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Informações e dados sobre o campo são disponibilizados em site lançado pela UFMA
O Estado do Maranhão é um estado eminentemente rural, atualmente, com a maior fronteira agrícola do país, o Matopiba, que demonstra a força do agronegócio no estado. Na contramão desse movimento, tem-se notabilizado a ausência de garantias e de acesso às comunidades tradicionais, tornando mais sensível a questão agrária em nosso estado. A realidade é comprovada com estatísticas como o Maranhão está no ranking como o 3°estado do país com maior número de conflitos agrários, segundo a Pastoral da Terra.
Com o objetivo de auxiliar na construção do conhecimento e no fortalecimento dos debates sobre os desafios e as perspectivas que envolvem o campo maranhense, na última terça-feira, 19, a Universidade Federal do Maranhão, por meio do Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino de Geografia, lançou o Observatório Maranhão Agrário, um site que reúne dados e informações sobre a questão agrária no Maranhão, fruto de uma pesquisa de dois anos e que deve ser contínua.
“Nós estamos lançando aqui um site, que é fruto de dois anos de pesquisa, de uma pesquisa financiada pela FAPEMA, e ele tem um objetivo: socializar informações sobre o campo no Estado do Maranhão. Então, é um espaço que congrega diversos outros espaços, nós temos uma linha do tempo, nós temos um atlas com mais de seiscentos mapas, além disso, nós temos um portal de notícias, um espaço de memória e um espaço para as publicações do nosso laboratório”, explica Ronaldo Sodré, professor do Departamento de Geociência e coordenador do Observatório Maranhão Agrário.
Segundo Ronaldo, o site traz informações desde a estrutura produtiva agrícola passando pelas violências no campo e economia do Maranhão. O site já está disponível e vai continuar sendo alimentado com os resultados das pesquisas, com os trabalhos de mapeamentos e acompanhamento realizados das diversas situações do complexo quadro das regiões no estado.
Robert Leal, superintendente de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos, analisa que os dados disponíveis terão um grande impacto nas ações governamentais. “Eu acho fundamental o lançamento do Observatório levando em consideração os dados que vamos poder usar com base nas informações contidas lá, com base nesses mapas. Hoje, há um índice grande de conflitos agrários no Maranhão. A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedop), Governo do Estado, por meio da Comissão Estadual de Combate e Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (COECV), por meio desses dados, vai poder ter informações fundamentais, e a gente vai poder concentrar a nossa atuação. Em determinados lugares, há conflitos mais acirrados, então, a gente vai poder buscar qual tipo de política pública a gente pode implementar nesses determinados estados. Qual tipo de prevenção a gente pode tomar, qual meio podemos tomar para poder atuar no enfrentamento à violência no campo e a violência contra os direitos humanos”, pontuou o superintendente.
O impacto também pode ser observado nas comunidades, como observa Ronaldo Sodré: “nós temos o objetivo e já estamos fazendo isso de alimentar esse site em parceria com os movimentos sociais, com trabalhadores rurais, com sindicatos. Eles disponibilizam informações para nós, e nós as colocamos no site. Então, serve como um instrumento até mesmo de denúncia de diversas situações que nós temos no estado”.
Rosângela Fernandes, diretora de Pós-graduação da Ageufma, pondera sobre a importância do site para a Universidade, considerando que a pesquisa pode fundamentar outras tantas investigações. “Para a UFMA, é um instrumento de análise do espaço geográfico, o maranhense, e para facilitar discussões, facilitar pesquisas de todo o cenário agrário”, salienta Rosângela.
Além dos resultados que transcendem os muros da Universidade, ressalta-se o caráter de formação, uma vez que toda a pesquisa até o lançamento do Observatório foi realizada por alunos da graduação.
“O Observatório Maranhão Agrário foi uma importante contribuição para a nossa formação na condição de estudantes. E eu acho que o grande diferencial dele é que ele foi inteiramente desenvolvido por alunos. A gente é aluno do curso de geografia, mas a gente também contou com o olhar interdisciplinar. A gente trouxe alunos do curso da ciência da computação, que desenvolveram o site, um aluno do curso de design, que fez as ilustrações. E o nosso site tem essa importante contribuição de contar essas motivações que levaram o Maranhão hoje a ser um dos estados mais violentos no campo e hoje estar sendo considerado, nos últimos 15 anos, como um estado com o maior número de conflitos no campo. Então, eu acho que é uma iniciativa riquíssima e eu acho que contribui muito para a minha formação dentro desse processo”, declarou Gustavo Sousa, discente de geografia e integrante da equipe do Observatório.
O Observatório Maranhão Agrário se estabelece como um recurso essencial para pesquisadores, estudantes e a comunidade em geral, promovendo uma compreensão mais profunda das dinâmicas agrárias no Maranhão e contribuindo para o debate sobre a necessidade de políticas públicas e de justiça social no Maranhão.
Por: Ingrid Trindade
Fotos: Ingrid Trindade
Revisão: Jáder Cavalcante