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Extensões em Saúde da UFMA fortalecem atenção básica e formam profissionais comprometidos com a comunidade
A extensão universitária tem papel fundamental na aproximação entre Universidade e sociedade. Um exemplo disso é o projeto “Extensão em Saúde: Ações da UFMA para Fortalecimento das Comunidades”, que, desde outubro de 2024, vem impactando a vida de moradores da Vila Embratel, em São Luís. A iniciativa é desenvolvida pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio dos Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), Saúde e Ambiente (PPGSA) e Saúde do Adulto (PPGSAD), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS).
Com duração de um ano, encerrando-se em outubro, o projeto atuou diretamente na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Embratel e já mobilizou cerca de 150 pessoas, entre estudantes, professores e técnicos para sua realização.
Cuidado na prática
Os trabalhos de Extensão Universitária representam um elo fundamental entre o conhecimento acadêmico e as necessidades reais da população. No campo da saúde, esse impacto é especialmente perceptível, pois as atividades desenvolvidas se traduzem diretamente em benefícios concretos para a comunidade ao redor do câmpus.
Por meio de iniciativas que fortalecem a atenção básica, como palestras, capacitações, rodas de conversa e campanhas educativas, o projeto promoveu a disseminação do conhecimento científico de maneira acessível e prática. As atividades buscaram levar à reflexão e adoção de hábitos saudáveis, com informações de interesse público.
Entre as principais ações, destacou-se a capacitação de agentes comunitários de saúde no uso de testes rápidos para o diagnóstico precoce de doenças negligenciadas. Além disso, houve uma palestra sobre fitoterapia, promovida pela extensão da UFMA, que difundiu o uso racional de plantas medicinais e de práticas integrativas. Ações sobre saúde mental e palestras educativas sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também foram destaque.
Como parte da programação, foi realizada uma oficina sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, que estimulou o diálogo entre os saberes tradicionais e o sistema formal de saúde. Essas atividades, somadas às consultas farmacêuticas e práticas integrativas e complementares em saúde (PICs), formam um conjunto de iniciativas alinhadas às demandas locais.
Para a coordenadora do PPGSC, professora Rachel Melo Ribeiro, o trabalho com os agentes comunitários de saúde foi o eixo central da iniciativa, pois “a maior parte das ações é desenvolvida por meio dos ACS, que atuam como ponte entre a Universidade e a comunidade. Assim, os moradores recebem os resultados das atividades de forma indireta, porém contínua, a partir das práticas e orientações que os agentes aplicam no cotidiano de suas visitas e atendimentos”, explicou.
Segundo ela, o projeto parte do princípio de que fortalecer o conhecimento e a atuação desses profissionais impacta diretamente o bem-estar social. “Dessa forma, os efeitos são percebidos de maneira ampla, sustentável e em consonância com a rotina da atenção básica. Como perspectiva futura, esperamos desenvolver ações mais diretas com a população do entorno da UFMA, Vila Embratel”, explicou.
Contribuições acadêmicas
Além de fortalecer a rede municipal de saúde, a iniciativa também representou um valioso espaço de formação para os estudantes envolvidos. As atividades de extensão permitem a vivência prática dos conteúdos aprendidos em sala de aula, estimulando o desenvolvimento de habilidades técnicas, éticas e humanas essenciais à atuação profissional. A troca constante com a comunidade favorece a construção de uma aprendizagem mais sensível e contextualizada, em que teoria e prática se complementam.
Para os discentes, participar de projetos como esse amplia a compreensão sobre o papel social da Universidade e desperta o compromisso com a promoção da saúde pública, pois desenvolve-se um conjunto de competências técnicas, científicas e socioemocionais, como habilidade de liderança e gestão, comunicação de linguagem acessível, empatia, escuta ativa e sensibilidade social.
O discente do curso de Enfermagem Pedro Linhares, que realizou uma palestra, com os agentes comunitários de saúde, compartilhou sua experiência ao participar da extensão. “A experiência foi engrandecedora. Pude traduzir para os ACS a importância do auxílio à população no caso de infecção pelo vírus HTLV; além disso, tivemos uma troca muito boa, com compartilhamento de experiência deles”.
Essas vivências práticas, segundo a professora Rachel Melo Ribeiro, contribuem diretamente para ampliar as perspectivas profissionais dos participantes. “Essas vivências ampliam a formação dos discentes e os preparam para exercer papéis de destaque na docência, pesquisa e gestão em saúde”, destacou ela.
Com uma carga horária de 180 horas, o projeto prevê também a produção de artigos científicos, cartilhas, relatórios técnicos e materiais audiovisuais, garantindo que a experiência gere conhecimento compartilhado e amplie a difusão científica.
Extensão na pós-graduação
Um dos grandes diferenciais do projeto é o protagonismo da pós-graduação, que tem garantido aos discentes uma vivência direta com a realidade do sistema público de saúde, ampliando e complementando sua formação acadêmica e profissional. Essa experiência reafirma a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, um princípio fundamental da universidade pública, e fortalece a disseminação de conhecimento.
A iniciativa reúne, de forma integrada, os Programas de Pós-graduação em Saúde, todos com o eixo comum de fortalecimento da atenção básica, cada um contribuindo com sua especificidade: o PPGCS atua na interface entre pesquisa biomédica e saúde pública; o PPGSA incorpora a dimensão socioambiental e comunitária das práticas em saúde e o PPGSAD dedica-se ao cuidado clínico do adulto e à promoção da qualidade de vida.
“Além de ampliar o alcance social da Universidade, no seu entorno, essas iniciativas fortalecem a formação de pesquisadores, especialmente os pós-graduandos, com visão crítica, empatia e compromisso com a realidade local. A extensão, quando integrada à pós-graduação, contribui para uma formação mais humanizada, interdisciplinar e transformadora, estimulando que mestres e doutores tornem-se multiplicadores do conhecimento”, explicou Rachel.
Mais do que números e metas, a Extensão em Saúde da UFMA simboliza o compromisso da Universidade em ser um espaço que produz ciência e, acima de tudo, formando profissionais conscientes de seu papel na construção de uma saúde mais justa e acessível.
Por: Giovanna Carvalho
Produção: Sarah Dantas
Revisão: Jáder Cavalcante