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Inaugurado o Memorial Gonçalves Dias, que exalta vida e obra do poeta maranhense no Palácio Cristo Rei
No dia 6 de setembro, a memória de Gonçalves Dias ficou mais reluzente em São Luís: na semana que a cidade comemorou seus 410 anos de fundação, a capital maranhense ganhou mais um presente, com a inauguração do Memorial Gonçalves Dias, no Palácio Cristo Rei, Centro. O espaço é uma parceria entre a Universidade Federal do Maranhão e o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secma) e do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Mham).
Natural da cidade de Caxias, no Maranhão, Antônio Gonçalves Dias, de forma lírica contou e encantou em sua poesia, exaltando a pátria, as belezas naturais do país e principalmente de sua terra natal. Sendo um dos introdutores do romantismo no Brasil, o poeta maranhense abordou elementos típicos desse estilo literário, como o amor, a saudade e a melancolia, além disso, trouxe o índio para seus poemas, abrindo novos horizontes para a literatura brasileira.
Na ocasião, o secretário da Secma, Yuri Arruda, pontuou que o Memorial é um espaço que visa deixar viva a história e obra de Gonçalves Dias e é mais um passo para as comemorações de seu bicentenário no próximo ano. Já o reitor da UFMA, Natalino Salgado, pontuou a parceria com o Governo do Maranhão como exitosa e fortalecedora do ensino superior e do papel da Universidade, colocando para a comunidade e para os visitantes que vêm a São Luís “esse grande presente”, em suas palavras, onde todos podem conhecer mais sobre a literatura e importância de Gonçalves Dias.
Segundo a diretora de Assuntos Culturais (DAC) da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da UFMA, a professora Roselis Câmara, a exposição conta com obras e artefatos do poeta, jogos interativos, histórias da vida pessoal, bem como um fragmento do barco Ville de Boulogne, onde o poeta faleceu, em 1864, quando a embarcação, vinda da Europa, naufragou próximo a São Luís. Apesar de muitos materiais terem se perdido no naufrágio, o memorial buscou resgatar algumas réplicas de objetos, como uma máquina de escrever do poeta.
Com a inauguração do Memorial, o Palácio Cristo Rei passa a contar com dois importantes equipamentos de cultura: no mirante, o Memorial Gonçalves Dias, e no térreo, o museu da Universidade, que conserva a memória da Instituição.
Saiba mais
Considerado um dos melhores poetas do Brasil, Gonçalves Dias é patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras. Filho do comerciante português João Manuel Gonçalves Dias com a brasileira Vicência Ferreira, Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823. Entre as funções que exerceu, foi professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, uma das principais escolas do período imperial e que ainda se encontra em atividade até hoje.
Em terras cariocas, também foi um dos fundadores da Revista Guanabara, que tinha como um de seus colaboradores Machado de Assis. Trabalhou também escrevendo para vários jornais, como o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e o Correio da Tarde. Além disso, o autor também escreveu algumas peças teatrais.
Entre suas obras e poemas, estão: Canção do Exílio, Primeiros Cantos, Os Timbiras, Últimos Cantos e I-Juca Pirama, este último é considerado o maior poema do romantismo brasileiro, dividido em dez partes e narrado em terceira pessoa, em que é caracterizado pela fusão do dramático, do lírico e do épico.
Sua poesia ficou registrada na história nacional, ao ter os versos “nossos bosques têm mais vida” e “nossa vida mais amores” incorporados a um dos maiores símbolos do país, o Hino Nacional. A poesia de Gonçalves Dias está também marcada na história da UFMA, ao fazer parte do brasão da Universidade, em que se encontra o verso “a vida é combate”, retirado da “Canção do Tamoio”:
“A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar!”
Por: Alan Veras
Fotos: Bruno Goulart
Revisão: Jáder Cavalcante