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Graduanda em Letras - Francês elabora estudo sobre as famílias retratadas em anúncios de construtoras imobiliárias
“Eu ouso dizer mais, que a ciência é lugar de resistência, pois, ‘eu ando pelo mundo prestando atenção, em cores que eu não sei o nome, cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores...’ A ciência e a linguagem nos fazem prestar atenção num mundo onde há tantos ditos em silêncio e tantos não ditos ululantes. E esses ditos e não ditos são cores”: foi assim, parafraseando a canção “Esquadros” de Adriana Calcanhotto, que a graduanda em Letras - Francês Lissia Maria Protázio definiu a sensação da conquista da aprovação do Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Imaginários de família: análise discursiva de anúncios de construtoras imobiliárias de São Luís/MA”. A monografia foi orientada por Glória França, professora do Departamento de Letras (Deler), cuja pesquisa buscou analisar os discursos propostos por anúncios de construtoras de moradia em suas características verbais e imagéticas.
O tema do TCC foi idealizado a partir de um questionamento da filha de Lissia, Alice. “Ela, ao se deparar diante de um banner publicitário de um condomínio fechado, incisivamente nos indagou: ‘Por que nesses anúncios só tem esse tipo de família? Por que não tem famílias como a nossa, eu, a senhora e a tia Geysa, já que também moramos em condomínio fechado?’. Essa pergunta foi muito importante para me fazer refletir sobre os muitos efeitos de sentidos sobre família projetados a partir desses anúncios de venda de moradias e, a partir daí, analisar os seus discursos”, contou Lissia.
Lissia optou pelo uso das modalidades discursivas do filósofo francês Michel Pêcheux como parâmetros analíticos e de abordagem. A análise, embasada no aprendizado absorvido durante o curso, tem o intuito de colaborar para a ideia de que o texto não é um conjunto de enunciados ou uma simples mensagem, mas uma materialidade discursiva que recebe intervenção do já dito, da memória, do sujeito e da ideologia. O ângulo proposto pela pesquisa permite a percepção deste silenciamento da representação da família nos textos e imagens selecionados, e em outros formatos também.
A apresentação do trabalho foi um misto de nervosismo, alívio e contentamento, como contou a graduanda. “Concluir este ciclo na UFMA é sinônimo de vitória e regozijo pra mim. O meu ingresso à essa casa se deu de forma muito dolorosa e que exigiu de mim muita força e coragem para continuar, dadas as circunstâncias em que me encontrava há quase 10 anos, após várias e necessárias interrupções do meu curso. Não desisti porque sempre soube onde queria e quero ainda chegar”, concluiu Lissia.
Por: Andressa Algave
Produção: Laís Costa