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Grupo de Pesquisa da UFMA realiza a V Jornada GEPEDIS e III Encontro Internacional de Análise do Discurso – Cultura, corpo e brasilidades

publicado: 25/09/2024 10h35, última modificação: 30/09/2024 09h43
Grupo de Pesquisa da UFMA realiza a V Jornada GEPEDIS e III Encontro Internacional de Análise do Discurso – Cultura, corpo e brasilidades

O Grupo de Pesquisa em Discursos, Interseccionalidade e Subjetivações (Gepedis), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), realizou, nessa terça-feira, 24, a cerimônia de abertura da quinta edição da Jornada Gepedis e do III Encontro Internacional de Análise do Discurso, com o tema “Cultura, corpo e brasilidades”. O evento continua nos dias 25 e 26, no Auditório Mário Meireles, do Centro de Ciências Humanas (CCH) da UFMA, Câmpus Bacanga.

A V Jornada GEPEDIS e o III Encontro Internacional de Análise do Discurso – Cultura, corpo e brasilidades é uma iniciativa organizada pelo Gepedis com o objetivo de expor as pesquisas realizadas acerca da noção de brasilidade, dentro do campo da Análise do Discurso em conversa com os campos da História, Educação, das Ciências Sociais, da Literatura e Arte, abordando os estudos de gênero, interseccionalidade e decolonialidade.

A abertura

A cerimônia de abertura, que teve início com a apresentação cultural de Mestra Roxa e suas caixeiras, da caixeira Régia, da tradicional Festa do Divino, e contou com a presença de pesquisadores, de diferentes instituições brasileiras, que discorreram sobre a prática da pesquisa e produção de conhecimento dentro do campo da Análise do Discurso com a temática cultural marcada pela relação entre a produção de corpos e subjetividades, assim como a constituição e disputas de brasilidades.

Após a apresentação cultural, a cerimônia seguiu com uma apresentação realizada pela coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Discursos, Interseccionalidades e Subjetivações e organizadora do evento, Glória da Ressurreição Abreu França, que discorreu sobre as temáticas levantadas pelo grupo durante a pesquisa realizada no último ano.

Em seguida, foi realizada uma mesa-redonda com a temática “Uma Análise do Discurso à brasileira: epistemologias encruzilhadas”, contando com a presença de alguns convidados, como a doutora em Linguística e secretária executiva do CCH-UFMA, Maisa Ramos Pereira; a vice-líder do grupo de pesquisa Discurso, Tecnologia e Divulgação do Conhecimento (CEFET-MG), Mariana Cestari; Ana Josefina Ferrari, professora do Programa de Mestrado Profissional em Ciências Ambientais na UFPR Litoral e integrante do Grupo de pesquisa "Mulheres em Discurso"; e  o professor do Programa de Mestrado da UFMA, no Centro de Ciências de Bacabal, José Antônio Vieira.

Como parte do evento também esteve disponível, no Hall do CCH, a Exposição Fotográfica “Saberes e Fazeres das comunidades populares tradicionais: aprendendo com a experiência”, coordenada pela professora do Programa de Pós-Doutorado em Cultura Popular da UFMA, Dulcineia de Fatima Ferreira, que apresentou fotos de alguns territórios de comunidades populares do Maranhão.

As intervenções culturais tiveram o propósito de enriquecer a carga cultural da Jornada Gepedis e a discussão levantada sobre cultura, corpo e brasilidades.

Sobre a Jornada

A organizadora do evento, Glória França, explica que poder realizar a Jornada GEPEDIS na UFMA e ter a presença dos convidados especialistas é muito importante para a formação dos alunos do grupo que buscam conhecer mais perspectivas sobre as questões em pauta.

“É um evento muito importante pelo fato de que nós somos um grupo novo, e ter o nosso projeto de pesquisa aprovado pelo CNPQ e ter o apoio da CAPES são componentes essenciais para a gente poder trazer convidados de outras regiões, de outras instituições, trazer nossos alunos do interior, que, para participar do evento aqui em São Luís, têm toda uma logística e um aparato que possibilita o momento de troca, um momento de explanação científica em que nossos alunos possam ter acesso a pessoas que só conhecem pelos livros, que são as referências teóricas para o campo da análise do discurso, estarem aqui presencialmente, já é um ganho enorme”, afirma.

