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Grupo de Estudos Culturais no Maranhão desenvolve pesquisa sobre Caminhos da Boiada na Ilha de São Luís
Associada ao Grupo de Estudos Culturais no Maranhão (Gecult), o projeto de pesquisa “Caminhos da Boiada” teve início em 2020. O trabalho tem por objetivo mapear e ampliar os caminhos trilhados pelos grupos de Bumba Meu Boi (BMB) para que a população possa identificar e reconhecer seus terreiros. A pesquisa também se transformou em um projeto de extensão, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e conta com o financiamento do Sebrae em parceria com a Fundação Sousândrade. Participam quatorze pesquisadores – bolsistas e voluntários – integrando professores, pesquisadores e estudantes das áreas de comunicação, informática e turismo.
O complexo cultural BMB faz alegoria a um boi manipulado por uma pessoa denominada miolo e, junto dele, costumam dançar várias personagens, em que, inclusive, há demonstrações de artesanato, dança, mitos, música e teatralidade. A festa é um ritual de resistência que traz alegria ao cotidiano de dificuldades do povo maranhense, mesclando a diversão com críticas sociais.
Aproximadamente 450 comunidades são contempladas com essa cultura. Estão sendo catalogados, no momento, noventa terreiros situados em São Luís, incluindo Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar, com seis sotaques principais: Matraca, Costa de Mão, Alternativo, Zabumba, Orquestra e Baixada.
A origem do nome “Caminhos da Boiada” se refere a uma rua do Centro da cidade, atualmente denominada Rua Manuel Jansen Ferreira, por ser parte da rota feita pelo gado no início do século XX. Naquela época, as manifestações do BMB eram perseguidas por causa da cultura escravista e preconceituosa que proibia as festividades de povos negros.
O trabalho tem sua importância no registro e na valorização da tradição do festejo popular: “O movimento de ir até as sedes, fotografar e gravar entrevistas com os representantes dos bois e brincantes, para alimentar uma plataforma on-line, faz com que a gente não só escute e divulgue histórias valiosíssimas, mas também ajude a construir um pilar forte da nossa memória”, detalha a bolsista e fotógrafa do projeto, Juliana Ribeiro.
Na primeira fase, foram realizadas pesquisas documentais e análise de listas da Secretaria de Estado e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tendo como resultado um mapeamento inicial dos grupos para identificar os endereços, gerando um mapa impresso. Nesse mapa, foi feita a visualização cartográfica da Ilha de São Luís, com pontos de acesso aos grupos e a suas sedes, com informações que remetem a um mapa digital.
A metodologia leva em conta a vivência nas comunidades. “Eles observam e conversam com os brincantes, tornando a pesquisa mais colaborativa. Essa nova forma de pesquisar assume que o pesquisador também é um sujeito, ou seja, os brincantes que cedem entrevistas também estão compartilhando seus conhecimentos, indicando a forma como querem ser vistos”, ressalta a coordenadora do projeto, professora Letícia Conceição Martins Cardoso.
Em dois meses de execução da segunda fase, já foram visitados mais de 45 comunidades. “Sinto-me muito privilegiada por poder ouvir as histórias e os pensamentos de pessoas que são mestres da nossa cultura e poder mergulhar mais ainda nela. Sempre saímos das sedes com ensinamentos e convites para participar de ritos dos bois”, expressa Juliana.
Caminhos da Boiada conta, atualmente, com três ferramentas em desenvolvimento, entre eles, o site, o aplicativo para celular e o diagnóstico turístico. O site servirá tanto de banco de dados para pesquisadores, quanto portfólio para os próprios grupos. Já o aplicativo é uma versão do site voltado para o celular, tendo um intuito de contribuir para a identificação de terreiros dos bois, que funcionará com a tecnologia de georreferenciamento. O terceiro produto tem por objetivo produzir um roteiro turístico baseado nas informações que estão sendo levantadas nas comunidades e, com base nele, traçar um diagnóstico sobre as condições materiais e estruturais dos grupos para receber visitações turísticas.
Confira o instagram do projeto cliclando aqui
Saiba Mais
O Grupo de Estudos Culturais no Maranhão (Gecult) é um grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão e integra a linha de pesquisa Comunicação e Práticas Culturais do Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação (Obeec). Confira abaixo os participantes do projeto.
Coordenação Geral
Profª Drª Letícia Cardoso
Consultores
Profª Drª Raquel Noronha
Profº Drº Márcio Monteiro
Profº Drº Francisco Silva
Profº Drº David Bouças
Pesquisador Jandir Gonçalves
Pesquisadores
Fellipe Reis
Juliana Ribeiro
Hannah Letícia
Laís Costa
Ruth Barbosa
Design
Anderson Ribeiro
Juliana Ribeiro
Desenvolvimento do Site
Paulo Marques
Desenvolvimento do APP
Luís Laurindo
Por: Karla Costa
Produção: Alan Veras
Revisão: Jáder Cavalcante