendemos a pensar rápido e buscar soluções criativas. Esse tipo de desafio me fez crescer bastante, tanto academicamente quanto pessoalmente”.

Outro dado que reforça a força da pesquisa na UFMA é Seminário de Iniciação Científica (Semic), que, em 2024, contou com mais de 900 trabalhos apresentados por estudantes de todos os câmpus. O evento é um dos principais espaços para que jovens pesquisadores compartilhem resultados, troquem experiências e se preparem para os desafios da vida acadêmica. Além disso, a qualidade dos projetos desenvolvidos tem sido reconhecida fora da universidade: na última edição do Prêmio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), 17 pesquisas da UFMA foram premiadas, evidenciando o impacto do trabalho desenvolvido na instituição.

Conciliando a pesquisa, a graduação e maternidade, a estudante do 5° período do curso de Comunicação Social – Jornalismo Paula Lobato enfatiza a importância da pesquisa na sua formação. "Para mim, sempre fez muito sentido estar em um grupo de pesquisa desde o início, porque me ajudou a entender muita coisa sobre o meu curso, sobre me posicionar, porque o próprio grupo fala sobre mídia e democracia, mas também fala sobre a mulher, sobre o posicionamento das mulheres, sobre gênero. Então, eu consegui ter uma visão ampla de muitas coisas. A importância da iniciação científica no ambiente acadêmico é oferecer ao aluno um local de pertencimento, porque, muitas vezes, entramos na faculdade muito deslocados, sem saber o que queremos, sem nos sentirmos acolhidos, sem nos encontrarmos. Hoje, acredito que muito dos meus posicionamentos, consigo ter por causa do próprio empoderamento que o grupo traz, já que o tema que empodera as mulheres, os alunos, nos dá lugar de fala, proporciona oportunidades de apresentar trabalho, de fazer artigos e outros”. Paula começou sua trajetória com a pesquisa no Programa Institucional Nosso Palácio: Extensão, Cultura, Pesquisa e Inovação e atualmente faz parte do Projeto Mídia e Democracia (MID).

A UFMA também vem investindo em destacar o interesse pela pesquisa desde o ensino médio. Este ano, uma novidade foi a garantia de bolsa para todos os estudantes participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM), no Colégio Universitário (COLUN). Oitenta alunos bolsistas terão a oportunidade de conhecer e praticar a pesquisa científica ainda na escola, contribuindo para formar novas gerações de pesquisadores mais preparados e curiosos.

“O que mais me motiva é poder aplicar o design em projetos que ajudam a sociedade, indo além da sala de aula para entender problemas reais e buscar soluções criativas, com apoio essencial da professora Fabiane Fernandes”, conta Erica Oliveira, aluna do 6° período de Design. Ela participa de um projeto em parceria com a Defesa Civil para criar uma história em quadrinhos digital voltada a ensinar estudantes sobre percepção de risco em desastres. “É muito gratificante saber que o design pode contribuir para a conscientização das pessoas”, destaca. Participar de projetos de pesquisa, segundo ela, também ajuda a desenvolver habilidades como trabalho em equipe, comunicação e pensamento crítico, fundamentais tanto para a formação acadêmica quanto para o mercado de trabalho.

Premiado no XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, o estudante do 10° período do curso de Engenharia de Pesca - Câmpus Pinheiro Efraim Ribeiro conta que a sua atuação no Grupo de Estudo em Tecnologia e Processamento do Pescado (Geteppe), impactou sua vida profissional e possibilitou oportunidades turísticas. “A pesquisa científica me deu a experiência que vou levar para minha vida profissional e acadêmica, pois pretendo me tornar professor. Por meio disso, já conheci vários lugares, que só foram possíveis pela pesquisa, como Porto de Galinhas em Ipojuca, ao qual levei trabalhos para o CONBEP de 2023. Essa foi uma das viagens que foi bem marcante para mim, pois pretendo voltar para conhecer mais a cidade e os pontos turísticos”.

Da iniciação científica para a pós-graduação

Do Colégio Universitário para o doutorado em Rede em Biodiversidade e Biotecnologia (BIONORTE), Thauana Oliveira é uma brilhante pesquisadora que, ainda no ensino médio, conquistou o espaço científico. “A iniciação científica é um divisor de água na vida dos jovens, principalmente quando se trata de pessoas de classe média baixa ou pobres, cujas famílias não tiveram acesso a este mundo do ensino ou pesquisa tão facilmente. Eu tive contato com a pesquisa quando era adolescente ainda, no ensino médio do Colégio Universitário (Colun), porque tive a sorte de passar em uma escola pública de qualidade e que tinha a ideologia de incentivar os alunos a pesquisar. A iniciação científica é a porta de entrada para novos pesquisadores e a importância do financiamento durante esse processo potencializa a formação de novos profissionais. São anos sendo auxiliada e financiada pelas instituições de fomento e desenvolvendo pesquisa no Estado do Maranhão. Desenvolvendo pesquisa de qualidade e dentro do nosso estado e para o nosso estado e sendo reconhecida não por mim, mas por toda minha formação e grupos de pesquisa que potencializam o conhecimento que eu atualmente tenho. É importante destacar que tudo isso também foi graças à UFMA, que me deu formação e suporte estrutural desde o ensino médio até o doutorado”, compartilhou.

A formação na graduação, seguindo os passos da Iniciação Científica, fortalece o desempenho em continuar no campo e explorar o mestrado e até mesmo o doutorado, visto que, a partir da pós-graduação, os pesquisadores sentem mais confiança em seguir na linha de pesquisa.

“Participar do PIBIC e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) foi fundamental para mim porque, além de incentivar a pesquisa, garantiu minha permanência na Universidade com bolsa ajudando em custos básicos como transporte materiais e alimentação”, afirma Gustavo Moura, graduado em História e hoje mestrando no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PPGCULT). Ele lembra com orgulho da experiência de apresentar seu trabalho na Feira de Profissões, aproximando o tema pesquisado do público jovem. “Foi essencial para minha formação porque foi a partir do PIBIC que tive meu primeiro contato com a arqueologia, área em que sigo pesquisando no mestrado e que abriu as portas para minha carreira acadêmica e profissional”, finaliza.

Ao reunir números expressivos e relatos inspiradores, a Universidade Federal do Maranhão mostra que fazer ciência é mais do que produzir dados: é cultivar talentos, estimular perguntas e criar soluções para problemas reais. Em cada projeto há o compromisso de formar cidadãos críticos, preparados para enfrentar desafios e contribuir com a sociedade. A pesquisa, afinal, não é apenas um caminho acadêmico, mas uma experiência transformadora que conecta jovens ao mundo e comprova o papel essencial da universidade pública na construção de um futuro mais criativo, consciente e sustentável.

Por: Aline Vitória e Geovanna Selma

Produção: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

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