A aluna do curso de Letras Luana Oliveira explica como sua trajetória acadêmica está ligada diretamente ao tema central da Jornada e como participar do evento é algo que lhe permite uma troca de conhecimento e aprofundamento muito importante.

“Essa já é a minha segunda Jornada GEPEDIS, e falar do grupo de pesquisa e falar da jornada é falar um pouco da minha história no próprio curso de Letras. Porque fala um pouco da minha história como pessoa porque eu vim de um local, eu vim de uma cidade e de uma família que sempre falou muito de cultura e muito ligada à umbanda e ligada ao catolicismo. Então a minha pesquisa com o Gepedis é muito voltada nesses entrelaces, tornando a história da Luana como graduanda e a história da Luana como pessoa, indissociável uma da outra. Atualmente, estou fazendo o meu TCC, que trabalha com sentidos de cultura no Carnaval, baseado bem forte no próprio Desfile da Grande de Rio de 2022, e é muito importante para mim participar da Jornada para conhecer mais formas de entrelaçar o lado acadêmico e a minha bagagem cultural, ainda mais com o tema desse ano sendo da cultura e brasilidade”, declara. 

A interseccionalidade na pesquisa 

Um tema muito discutido durante todos os momentos da Jornada é o da interseccionalidade, o estudo das questões sociais que influenciam na identidade de uma pessoa e sua relação em sociedade. Gloria França explica de que maneira o estudo realizado pelo Gepedis acerca da noção de interseccionalidade foi responsável por pensar a Jornada como um evento que discute esse tema central dentro do campo da cultura, corpo e brasilidade.

“A dimensão da interseccionalidade é uma noção que vem dos estudos sociais, mas que a gente, tem trazido para o campo da linguagem, mais especificamente, o campo da análise do discurso, como uma provocação teórica, para que se pense e se repense, de que modo a gente pode pensar a produção de sentidos na linguagem, e a produção de sujeitos na sociedade. Essa questão gira em torno de pensar em uma implicação de três dimensões, que são as questões de classe, porque as questões de classe marcam o nosso lugar, nosso sentido projetado, mas também a dimensão de gênero e de raça. Então, a interseccionalidade propõe pensar de modo imbricado e de modo incontornável o Brasil com todas as suas contradições explicitando justamente essa tríplice orientação”, esclarece a professora.

Além disso, a interseccionalidade é um dos temas principais presentes também no livro “Gênero, raça e colonização: brasilidades em discurso”, da professora Glória França, que será lançado no segundo dia da Jornada, 25, com uma discussão mediada pelas professoras Mónica Zoppi Fontana do Departamento de Linguística no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP, e Maísa Ramos, do Cento de Ciências Humanas da UFMA. O livro apresenta uma análise do discurso que leva em conta o próprio conceito de ser brasileiro e os aspectos que atravessam o discurso do turismo do Brasil, como explica a autora.

“Nesse livro, eu começo a desenvolver a própria noção de interseccionalidade. Nele, eu falo em processo de identificação interseccional para pensar justamente o sentido de ser brasileiro. Então a gente vai ver que, em geral, as contradições raciais, as contradições sexuais de gênero, já que nós somos uma sociedade patriarcal, de dominação patriarcal, e as contradições são provenientes do imaginário que ainda existe da colonização”, concluiu Glória França.

A V Jornada GEPEDIS e III Encontro Internacional de Análise do Discurso – Cultura, Corpo e Brasilidades continua nos dias 25 e 26 e é um evento que demonstra o compromisso da UFMA com a integração científica e troca de conhecimentos e experiências do corpo discente e docente da instituição, assim como o campo da arte e cultura local.

Por: Pedro Correa

Revisão: Jáder Cavalcante

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