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HU-UFMA realizou 45 dos 47 transplantes de córneas em março no Maranhão
Transformar a dor em um gesto de amor ao próximo é o que move a doação de órgãos. O “sim” dito pela família de um ente falecido traz esperança para quem ainda está lutando pela vida. No mês de março, o Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), atingiu um número expressivo de transplantes de córneas, graças à conscientização das famílias. De um total de 47 transplantes realizados no estado, 45 foram no HU-UFMA. Um número significativo para um único mês, deixando um marco na história da unidade hospitalar.
Para o gerente de Atenção à Saúde, Dyego Brito, essa marca é muito representativa para as equipes do hospital. “Para ter um transplante bem-sucedido, existem muitas etapas anteriores e um trabalho incansável de diversas equipes assistenciais que se dedicam desde o acolhimento e diálogo com a família do doador, até a logística e operacionalização do procedimento. Então, saber que esse trabalho está tendo um impacto grandioso na vida dos usuários, no caso em questão, devolvendo a possibilidade de enxergar o mundo e abrir portas para experiências antes impensadas para tantas pessoas, nos dá a motivação para continuar o trabalho com cada vez mais empenho e assim impactar mais vidas”, afirmou.
Esse aumento de transplantes é fruto do crescente número de famílias que dizem “sim” à doação. Quanto mais pessoas doam, mais vidas são beneficiadas, a exemplo da enfermeira, Viviane Martins, de 42 anos, que mora no município de Santa Inês, interior do Maranhão. Desde os 17 anos ela começou a perder a visão gradativamente. Só no ano de 2017 teve o diagnóstico confirmado para ceratocone nos dois olhos. Em 2019, entrou para a fila do transplante de córnea. Enquanto aguardava sua vez, o olho direito ficou ainda mais comprometido, perdendo a visão total, enquanto o olho esquerdo possui menos de 40% da visão, já que o ceratocone é uma doença degenerativa da córnea.
Novas possibilidades após o transplante
O transplante veio como uma chance de ressignificar sua trajetória. “Já tem sete meses que estou transplantada e sou muito grata ao meu doador, a sua família e a toda a equipe do hospital. Estava com uma vida comprometida, e a cirurgia me possibilitou grandes conquistas. Consegui tirar minha carteira de habilitação, voltei a trabalhar normalmente. E tudo isso só foi possível porque uma família disse sim para a doação de órgãos que me ajudou significativamente”, afirmou Viviane.
A enfermeira fez questão de deixar um agradecimento público. “Depois que recebi sua córnea, passei a olhar as coisas literalmente com outros olhos. O simples fato de poder enxergar o mar novamente com as suas cores vibrantes e admirar o entardecer e o pôr do sol é a melhor alegria do mundo”, pontuou com o coração cheio de gratidão.
Conscientização faz a diferença
De acordo com a responsável médica do Banco de Olhos e chefe do Setor de Córnea do HU-UFMA, Roberta Farias, o transplante de córneas é a substituição do tecido da córnea que deveria estar transparente, porém está doente, manchado de branco ou com curvatura muito aumentada ou até perfurado. No transplante, há a substituição por uma córnea doada transparente. O procedimento é indicado nos seguintes casos: distrofia de Fuchs; ceratopatia bolhosa do pseudofacico; leucomas; perfurações oculares; ceratocone avançado, este último responsável por comprometer a visão da Viviane.
Por isso, é importante frisar que as doações estão diretamente relacionadas à conscientização da população sobre o tema, para que Viviane e tantas outras pessoas possam ter suas vidas com mais qualidade. Ela segue fazendo acompanhamento no Centro de Referência em Oftalmologia do HU-UFMA, após transplante no olho direito, e logo precisará entrar de novo na lista de espera para o olho esquerdo. Como o ceratocone é hereditário, seu filho de 16 anos também desenvolveu e precisará de um transplante. Mas a esperança segue firme com eles.
Banco de Olhos
O HU-UFMA é o único hospital no Maranhão que possui um Banco de Olhos. Funciona ininterruptamente, realizando busca ativa no HU-UFMA e em outras instituições. As visitas ocorrem principalmente em UPAS, Instituto Médico Legal (IML) e Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Também recebem notificações feitas por outros hospitais e suas Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).
“Após recebida a notificação, a equipe faz a triagem e a avaliação do potencial doador para posterior abordagem à família quanto ao desejo de doação e, em caso de positiva familiar a equipe procede com a captação do tecido que posteriormente será avaliado, tratado e acondicionado no Banco de Olhos, para posterior dispensação para o transplante de córneas”, explicou a chefe da Unidade de Transplante do HU-UFMA, Priscila Monteiro de Almeida.
Roberta Farias complementou que o maior trabalho no Banco de Olhos é conscientizar as pessoas da necessidade de doação. “Uma doação de córneas só é feita após a morte, e, portanto, precisa da autorização dos familiares diretos para poder conseguir essa autorização. É possível captar as córneas tanto de pacientes com o coração parado, ou seja, aquele paciente que morreu em casa, que teve um infarto, foi atropelado na rua e que já entrou sem vida no hospital, como também é possível captar do doador de morte encefálica. Um doador faz duas pessoas voltarem a enxergar, e a gente precisa conscientizar as pessoas da necessidade da doação”, frisou.
Priscila Monteiro de Almeida, reforçou que o número conquistado no mês de março trouxe esperança. “Significa mais de um transplante por dia. Se esse ritmo for mantido por um pouco mais de um ano, poderíamos zerar a lista de espera por transplante de córneas”, afirmou. De acordo com dados da Central Estadual de Transplantes do Maranhão, atualmente possuem 740 pacientes aguardando para ter a possibilidade de voltar a enxergar.
As notificações para o Banco de Olhos podem ser feitas pelo WhatsApp institucional: (98) 98882-8802.
Sobre a Ebserh
O HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por: HU-UFMA
Revisão: Jáder Cavalcante